Atalaia na transição dos anos 80 para 90.
Atalaia dos anos 70.
Passarela do Caranguejo.
Portal de entrada da Atalaia.
Rede hoteleira e infraestrutura.
Publicado originalmente no Portal Infonet, em 25 de maio de 2017.
Praia do Atalaia (SE): De mirante a cartão-postal.
História sobre o topônimo do principal cartão-postal de
Aracaju
Você sabia que o maior cartão-postal de Aracaju foi um
pequeno vilarejo longe do centro da Capital e que lá estava instalado um
mirante para avistar embarcações? A praia do Atalaia ou praia da Atalaia tem
uma história bem interesse e é lá onde se concentra um dos principais polos de
interesse turístico da capital e produto turístico de Sergipe. De mirante
“Atalaia do Cotinguiba” a vilarejo de pescadores, de farol do Atalaia a região
mais turística da cidade, o bairro Atalaia é um dos que mais cresce e se
verticaliza na atualidade, possuindo bons restaurantes, rede hoteleira,
agências de viagens e uma das orlas mais estruturadas do Brasil.
O Tô no Mundo faz um passeio pela origem do nome da praia e
mostra como a construção da orla à beira-mar é considerada um dos principais
indutores de turistas para Sergipe.
Monumentos, lagos, calçadões, aparelhos de ginástica e de
lazer, melhor rede hoteleira do estado, nada tem a ver com a Atalaia de
outrora. Conta a história que o topônimo (nome de um lugar) Atalaia remete a
pessoa que ficava a postos em um mirante a observar as embarcações que entravam
e saiam na denominada barra do rio Cotinguiba. Nos idos de 1848 um “atalaia”
(homem) ficava de espreita, de guarda e de guarida em uma plataforma coberta,
visualizando um local ainda ermo, sem atrações e com um mar que sem ele prever
seria um dos principais atrativos da localidade. Daí o nome de mirante do
“Atalaia do Cotinguiba”.
Em 1854, por necessidade de resguardar a segurança da
localidade, o presidente da Província de Sergipe, Inácio Barbosa, remeteu ao
Governo Geral uma planta com o orçamento para construção de um farol na foz e
margem direita do rio Cotinguiba.
Em 1860, foi encomendada da Inglaterra uma lanterna e
acessórios para serem colocados em uma torre de madeira que servia de sentinela
no mirante do Atalaia do Cotinguiba. A lanterna foi instalada em 17 de janeiro
de 1861, sendo inaugurada no dia 12 de outubro do mesmo ano.
Em 1881, a atalaia de “madeira pintada de preto” ameaçou
ruir. O diretor de Faróis, capitão-tenente Pedro Benjamim Lima, solicitou a
substituição por uma torre de cantaria ou alvenaria com 25 metros de altura. O
pedido não foi atendido.
Em 27 de março de 1884, um incêndio consumiu o mirante de
madeira. No mesmo ano foi providenciada uma torre provisória que funcionou até
1886, quando teve início a construção de uma torre metálica que receberia um
aparelho luminoso, ambos (ferro e equipamentos) oriundos da França. A nova
estrutura foi inaugurada no dia 7 de setembro de 1888, denominada de Farol da
Atalaia, hoje fincado no bairro da Farolândia.
“O farol consistia numa torre metálica de forma troncônica
sob esteios de rosca (sistema Mitchel), tendo na base a casa dos faroleiros e
no cume um aparelho lenticular que utilizava o querosene como fonte de energia.
A luz branca cintilante poderia ser vista a 17 milhas da costa em tempo claro”,
conta os pesquisadores Amâncio Cardoso e de Francisco José Alves no texto
“Memorial da Atalaia”.
Aos poucos, a região paradisíaca do final do século XIX
transformava-se numa povoação de casas de palhas de pescadores, lavradores,
colhedores de coco, vendedores de beijus das feiras da Aracaju de outrora, que
atravessavam de barco o rio Poxim para chegar na região mais central.
É somente a partir da década de 1930 que a bucólica Atalaia
se transforma em frequentado balneário, e muitos afortunados da época passaram
a construir suas casas na localidade para veranear.
Com as mudanças econômicas e culturais das décadas de 50 e
60, além da considerada transformação social do hábito de tomar banho de mar na
cura das enfermidades para somente banhar-se por lazer e diversão, a região
litorânea passa a ser mais valorizada e frequentada. Essa mudança de hábito
ocorria em todo o mundo, não somente na pequena atalaia de outrora; e o que
antes eram pontos de convergência de cidadãos querendo a cura de seus males,
transformava-se em um grande ponto de convergência de pessoas procurando a
balneabilidade por lazer.
A praça Alcebíades Paes, localizada ao centro do povoado da
Atalaia, atraiu habitantes nas primeiras décadas do século XX e infraestrutura
para mantê-los não veraneando, mas morando na localidade. Nesse local, o governo
de Sergipe construiu o Palácio de Veraneio projetado pelo arquiteto alemão
Altanech, que se estabeleceu em Aracaju e construiu diversas casas, mudando a
face do pequeno povoado e até da cidade de Aracaju.
Uma construção de uma ponte velha de madeira sobre o rio
Poxim, que futuramente daria estrutura para a construção da ponte que é hoje,
na região do Parque dos Cajueiros, encurtou as distâncias e favoreceu a elite
econômica, que tinha transporte, a iniciar também o processo de povoamento do
povoado para transfigura-lo como o bairro Atalaia.
Só em 1954 que o povoado Atalaia, de sob jurisdição de São
Cristóvão, passa a pertencer a Aracaju. A estrada e a ponte aquecem cada vez
mais o balneário de veranistas e logo o que era um povoado de pescadores se transforma
em um bairro de Aracaju, com relativa infraestrutura urbana.
Nos anos 70 e 80, a expansão urbana se deu por conta da
instalação do Tecarmo – Terminal Marítimo de Carmópolis, além dos conjuntos
habitacionais Beira-Mar e Santa Tereza. O loteamento Aruana e a Coroa do Meio
vieram depois e são marcos também para a habitação do bairro Atalaia. Em 1977,
a construção da ponte Godofredo Diniz foi erguida cortando o rio Sergipe para
encurtar a distância de chegada do Centro para a Atalaia por um novo bairro a
surgir na época, o bairro Coroa do Meio.
Entre os finais do século XX e início do século XXI, a
Atalaia movimenta a construção civil com o aporte de hotéis, restaurantes,
reurbanização de ruas e construção da orla, hoje considerada a principal área pública
de lazer, tanto de sergipanos quanto de turistas.
O mirante do Atalaia deu lugar a outros equipamentos: à
região dos Lagos, os monumentos dos Descobridores do Brasil, Passarela do
Caranguejo, além da urbanização mais proveniente por conta da zona de expansão
de Aracaju, já que o povoado Atalaia iniciava na margem do rio Poxim e ia até a
desembocadura do rio Vaza-Barris.
Do Oceanário do Tamar a hotéis estrelados, de restaurantes
com cozinha criativa internacional à regional, a Atalaia passa de reduto de
pescadores à atração turística de Sergipe. Eis um bom motivo para conhecê-la.
Fonte principal: “Memorial da Atalaia”, artigo publicado no
Jornal da Cidade de autoria dos pesquisadores Amâncio Cardoso (professor dos
cursos de Turismo do IFS e sócio do IHGS) e de Francisco José Alves (professor
do Departamento de História da UFS e sócio do IHGS).
Fotos: Domínio público/ Internet/ acervo
sergipeantigo.com.br. Atuais: Silvio Oliveira
Contato: silviooliveira@infonet.com.br
Face: @tonomundo
Texto reproduzido do site: infonet.com.br/blogs/silviooliveira
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