terça-feira, 10 de julho de 2018

Luciano José Cabral Duarte (21.01.1925 - 29.05.2018)

 Dom Luciano durante a Tarde de Poesia dedicada à  Graziella Cabral ( in-memoriam) em 17.12.2005. Foto acervo ALV

23.10.1981- X FASC - solenidade de reabertura do Museu de Arte Sacra 
São Cristóvão/Sergipe. Foto acervo ALV.

Publicado originalmente no blog Academia Literária de Vida, em 30/05/2018

Dom Luciano Cabral Duarte 

Luciano José Cabral Duarte (21.01.1025 - 29.05.2018)

     Faleceu dia 29 e foi sepultado hoje (30) na Igreja de São Salvador, centro da cidade, o Arcebispo Emérito de Aracaju, Dom Luciano José Cabral Duarte. A fundadora da Academia Literária de Vida, Maria Lígia Madureira Pina, sua ex-aluna na Faculdade de Filosofia, falecida em 2014, sempre dizia do seu bem querer, sua admiração e a sua gratidão ao professor, ao intelectual, ao sacerdote que abriu novos caminhos para a juventude sergipana. Foi como professor universitário, que ele investiu esforços, tempo, estudo, amigos, relacionamento com políticos para fundar a nossa Universidade Federal em maio de 1968, sendo que antes já tinha sido instalas as faculdades de Química, Filosofia, Serviço Social, Economia e Medicina. Anos depois veio o Colégio de Aplicação, destinado a servir de treinamento para os estagiários da Universidade. Sacerdote da Igreja São Salvador por longos anos, depois Bispo Auxiliar de Aracaju e finalmente Arcebispo, sua carreira sacerdotal, social e intelectual tinha respaldo nos estudos pelo Institut Catholique de Paris e o título de Doutor da Universidade de Paris em Filosofia com a mais alta condecoração concedido pela instituição da Sorbonne - “Très honorable”, com a tese “La Nature de I’Intelligence dans le Thomisme et dans la Philosophie de Hume”, Depois publicada em forma de livro. Foi bolsista da Embaixada Norte-Americana. Foi redator e diretor do jornal A CRUZADA, em Aracaju e jornalista correspondente do Brasil para a revista O CRUZEIRO, no Concílio Vaticano II, quando era o Papa João XXIII. Escreveu por vários anos para o Jornal Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo e no Jornal do Brasil. Foi presidente do Conselho Diretor da Fundação Universidade Federal de Sergipe e membro do Conselho Federal de Educação, por vários anos. Foi presidente do Departamento de Ação Social do Conselho Episcopal Latino- Americano, e depois eleito o 1º. vice-presidente deste Conselho.

      Dom Luciano fez parte da minha infância, pois minha mãe o ouvia diariamente, através da Rádio Cultura, (que ele trabalhou junto a Dom José Vicente Távora para instalar) em verdadeiros discursos, mas compreensíveis a qualquer pessoa, discorrendo não só sobre religião, mas dos problemas atuais que afligiam o país. Sua oratória era famosa no mundo inteiro, tinha o dom do improviso, quem o ouvia se encantava, sendo considerado o maior orador sacro do País. Seus livros referendados internacionalmente são prova cabal do seu conhecimento, da vida itinerante pelo mundo, exemplos estão nos livros “Europa e Europeus”, “Europa, Ver e Olhar”. Idealizou e organizou junto com o governo da época, o Museu de Arte Sacra de São Cristóvão, tentou a experiência pioneira de reforma agrária através do órgão PRHOCASE - Promoção do Homem do Campo - as terras doadas pela Cúria ele entregou às famílias por cessão por dez anos com a ajuda de governo do Estado, instituições e amigos. Taxado por uns de comunista, por causa disso, no entanto, era ferrenho defensor da democracia e abominava o comunismo, registrado em seus discursos e escritos, mas foi defendido pela maioria. Provou sua lealdade e princípios ao atender apelos de prisioneiros da ditadura, ao ajudar suas famílias, ao recolher estudantes de dentro dos quarteis e trazê-los para salas de aulas na universidade, graças a sua diplomacia junto aos militares. Membro da Academia Sergipana de Letras, do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe e tantas outras instituições, no Brasil e além fronteiras, sempre honradas com sua presença excepcional.

     Dono de uma memória extraordinária, ironicamente, a doença da qual foi vítima, Alzheimer, o fez prisioneiro do esquecimento. Viveu assim durante muitos anos amparado no carinho e cuidados da  irmã Carmem Dolores que sempre procura cultivar seu trabalho através do Instituto Dom Luciano, reunindo livros, discursos, revistas com suas publicações, fotos e objetos. São demonstrativos da admirável pessoa que nos deixou ante a saudade e nossa eterna gratidão, por tudo que fez em prol do seu povo. Descanse em Paz Dom Luciano.

Carmem, sua missão foi cumprida com amor e abnegação.
Nosso  abraço fraterno
Shirley Maria Santana Rocha – presidente da ALV e demais membros: Maria da Conceição Ouro Reis, Yvone Mendonça de Sousa, Maria Hermínia Caldas, Cléa Brandão de Santana. Josefina Cardoso Chagas, Adelci Figueiredo  Santos, Marlaine Lopes de Almeida, Raylane Andreza Dias Navarro Barreto, Sandra Maria Natividade, Jane Alves Nascimento Moreira de Oliveira, Maria Inácia Santos Dória, Tânia Cristina Santos de Souza, Izabel Cristina Melo dos Santos Pereira, Maria Eunice Guimarães Santos Garcia, Maria Edneide dos Santos Lemos, Maria Zélia da Silva Rocha.

Texto e imagem reproduzidos do blog: academialiterariadevida.blogspot.com

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