Legenda da foto: Imagem reproduzida do blog clodoaldoalencar e postada pelo blog
Texto publicado originalmente no Perfil do Facebook de Paulo
Roberto Dantas Brandão, em 14 de março de 2021
Por Paulo Roberto Dantas Brandão
Não lembro mais o ano, talvez 1990, ou algo assim. Havia no Rio de Janeiro um seminário
internacional de Política Econômica, organizado por Teotônio dos Santos. Lá estariam diversos festejados economistas e
cientistas sociais ligados à esquerda.
Revolvi ir, e consegui reunir alguns colegas. Lembro que Paulo Barbosa de Araújo e Antônio
Vieira da Costa foram comigo. O
seminário era no Hotel Glória, mas como era um cinco estrelas bem caro, ficamos
no Hotel Novo Mundo, bem pertinho, e bem mais barato. Outra lembrança é que naqueles dias, no Rio,
estava fazendo um incomum frio. Era um
frio de rachar.
Lá no Seminário encontrei o então reitor da UFS professor
Clodoaldo Alencar Filho. Quando me viu,
cumprimentou-me efusivamente. E sempre
que não estava em algum compromisso, estava lá batendo um papo comigo, e com
meus companheiros.
No primeiro dia na hora do almoço, Alencarzinho me pegou
pelo braço, e disse vamos almoçar ali. O
ali, era o Restaurante do próprio Hotel.
Seus companheiros de mesa, eram diversos dos intelectuais convidados
para palestrantes do evento, tais como Ernest Mandel, economista presidente da
IV Internacional Trotskista, e autor de “O Capitalismo Tardio”; Enrique Iglesias, então diretor da CEPAL,
Comissão Econômica para a América Latina, e entre outros que minha memória
trai, estava Rui Mauro Marini, economista brasileiro que era professor da
Universidade Autônoma do México. Só aí
fiquei sabendo que Marini havia sido casado com uma sergipana, e seus filhos
moravam em Aracaju, que por coincidência eu os conhecia.
No outro dia, mais uma vez Alencar me convidou a
almoçar. Dessa vez sua mesa era bem
menor. Quem estava era simplesmente
André Gunder Frank, celebrado economista desenvolvimentista. O alemão Frank foi
um dos criadores da teoria da dependência, com o próprio Theotonio dos Santos,
e foi autor do celebrado livro Acumulação Mundial que eu já havia lido. Frank morou no Brasil, foi professor da
Universidade de Brasília, a convide de Darci Ribeiro, e disse-me então que um
dos seus filhos nasceu no Brasil.
Batemos um largo papo, graças a Alencarzinho. Pude assim conversar com um daqueles caras
que a gente ouvia falar, e de forma distante lá nos tempos da Faculdade.
Conheci o Professor Alencar ainda como repórter da
Gazeta. Ele era Assessor de Imprensa da
UFS, e me recebia sempre com presteza e de forma cortes. Depois eu fui para o Instituto Euvaldo Lodi,
da Federação das Indústrias, que tinha como missão a integração
universidade-empresa, exatamente quando Alencar era Reitor da UFS, e
estreitamos ainda mais os nossos laços.
Só posso dizer que a morte de Clodoaldo Alencar Filho, um
dos intelectuais mais festejados da nossa terra é uma grande perda. Foi-se um grande sujeito.
Texto reproduzido do Facebook/Paulo Roberto Dantas Brandão
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