sábado, 7 de julho de 2018

Artur: Ontem, Hoje e Sempre




Publicado originalmente no Facebook/Carlos Alberto Déda, em 03 de julho de 2018

Artur: Ontem, Hoje e Sempre
Por Carlos Alberto Déda

Essa última semana de junho foi de grande emoção e tristeza para toda minha família. É que na noite de sexta-feira, dia consagrado a São Pedro, meu querido irmão Artur Oscar partiu para o reino dos Céus. Seguiu os ditames da vida e foi ao encontro dos amigos e parentes que também partiram para outra esfera, deixando imensa saudade.

Artur era um irmão e tanto – este “e tanto” tem um significado muito especial em minha terra: indica que é o máximo, que ultrapassa os limites, que é porreta, supimpa. Ele ultrapassava os limites em preocupação e bondade com todos nós. E liderava toda a família; nos transmitia muita força e tranquilidade.

Na minha infância, o meu apoio era o irmão Carlos Eugênio (dois anos mais velho que eu), até o dia em que ele, ainda muito jovem, foi morar no Rio de Janeiro. Então, daí em diante, o meu protetor passou a ser o irmão Artur Oscar que, na intimidade de criança, chamávamos de Tutu.

Ele era nove anos mais velho que eu e cuidou de minha instrução e orientação em conjunto com meus pais. Em todos os momentos importantes de minha vida, o bom irmão esteve presente, apoiando-me, orientando-me, confraternizando as alegrias e amparando-me nos percalços da vida. Um irmão e tanto, que viverá eternamente na minha lembrança e na de todos nossos familiares.

Há poucos dias, conversávamos sobre assuntos de Simão Dias e nos lembramos dos vários artigos que ele escrevera para o jornal "A Semana", sobre cinema, poesia, as diversões da gente de nossa terra e também sobre futebol.

Ele gostava muito de acompanhar os jogos de futebol. E neste ponto havia uma ligeira divergência: ele era um grande torcedor do Vasco da Gama e eu flamenguista. Mas encarávamos isto com muita brincadeira e humor.

Na atual Copa, quando ocorreu uma exaltada discussão sobre o árbitro do jogo entre Brasil e Suíça, lembrei-me dos velhos tempos em nossa cidade, quando a seleção brasileira enfrentou a equipe húngara, na Copa do Mundo de 1954.

Artur acompanhou o jogo pelo rádio na residência do Dr. Aguiar (Médico cirurgião), que era vizinho de tia Nice, na Rua do Coité. Eu e os colegas ouvíamos a narração no rádio da barbearia de Seu Zeca Barbeiro (oficial de justiça da comarca), que ficava perto, quase em frente ao Bar de Valério.

O Brasil perdeu para Hungria pelo placar de 4 x 2. Fiquei triste, quase chorando. Mas fui consolado pelo irmão que - seguindo a exaltação do brasileiro Mário Viana - culpou o árbitro bretão, Mr. Ellis, pela desclassificação do escrete canarinho. Naquela semana, usando o pseudônimo AROSDE, ele publicou no jornal (edição de 03/07/54, página 4) o artigo “Mr. Ellis derrotou o Brasil”.

Era minha intenção no decorrer desta semana escrever aqui sobre detalhes desses momentos vividos com ele. Não o fiz divido a emoção da despedida eterna do bom irmão. Mas como a Copa de Mundo é assunto que está em pauta nos dias atuais, inclusive com abordagens intensas sobre a atuação dos árbitros, repasso para lembrança de amigos e parentes, o que ele – em seus vinte e poucos anos de idade – escreveu sobre a atuação do apitador naquela partida de 1954.

Também repasso tópicos do seu pensamento expresso em discurso no Tribunal de Justiça de Sergipe, em agosto de 2017, quando foi homenageado no dia dos pais.

Nestes dias, relembrei com imensa saudade muitos momentos de alegria vividos como o querido Tutu. Ele sempre foi um irmão e tanto que permanecerá imortal em nossos pensamentos.

Texto e imagens reproduzidos do Facebook/Carlos Alberto Déda

Link do post original no Facebook > https://bit.ly/2lXZi7I

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