sexta-feira, 24 de outubro de 2025

Que Sergipanidade é essa?

Imagem reproduzida do Facebook/Fan Page/E-Sergipe Governo de Sergipe 
e postada pelo blog SERGIPE, para ilustrar o presente artigo

Artigo compartilhado do BLOG CLÁUDIO NUNES/INFONET, de 24 de outubro de 2025

Blog Cláudio Nunes: a serviço da verdade e da justiça

“O jornalismo é o exercício diário da inteligência e a prática cotidiana do caráter.” Cláudio Abramo.

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Um texto de Carlos Nascimento, Sergipaníssimo, Mestre em Gestão de Políticas Culturais, que merece uma reflexão profunda hoje, 24 de Outubro, Dia da Sergipanidade:

Que Sergipanidade é essa?

Quando décadas atrás Pinga e Walter, assim está gravado no compacto da Fonopress, compuseram “Sergipano Bom”, eles definiram o que, para eles, eram as características de um bom sergipano, e assim era cantado:

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“Para ser bom sergipano

É preciso ser bacana

Não dar bolas para o azar

É torcer pelo SERGIPE

Bater papo lá no Chic

Ir à praia farrear

Sergipano bom

Sergipano legal

Tem que gostar de praia,

Futebol e Carnaval”

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Naqueles tempos, a discussão sobre identidade cultural era restrita a uns poucos círculos acadêmicos. Não que hoje seja diferente, porém vez ou outra ela extrapola esses limites, e vem a inexorável pergunta: o que identifica um sergipano? Ou, muitas vezes, surge a afirmação: “Sergipano não tem identidade”.

A questão não é simples, até mesmo porque parte de dois termos abstratos e acadêmicos: identidade e cultura, os quais, juntos, expressam um conceito muito mais ideológico.

Quando em 2020 decidimos colocar no calendário cultural o Dia da Sergipanidade, o objetivo era muito mais provocar uma reflexão do que uma simples celebração em um só dia, ou semana. Assim estava no primeiro projeto que foi apresentado ao então Conselho de Turismo do Polo Costa dos Coqueirais. Hoje, a data se enche de discursos cheios de obviedades.

É preciso marcar que celebrar a sergipanidade é celebrar a contradição, pois a identidade de um povo não é monolítica. Ela é fluida, plástica, porém, em nome dessa fluidez, não se pode admitir que seja simplesmente diminuída por forças e interesses estranhos. Parafraseando Mahatma Gandhi: “Eu não quero que a minha casa seja murada por todos os lados e as minhas janelas sejam vedadas. Quero que a cultura de todas as terras seja soprada pela minha casa o mais livremente possível. Mas me recuso que ela seja derrubada por uma brisa qualquer”.

É necessário ter consciência que não existe cultura mais rica que outra, ou mais “certa” que outra, e que não podemos esconder o nosso modo de ser, porque há quem o ache mais pobre ou errado. Isso acontece especialmente no falar, que é mais mutável. Às vezes me estranham porque ainda falo palavras como “bola de assopro”, ao invés de “bexiga”, “sinaleira” no lugar de “semáforo”, “arraia” e não “pipa”, ou ainda “macacão” quando falam “amarelinha”. É sobre essa resistência que Gandhi falava.

Hoje, quando assisto aos programas locais de TV, muitas vezes não me reconheço na linguagem pasteurizada que é imposta pelas cabeças de redes às suas afiliadas, mas que nem todas aceitam, especialmente as do Sul e do Sudeste.

É o reconhecer-se, o sentido de pertencimento, independentemente do local de nascimento, que serve de amálgama para um povo. É ver-se refletido nos outros, compartindo modos de sentir e agir. É um conjunto de vários traços que define a sergipanidade, mesmo que nem todos eles sejam compartilhados em todos os rincões do estado, mas sempre haverá aspectos mais comuns que os outros que nos definem.

Texto reproduzido de post do blog Cláudio Nunes, hospedado no site: infonet com br

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