Publicado originalmente no Facebook/Carlos Alberto Déda, em
03 de julho de 2018
Artur: Ontem, Hoje e Sempre
Por Carlos Alberto Déda
Essa última semana de junho foi de grande emoção e tristeza
para toda minha família. É que na noite de sexta-feira, dia consagrado a São
Pedro, meu querido irmão Artur Oscar partiu para o reino dos Céus. Seguiu os
ditames da vida e foi ao encontro dos amigos e parentes que também partiram
para outra esfera, deixando imensa saudade.
Artur era um irmão e tanto – este “e tanto” tem um
significado muito especial em minha terra: indica que é o máximo, que
ultrapassa os limites, que é porreta, supimpa. Ele ultrapassava os limites em
preocupação e bondade com todos nós. E liderava toda a família; nos transmitia
muita força e tranquilidade.
Na minha infância, o meu apoio era o irmão Carlos Eugênio
(dois anos mais velho que eu), até o dia em que ele, ainda muito jovem, foi
morar no Rio de Janeiro. Então, daí em diante, o meu protetor passou a ser o
irmão Artur Oscar que, na intimidade de criança, chamávamos de Tutu.
Ele era nove anos mais velho que eu e cuidou de minha
instrução e orientação em conjunto com meus pais. Em todos os momentos
importantes de minha vida, o bom irmão esteve presente, apoiando-me,
orientando-me, confraternizando as alegrias e amparando-me nos percalços da
vida. Um irmão e tanto, que viverá eternamente na minha lembrança e na de todos
nossos familiares.
Há poucos dias, conversávamos sobre assuntos de Simão Dias e
nos lembramos dos vários artigos que ele escrevera para o jornal "A
Semana", sobre cinema, poesia, as diversões da gente de nossa terra e
também sobre futebol.
Ele gostava muito de acompanhar os jogos de futebol. E neste
ponto havia uma ligeira divergência: ele era um grande torcedor do Vasco da
Gama e eu flamenguista. Mas encarávamos isto com muita brincadeira e humor.
Na atual Copa, quando ocorreu uma exaltada discussão sobre o
árbitro do jogo entre Brasil e Suíça, lembrei-me dos velhos tempos em nossa
cidade, quando a seleção brasileira enfrentou a equipe húngara, na Copa do
Mundo de 1954.
Artur acompanhou o jogo pelo rádio na residência do Dr.
Aguiar (Médico cirurgião), que era vizinho de tia Nice, na Rua do Coité. Eu e
os colegas ouvíamos a narração no rádio da barbearia de Seu Zeca Barbeiro
(oficial de justiça da comarca), que ficava perto, quase em frente ao Bar de
Valério.
O Brasil perdeu para Hungria pelo placar de 4 x 2. Fiquei
triste, quase chorando. Mas fui consolado pelo irmão que - seguindo a exaltação
do brasileiro Mário Viana - culpou o árbitro bretão, Mr. Ellis, pela
desclassificação do escrete canarinho. Naquela semana, usando o pseudônimo
AROSDE, ele publicou no jornal (edição de 03/07/54, página 4) o artigo “Mr.
Ellis derrotou o Brasil”.
Era minha intenção no decorrer desta semana escrever aqui
sobre detalhes desses momentos vividos com ele. Não o fiz divido a emoção da
despedida eterna do bom irmão. Mas como a Copa de Mundo é assunto que está em
pauta nos dias atuais, inclusive com abordagens intensas sobre a atuação dos
árbitros, repasso para lembrança de amigos e parentes, o que ele – em seus
vinte e poucos anos de idade – escreveu sobre a atuação do apitador naquela
partida de 1954.
Também repasso tópicos do seu pensamento expresso em
discurso no Tribunal de Justiça de Sergipe, em agosto de 2017, quando foi
homenageado no dia dos pais.
Nestes dias, relembrei com imensa saudade muitos momentos de
alegria vividos como o querido Tutu. Ele sempre foi um irmão e tanto que
permanecerá imortal em nossos pensamentos.
Texto e imagens reproduzidos do Facebook/Carlos Alberto Déda
Link do post original no Facebook > https://bit.ly/2lXZi7I
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