Foto: Arquivo JC
Publicado originalmente no site do Jornal da Cidade, em 03 de outubro de 2018
"Éramos amigos"
Um atestado de gratidão a Antônio Carlos Franco
"Já são 15 anos de uma gigante saudade! Como é difícil
falar sobre o que ACF representou na minha vida profissional. As palavras não
expressam a profundidade da minha gratidão. Foram 22 anos trabalhando junto com
uma figura tão forte e inesquecível, que escrever sobre ele ainda me
emociona... Gostaria de escrever algo marcante como ele o foi na minha vida,
mas vou escrever com a gratidão de ter tido o privilégio de tê-lo como meu
amigo. E como ele faz falta não só a mim, mas a todos nós do JC.
O coração dispara, os olhos ficam molhados, as lembranças
bem vivas, levam-me àquele ano de 1981, quando fui chamada por ele para uma
reunião no escritório da Usina Pinheiro. Fiquei ansiosa pelo encontro, pois eu
iria conversar com aquele que era exemplo de caráter, de empresário competente,
vitorioso e, além de tudo, de um charme irresistível. Sonhei um sonho
impossível, e ele se tornou realidade. Fui convidada para trocar de jornal. A
Gazetinha era um sucesso, e ele, com sua visão grande angular na comunicação, fez
uma proposta irrecusável e eu fiz a minha estreia no Jornal da Cidade em grande
estilo: um caderno só meu e com meu nome na capa. Foi a glória!!!
E aí começou uma longa caminhada... Vencemos inimigos
invencíveis juntos – o colunismo tem os seus espinhos, os oportunistas, os
chatos - e, graças aos seus ensinamentos, venci todos. E continuo vencendo com
a leitura fiel dos meus leitores todos os domingos. Ele era exigente, correto,
e a cada reunião de trabalho queria sempre mais. Que a cada domingo eu aumentasse
o caderno, registrasse mais fatos, escrevesse mais notas, acompanhasse as
gerações, criasse polêmica, falasse de tudo e de todos, mas sempre baseada na
verdade. Se fosse uma nota picante, colocasse e desse sempre o molho necessário
para a discussão. Ele me dava força e fôlego para continuar. Com total
liberdade de escrever o que eu quisesse, sem censura. Ele me instigava a
crescer e ampliar meu espaço como colunista. Nesse ponto entrava as notas
políticas que ele reafirmava: “Thaïsinha, noticie todos os fatos políticos de
todos os partidos”. Não media esforços para me ajudar, para galgar novos
degraus na profissão com coragem e sem culpas. E nunca passou a mão na minha
cabeça.
ACF não tinha idade para ser meu pai, mas agia como tal.
Ensinou-me no colunismo a me fazer respeitar, a ganhar dinheiro valorizando o
meu espaço fazendo a parte publicitária do Caderno TB. Aprendi a correr atrás,
a criar cadernos especiais para faturar além do salário de jornalista e, graças
ao seu apoio e incentivo, fui vencendo sempre, crescendo a cada ano com muito
suor e dedicação, e bastante consciente do mundo em que vivo. Eu conquistei o
meu espaço. Ele dizia que glamour e spothlights fazem apenas parte do cenário
em que sou personagem, e queiram ou não fundamentais. Mas que o que é válido
mesmo é o nosso conteúdo como pessoa. Ele sabia quem eu sou! A verdadeira
“Thaïsinha gente boa”, como costumava falar. O resto é lenda...
A fortuna e o poder de vários amigos com quem eu convivo
nunca me intimidaram a ser natural e a não me deslumbrar. Durante todos os anos
de convívio fui grata a ACF pelos conselhos e ponderações na hora certa. Dicas
preciosas de alguém que me queria bem. Íntegro, super família, que tinha na
esposa, Tereza, e nos filhos, Albano, Marcos e Osvaldo, o seu eixo, a sintonia
de vida. E que também sempre me deram carinho e atenção como ACF. Vivi e vivo
com os pés no chão, com gratidão aos que me deram apoio. ACF sempre me permitiu
falhar e renascer mais forte, mais audaciosa e menos agressiva. Afinal, em 22
nos de convivência, a gente abre o coração. Existiu até um pouco de ciúmes nos
bastidores do JC, pois alguns baluartes do jornalismo achavam que eu era
protegida por ele, que sempre me chamou carinhosamente de “Thaïsinha”. O que
ouviam dele como resposta é que eu era profissional, responsável e
trabalhadora.
Não foi à toa que, no ano 2000, ao igualar o JC aos grandes
jornais do mundo inteiro em modernidade e tecnologia, para valorizar a sua
equipe de trabalho, me convidou a fazer parte do Conselho de Redação do jornal
e os demais membros à época, Luiz Eduardo Costa, Osmário Santos e Hugo Costa,
com a presença de ACF, fui eleita a diretora deste Conselho, ao lado dos
grandes. Que honra!
Portanto, quero deixar aqui o meu atestado de gratidão a
ACF, pelo que sou hoje como profissional, recheado de carinho e saudade da sua
figura ímpar, reconhecimento e admiração pelo chefe que ele foi. E porque não
dizer, um prêmio que eu ganhei como jornalista ao ter ido trabalhar com ele no
JC.
A ACF devo minha vitória financeira, o lugar ao sol no
jornalismo sergipano, pois sem um grande órgão de comunicação para nos ancorar,
é bastante difícil chegar onde cheguei, vitoriosa! E foi através de sua maneira
dura e firme de valorizar o meu trabalho, que tudo tornou-se possível, porque
em nossos sonhos nunca houve nada além de uma grande amizade e muito,
muitíssimo respeito e admiração mútuas. Uma amizade tão especial como a nossa é
um tesouro que se guarda no coração. E, mais uma vez, Antônio Carlos Franco,
obrigada por tudo! Por você ter sido uma luz na minha vida de jornalista. E lá
se vão 40 anos... Graças a Deus!"
Texto e imagem reproduzidos do site: jornaldacidade.net/thais-bezerra
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