Publicado originalmente no site Agência Sergipe, em 10 de
Julho de 2015.
A influência da cultura afro-brasileira para formação
sergipana.
As comunidades quilombolas e o folclore de origem africana
são tradições características presentes na Sergipanidade.
Leonardo Tomaz, estagiário da ASN
O território sergipano possui inúmeras manifestações que
garantem uma identidade chamada ‘Sergipanidade’. A cultura afro-brasileira é
uma dessas manifestações e tem fortes influências para a formação dos cidadãos
e comunidades na capital e interior do estado. São grupos folclóricos de origem
africana e 29 comunidades quilombolas remanescentes reconhecidas pela
Secretária de Estado da Inclusão Social.
Para o Mestre em Comunicação e Cultura e professor de
história, Antônio Bitencourt, a indenidade cultural que forma a sergipanidade
tem fortes aspectos na religião e folclore dos povos africanos. “Como em todo
Brasil, a presença da cultura africana tem forte aspecto na identidade
cultural. Em Sergipe, as tradições que temos da origem negra são resultantes da
presença dos africanos, que vieram para cá na condição de escravos, e
fortemente marcada pela influência religiosa hoje tão presente na identidade
sergipana”, afirma, dizendo a importância da sergipanidade para formação de
cidadãos, “é preciso que conheçamos a cultura do nosso estado, folclore e comunidades
que preservam manifestações características”.
As manifestações características presentes em Sergipe,
representadas em diversas tradições, trazem o folclore como representante
desses costumes. Tendo as mais variadas origens que formam a cultura popular e,
colocam em evidência as influências afro-brasileiras para a formação da
sergipanidade.
De acordo com o assessor Executivo da Secretaria Estadual de
Cultura (Secult), Irineu Fontes, a formação da sergipanidade com expressão
afro-brasileira corresponde à forma de pertencer a um ciclo social. “O sinônimo
de pertencimento move a identidade de um povo. Por isso a necessidade de
desvendar a cultura da nossa comunidade, bairro ou município. Somente em
Laranjeiras, são mais de 20 grupos folclóricos de todas as origens, comunidades
quilombolas, terreiros de candomblé, danças, artesanatos, música de qualidade,
ou seja, a sergipanidade está aí, basta o interesse em disseminar”, afirma
Irineu.
Folclore em Laranjeiras
A cidade histórica de Laranjeiras é palco de muitas
manifestações da Sergipanidade. Preserva a cultura popular através de festivais
de música e grupos folclóricos na maioria de origem africana, representada com
a originalidade e expressão do nordestino. Alguns dos grupos são os Reisados,
Taiera, Cacumbi, os Fogueteiros, Chegança, Samba de Coco, Samba de Parelha, São
Gonçalo e, os Lambe-sujos, de origem quilombola que mostra a luta do negro pelo
espaço conquistado.
O representante cultural de Laranjeiras e Mestre dos
Lambes-sujos, Zé Rolinha, como é conhecido, está à frente de três grupos
folclóricos de Laranjeiras e destaca o valor cultural dos Lambes-sujos para os
sergipanos. “Somos o maior grupo folclórico, e talvez o mais conhecido do
estado, tenho muito orgulho de falar da nossa cultura pelo fato de morar em um
município que ela é tão viva, não só para os grupos que lidero, mas também pelos
outros que disseminam o folclore local”, coloca.
Folclore em Lagarto
Já no centro-sul sergipano, o município de Lagarto também
não deixa de preservar a tradição folclórica. De acordo com assessoria da
prefeitura de Lagarto, no decorrer dos anos, alguns grupos foram extintos por
conta da falta de interesse da população.
Um dos grupos tradicionais que mantém atividade em Lagarto
são os Parafusos, também de origem africana, retrata a fuga dos escravos para
quilombos. Ao passarem pelas vilas, eles roubavam anáguas de linho com babados
das senhorinhas. Depois de serem libertados, desfilavam pelas ruas da cidade
com as vestes.
Comunidades quilombolas
Das 29 comunidades quilombolas existentes em Sergipe, a
Maloca, situada na região central de Aracaju, também preserva as manifestações
locais.
O líder comunitário da Maloca, Luiz Bonfim, diz ser de
extrema importância tratar de assunto como este, no que diz respeito à
identidade, e colocar como exemplo a Maloca pelo valor cultural para os
moradores. “A nossa comunidade por ser o primeiro quilombo urbano de Sergipe e
o segundo do Brasil, com todos os seus traços de africanidade, jamais poderia
ficar fora de uma discussão como essa da sergipanidade, pela influência e
contribuição cultural para Aracaju”, coloca.
Membro da pesquisa sobre comunidades quilombolas em Sergipe,
José Pedro dos Santos Neto, diz que a memória cultural de uma sociedade não
pode ser esquecida. “Tudo que o povo tem de bom é a história, e o cultivo
dessas manifestações são importantes para mantê-la viva, os povos africanos
sempre fizeram isso por meio dos levantes tracionais, como uma forma de ser
notado e mostrar para os governantes que eles também precisam de atenção”,
finaliza.
Texto e imagens reproduzidos do site: agencia.se.gov.br
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