Publicação compartilhada do site INFONET, de 19 de julho de
2021
Por Raquel Almeida (do blog infonet)
No último sábado completamos uma década sem Cleomar Brandi. Como passou rápido!
Para quem não conhece, Cleomar (Cléo para os íntimos) foi um
dos mais queridos e competentes jornalistas sergipanos. Baiano com coração
dividido por Sergipe, Brandi veio a Aracaju para compor a equipe que colocaria
no ar a única emissora de televisão pública do Estado, a TV Aperipê.
Mas ele passou também por diversos outros veículos de
comunicação, como a TV Sergipe, TV Jornal, Delmar FM, Jornal de Sergipe, TV
Caju e, por muito tempo, foi pauteiro do Jornal da Cidade. Além de ter sido
correspondente da revista Veja e atuado na diretoria de Comunicação do Tribunal
de Justiça de Sergipe (TJSE).
Sem desmerecer toda a importância do seu trabalho
jornalístico, hoje quero escrever sobre a saudade que sinto dele. Do amigo
carinhoso que gostava da minha companhia no bar, mesmo sem eu beber uma gosta
de álcool. E como eram deliciosas as tardes com ele! Naquelas mesas de bar
saiam novas pautas, crônicas e letras de músicas. Todos que se sentavam ou
passavam acabavam participando, seja como fonte, personagem ou como um simples
insight.
Sinto falta das suas ligações nos meus plantões de trabalho
falando “Larga tudo aí e vem para o Pastelão! Já mandei fazer um peixe para
nós. Hoje não vai ocorrer mais nada tão grave que mereça uma capa (de jornal)!
Desce que Paulinho tá vindo com o violão pra cá também!”.
Sinto falta das conversas sobre política ou dos últimos
acontecimentos da cidade; dos seus conselhos profissionais; das amizades que
fazia com as mesas vizinhas; das poesias que me escrevia ali mesmo em
guardanapos e declamava com alegria.
Cléo não era uma pessoa comum. Basta saber que ele deixou
paga a última saideira no bar do Camilo, que fica na Coroa do Meio, para que
seus amigos brindassem como ele viveu e não chorasse a sua morte. E “A última
Saideira” é também o título de uma de suas crônicas que o leitor pode ler na
parede deste mesmo bar.
Cléo era um boêmio inveterado, um amante da vida, da
escrita, das artes, de um bom conhaque, e, sem esquecer das mulheres,
apelidadas carinhosamente por ele como ‘lobas’. Um cronista maravilhoso! Suas
linhas faziam do cotidiano uma peça de reflexão e diversão para seus leitores.
Ele brindava diariamente, mesmo após todas as adversidades
que a vida lhe impôs. E sempre me dizia para eu levar a vida com menos
seriedade. “Só viva, nem se preocupe, ela vai lhe sorrir”, me dizia.
Tem pessoas que passam por sua vida e deixam marcas, com
certeza ele deixou as melhores em mim.
Saudade, amigo.
Aqui o texto que escrevi há dez anos.
Texto e imagens reproduzidos do site: infonet.com.br
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