sexta-feira, 25 de maio de 2018

O Centenário de João Cardoso (1918 – 2018)


Publicado originalmente no blog de Samarone, em 24 de maio de 2018

O Centenário de João Cardoso (1918 – 2018)

Por Antônio Samarone

Numa manhã chuvosa, lá para os idos de 1981, recém-chegado da residência médica em Saúde Pública, (“sem parentes importantes e vindo do interior”), bati na porta do velho reitor João Cardoso. Fui recebido num pequeno apartamento, com fidalguia, generosidade e atenção, como se fosse um velho amigo. Tinha sido apenas seu aluno. Contei os meus sonhos e dificuldades, e ele me ouviu pacientemente. Em Aracaju há seis meses, morando de favor no Leite Neto, eu precisava trabalhar. Ali eu entendi o que me contavam sobre ele, um homem carinhoso com os angustiados.

Conheci o João Cardoso que na juventude tinha sido simpatizante do Partido Comunista. Torcedor do América, no Rio de janeiro. Um agnóstico convicto. Amigo íntimo dos arcebispos Dom José Vicente Távora e Dom Hélder Câmara. João Cardoso foi exemplo de equilíbrio e conciliação. Pediatra, especializado em puericultura, amigo irmão dos colegas José Machado de Souza e Sílvio Santana. João Cardoso era desprovido de ambições materiais.

Fui seu aluno de Saúde Pública, onde ouvi pela primeira vez um conceito abrangente de Saúde, e da sua relação com a economia. Ele pregava a racionalização da atenção à saúde pela via do planejamento. “A demanda é infinita e os recursos limitados. Administrar é definir prioridades”. Era essa a sua lição de João Cardoso. Um professor de cultura enciclopédica. Um erudito humilde. Em minha curiosidade juvenil, perguntei-lhe certa ocasião o que era homeopatia. Ouvi quase uma conferência com resposta. Reconheço a sua influência na escolha de minha especialização.

João Cardoso foi o primeiro reitor da UFS, entre 1968 e 1972. Logo após o AI -5 e o 477. Tempos sombrios. A pressão do comando militar do Leste foi intensa, para que ele expulsasse os estudantes considerados comunistas. E não eram poucos. Ele abriu a investigação e engavetou. Recebeu pressão para prejudicar alguns professores, entre eles Luiz Rabelo Leite, Gonçalo Rollemberg e Silvério Fontes, mas João Cardoso resistiu. Chegou a enfartar, por conta das pressões, mas não cedeu. Na prática, merecia o título de magnífico.

Entre os estudantes visados pelos militares citava-se João Augusto Gama da Silva, Wellington da Mota Paixão, Benedito de Figueiredo, Moacyr Soares da Mota, Abelardo Silva de Souza, Wellington Dantas Mangueira Marques, Jackson Barreto, Jonas da Silva Amaral, Antonio Jacintho Filho e Francisco Varela. Entre outros.

Nas comemorações de sete de setembro de 1970, no palanque do desfile militar em Aracaju, o General Abdon Sena, comandante da 6ª Região Militar, fez cobranças públicas ao reitor João Cardoso, chamando-o de ingênuo, e exigindo providências contra os subversivos, que segundo ele, infestava a universidade em Sergipe.

João Cardoso foi intimado a comparecer na Bahia, no prazo de quinze dias, levando a comprovação do cumprimento das exigências militares, para a expulsão dos subversivos. João decidiu que não se dobraria, marcou a audiência para dizer não, e deixou instruções com o advogado da UFS, Stefânio de Farias Alves: se até amanhã eu não entrar em contato, distribua uma nota com a imprensa dizendo que o reitor de Sergipe está preso.

No final da gestão como reitor, pela firmeza, habilidade e competência como exerceu a difícil missão, João Cardoso foi convidado pelo Ministro da Educação, Jarbas Passarinho, para continuar no cargo, por mais um mandato. João Cardoso respondeu de pronto: - Ministro, não fica bem, nem para mim nem para o senhor. E agradeceu!

Entrei na UFS em 1974, não alcancei João Cardoso como reitor, mas recebi os cuidados de Antonia Edurvalina Nascimento. A assistente social dona Durvalina, que cuidava dos meninos pobres das repúblicas universitárias, nome pomposo para as casas que nos abrigava. Muitos conheceram João Cardoso através de Durvalina, sua auxiliar por muitos anos.

Muitos estudantes carentes se tornaram professores de biologia, física, química, matemática, por intermediação dela, no período que João Cardoso foi Secretário de Educação do Estado, no Governo de Paulo Barreto. Naquele tempo podia. Pela intervenção de Durvalina, eu me tornei professor do Arquidiocesano, o que viabilizou a minha permanência no curso de medicina.

João Cardoso do Nascimento Junior era um humanista por formação e caráter. Lembro-me que ele citava com frequência, em latim, uma frase famosa de Publius Terentius, insígnia do humanismo: “Homo sum: nihil humani a me alienum puto”. Por coincidência, frase também citada por Karl Marx e Machado de Assis. João Cardoso, envelheceu e morreu entre os livros.

Texto e imagem reproduzidos do blogdesamarone.blogspot.com.br

terça-feira, 15 de maio de 2018

De agricultor a escritor de sucesso: Saracura recorda trajetória...


Publicado originalmente no site do Cinform, em 14 de maio de 2018

De agricultor a escritor de sucesso: Saracura recorda trajetória e incentiva a literatura

Por Fredson Navarro 
  
“De um modo em geral as pessoas não valorizam as obras”, lamenta

O escritor Antônio Francisco de Jesus foi batizado como Saracura em referência ao nome do sítio em que nasceu e morou, localizado no Povoado Terra Vermelha, no município de Itabaiana. Saracura estudou em escolas rurais e trabalhou como agricultor durante sua infância. Em seguida se mudou com a família para Aracaju, estudou no Colégio Atheneu Sergipense e se formou em Economia na Universidade Federal de Sergipe, iniciando sua carreira como escritor aos 62 anos, em 2008.

“Ainda estudei na Universidade do Distrito Federal e Universidade Cândido Mendes. Fui repórter do Jornal A Cruzada e apresentador da Rádio Cultura de Sergipe. Desenvolvi diversas atividades, mas a minha relação com a literatura começou muito cedo”, conta.
Saracura disse que a literatura faz parte da sua vida desde criança. “Desde os meus 5 anos de idade eu ficava encantado com os romances de cordel que meu avó materno lia. Ele morava em um povoado de Itabaiana, nas Flechas. Aos domingos, vinham filhos, netos e vizinhos e meu avô declamava João Grilo, Pedro Malazarte e Pavão Misterioso. O mundo em volta desaparecia. Aos 12 anos, fui enviado ao seminário e me envolvi com bibliotecas, jornais, muitos livros. Ao sair do seminário, trabalhei em jornais e rádio nas bandas culturais. Nunca mais parei de ler e de escrever, mesmo quando a vida me jogou em outros mundos”, garante.


Carreira

O escritor já lançou seis obras, são elas: Os Tabaréus do Sítio Saracura (2008), Meninos que não queriam ser padres (2011), Minha querida Aracaju (2011), Tambores da Terra Vermelha (2013), Os Ferreiros (2015) e Os curadores de cobra e de gente (2017).
Saracura é membro da Academia Sergipana de Letras, da Academia Itabaianense de Letras e da Associação Sergipana de Imprensa.
“O primeiro livro que escrevi foi um livro técnico de informática tratando do bom funcionamento de um centro de processamento de dados. Teve edição restrita à empresa onde eu trabalhava. O primeiro livro publicado para o mundo foi um romance, ‘Os Tabaréus do Sítio Saracura’. Eu já estava aposentado há oito anos e pude redigir, compilar e depurar textos produzidos desde a adolescência”.

O escritor explica como define o conteúdo de seus livros. “As obras falam de gente boa, do cotidiano de um povo lutando para viver dignamente, mesmo atrapalhado pelos governos equivocados e prejudicado pela natureza adversa. Os livros têm um objetivo sagrado: mostrar ao mundo que aqui na minha aldeia, Itabaiana, vive um povo inteligente, inventivo e digno: fazer um povo invejado pelo modo de ser”.

Desafios
O escritor disse que o maior desafio é encontrar leitores para as suas obras. “Em 2014, começamos o programa de trabalho, ‘O escritor na livraria’, que leva escritores às lojas e os faz interagir com os leitores que circulam nelas. Tem sido muito frutuoso. Tornamo-nos conhecidos dos leitores e livreiros. E aí vendemos mais livros. Até quando não estamos presentes nas lojas. Há outros desafios, mas todos seriam irrelevantes se muitos leitores houvessem. De um modo geral, as pessoas não valorizam as obras. Mesmo quem frequenta as livrarias age como se o livro fosse um supérfluo e reluta em comprar. Satisfaz-se admirando de longe, como se fosse uma estrela”, lamenta.

“Mas há leitores que sabem valorizar os bons livros e muitos compram, até livros de autores sergipanos. Passei a vida inteira lendo bons livros, observando a vida, ouvindo e anotando histórias de minha mãe e de todos que se dispunham a contar. Agora, preciso apenas de tempo e serenidade para construir a obra literária que planejei. Falta muito ainda, acho que não vai dar tempo, estou com 72 anos.”

A falta de recursos é outro desafio enfrentado pelos escritores sergipanos. “Consegui patrocínio para lançar apenas a primeira edição de um livro. As primeiras edições dos demais livros, eu publiquei com ajuda da família e amigos. A internet, os blogs, as redes sociais têm ajudando muito da divulgação dos livros publicados e desperta o interesse de mais leitores para nossas obras. Observamos que mais gente lê hoje. O mercado parece estar em expansão. Ou seria ilusão de ótica?”, questiona.


Incentivo

Saracura disse que nunca é tarde para começar e orienta como ser um escritor de sucesso. “É necessário ler muito para construir um livro superior ao melhor livro lido para não ser mais um perdido na barafunda. Uma dica importante é não ter pressa e nem pena em reescrever, em decepar trechos que parecem sobrar. A obra deve ser submetida a um revisor intransigente e que seja humilde. Palavras, frases, trechos sempre podem ser melhorados. Só publique quando sentir orgulho de sua obra. Quando o livro quebrar os laços que o prendem a você. Quando não tiver mais jeito de segurá-lo. Publicar é uma decisão conjunta e de foro íntimo. Leia livros de autores sergipanos”, recomenda.

O próximo livro de Saracura ainda não foi definido. “Mas vai ser um livro irresistível. Que tenha um título tentador e um conteúdo apaixonante, em cada frase lida provoque um grito de louvor”, finaliza.

Texto e imagens reproduzidos do site: cinform.com.br

sábado, 12 de maio de 2018

Rochinha lembrando um exemplo de ontem


Publicado originalmente no Blog Luiz Eduardo Costa

Rochinha lembrando um exemplo de ontem

Por Luiz Eduardo Costa

Rochinha, que aqui referimos, é o Dr. José Francisco da Rocha, advogado, professor da UFS aposentado, ex-Juiz eleitoral e ativíssimo obreiro maçônico, há sessenta anos frequentando, influindo, comandando, orientando a Loja Maçônica Cotinguiba. É também assíduo frequentador de uma academia de ioga, isso aos 91 anos.

O exemplar Dr. Rochinha

Num dia desses, Rochinha que é um “causer” desses que conferem prazer e gosto ao bate papo, lembrava de algumas figuras públicas de Sergipe, entre elas de Sálvio Oliveira, também, como ele, obreiro da Cotinguiba. Sálvio faleceu em 1986 quando se aproximava dos cem anos. Vindo de Cícero Dantas na Bahia, iniciou-se no comércio e chegou a criar, com um sócio judeu, uma firma de exportação de açúcar. O negócio cresceu muito, mas, na depressão econômica mundial (1929 – 1934), seu negócio fechou as portas, falido. Sálvio dedicou-se então a pagar todas as dívidas, limitou seu patrimônio a casa onde residia, mas não deixou um só credor com uma promissória sem resgate na mão. Já havia se envolvido em todas as revoltas dos anos vinte chefiadas pelo tenente Maynard, que, com a vitória da revolução de 1930, tornou-se interventor em Sergipe. Então, convidou seu amigo de absoluta confiança, Sálvio Oliveira, para ser o Diretor do Tesouro Estadual. Sálvio estabeleceu um estilo de rigor com o dinheiro público e mantinha equilibradas as precárias finanças. Esse estilo, fez com que todos os governadores que se sucederam após a redemocratização o convocassem para permanecer no cargo.

Quando Leandro Maciel assumiu o governo em 1955, levando pela primeira vez ao poder a UDN, derrotada duas vezes antes e com ímpetos de revanche, criou as Mesas Redondas, uma espécie de devassa pelos governos passados. Convocava servidores públicos para interrogatórios transmitidos pelas emissoras Liberdade e Difusora. Havia uma chuva de acusações ao governo passado de Arnaldo Rollemberg Garcez, que era um homem rigorosamente honesto e herdeiro de grande fortuna. Alguns servidores aproveitavam-se para agradar ao novo poder instalado, despejando críticas no anterior. Chegou a vez de Sálvio Oliveira, ele fez um relato sucinto e seguro das finanças públicas, prestou contas sempre se referindo respeitosamente ao ex-governador Arnaldo Rollemberg Garcez, sem preocupar-se em agradar o que chegava. Finda a exposição, respondido todos os questionamentos, Leandro Maciel tomou a palavra e disse: “Estamos diante de um servidor que honra o serviço público e engrandece o seu cargo, eu o convido, publicamente, para que ele permaneça no cargo que ocupa. Meu governo precisa de homens probos”. Sálvio Oliveira aposentou-se no limite da idade. Até então nunca tivera um automóvel, nem usara carros oficiais, a não ser para viajar ao interior. E lembra Rochinha: “usando invariavelmente um terno branco, gravata preta e um guarda chuva à mão, ele saía da sua casa na Barão de Maruim, ia e voltava caminhando do trabalho, nos dois expedientes. Passou à inatividade com proventos razoáveis, uma aposentadoria que o amigo e ético Aloísio de Campos sugeriu ao governador que a Sálvio fosse concedida.

Aposentado, criou, com o filho Augusto Barreto e o cunhado jornalista e Promotor Paulo Costa, uma firma de representação. Vendia pianos Brasil, motonetas, produtos químicos e representava a fábrica gaúcha de armas e munições Amadeu Rossi. Então, comprou um carro para a filha solteira Virgínia, que o levava para aonde ele desejasse. Em 1980, Heráclito Rolemberg, presidindo a Assembleia Legislativa, entregou a Sálvio Oliveira o título de Cidadão Sergipano. O sertanejo que pouco frequentou a escola mas se fez com brilho um autodidata, pronunciou um discurso emocionante, contando a sua vida.

Texto e imagem reproduzidos do blogluizeduardocosta.com.br

Alberto Carvalho

Foto de Ludwig Oliveira e editada/postada pelo blog,
para ilustrar o presente artigo.

Texto publicado originalmente no site Osmário Santos, em  11/05/2002

Alberto Carvalho
Por Osmário Santos

Iniciando com a crítica cinematográfica no ano de 1975, Alberto Carvalho introduziu na imprensa sergipana um novo conceito em crítica de arte, passando a apresentar o “mundo do opinador”, isento dos obrigatórios elogios. Passou a escrever com a verdade, sem visar agradar nem a gregos nem a troianos e tão pouco baianos. Seu nome sempre foi respeitado no mundo cultural sergipano. Além de crítico de cinema, sua grande paixão, sempre atuou na imprensa sergipana no campo da literatura não só na crítica, mas com publicações. Poeta da vanguarda e sempre atuando na prosa, nunca se descuidou e sempre esteve dentro do tempo. Recentemente publicou no ensaio sobre o pintor Adauto Machado e, em conclusão, um trabalho semelhante, sobre a vida e obra do pintor Florival Santos. Alberto é parte da cultura em nossa terra e tem muita coisa para contar, no registro da Memória de Sergipe.

Alberto Carvalho nasceu a 3 de novembro de 1932, em Itabaiana, Sergipe, filho de Ivo Carvalho e Maria Elisa Carvalho. Seu Ivo era uma pessoa muito calada, enquanto dona Maria Elisa era bem extrovertida e bem brincalhona. Alberto conta que o seu lado de gozador, é uma boa herança de sua mãe, afirmando que ela realmente era uma “figura”.

Seus pais pertenciam a uma classe média não alta, mas que dava para sobreviver. No início, foi alfaiate, depois passou a exercer a função de funcionário público municipal, levando uma vida controlada. “Meu pai transmitiu a lição, que a gente não deve ir mais além do que o chinelo cabe”.

Curso primário — Na sua cidade natal, com a professora Laurinda Leite, aprendeu as primeiras lições, no Grupo Escolar Guilhermino Bezerra. Antes de chegar aos bancos escolares, já gostava de ler, passando a gostar mais ainda, depois que conheceu o professor José Fortunato Pinto. “Ele fundou um colégio que era vizinho à minha casa, Gostava muito de literatura, escrevia e eu era amigo do filho. Estudei no seu colégio e, ele foi um professor que me marcou muito”.

Naquele tempo, já tinha gosto pela leitura e pelo cinema, pelo qual sempre fui maluco. Conta que tudo iniciou quando chegou em Itabaiana, uma família de Propriá que gostava de ler e por isso o então menino Alberto tratou logo de fazer boas amizades, com bons proveitos. “Foi quando iniciei a ler os meus primeiros romances”.

Foi baleiro de cinema — Uma infância sacrificada, ajudando os pais em casa, com o fruto do seu trabalho de vendedor de revistas e jornais da empresa “A Noite” e de correr fila por fila do cinema de Itabaiana, vendendo bala, com a cesta cheia, sorriso nos lábios e gritos constantes: Olha o baleiro! Bem que alguém desconfiava que o gosto do Alberto Carvalho pelo cinema, era de um outro mundo. Do tempo de baleiro? Também. Conta que o gosto pelo cinema, veio do seu irmão mais velho, Petrônio, já falecido, que chegou a trabalhar no cinema como projetista. Tal emprego proporcionou que ele colecionasse o que era chamado de ponto de fita. Ele cortava um pedaço pequeno do trailer do filme, sempre a parte mais interessante e de posse do rosto do artista na película, montava um álbum de fotografia. “Eu tenho em minha casa milhares de fotografias tiradas do cinema. Também mandava buscar, em Hollywood, fotografias. Naquele tempo, os estúdios faziam questão de mandar todo o material para divulgação. Para tanto era só solicitar”.

Gosto pela leitura — Menino precoce, vendendo balas e assistindo filmes, estava sempre com um livro, para as horas de folga. “Lá em casa tinha uns livros do velho, que, apesar de não ser formado, tinha uma biblioteca razoável. Uns, ele me proibia de ler, pois achava que ainda não tinha idade. Eram os livros de Albino Forjaz de Sampaio: “Palavras Cínicas”, era o nome de um deles. Depois eu li O Conde de Monte Cristo de Alexandre Dumas e outros bons livros”.

Fato curioso — Um fato curioso do pai de Alberto Carvalho conforme Alberto conta, era sua grande paixão pelo livro “Quo Vadis” de Henryk Sienkiewez. O entusiasmo por Sienkiewez era tanto a ponto de seu pai batizar os filhos com os nomes de personagens de obras literárias do escritor.

Ginásio em Aracaju — Tendo concluído o curso primário no ano de 1944, fez exame de admissão a ginásio e fixou residência em Aracaju em 1945. “O professor José Fortunato, tinha sido transferido para trabalhar no antigo Instituto Profissionais Coelho e Campos, onde é o Sesi, na rua de Itaporanga. Como diretor, tinha direito a uma casa. Quando ele veio transferido, falou com meu pai, que gostaria que eu viesse, por ter sido um aluno razoável e por causa do filho que também iria fazer exame de admissão. O velho disse que não tinha condições de pagar e terminei vindo. Passei no exame de admissão, que era um vestibular, naquela época e tornei-me aluno do Atheneu”.

Voltando à Itabaiana, para passar alguns dias. Alberto Carvalho pegou tifo, passando 40 dias de cama. Perdeu um mês e meio de aulas. Enquanto estava na fase de recuperação, seu pai conseguiu uma bolsa de estudos do Estado.
O problema da moradia foi resolvido pela vinda do irmão mais velho, Petrônio a Aracaju, já que tendo passado num concurso público, passou a morar em Aracaju numa pensão. Alberto agradeceu a casa do professor Fortunato e ficou com o irmão, até sua entrada no Banco do Brasil.

Cursos — Até o ano de 1951 fez os cursos secundário e colegial, no Colégio Estadual de Sergipe (Atheneu) até 1951. Curso de Técnico em Contabilidade na Escola Técnica de Comércio de Sergipe, concluindo também em 1951. Depois prosseguiu os estudos, fazendo o curso superior na Faculdade de Direito de Sergipe, colando grau em bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais em 1956.

O Atheneu influenciou bastante na sua formação cultural, pelo bom nível dos professores de época. “Tinha um professor, que muita gente criticava por ser meio descuidado, mas ele me ensinou o gosto pela literatura filosófica. Chamava-se Virgínio Santana e eu gostava de conversar muito com ele depois das aulas. Charutinho tranquilo, ele era uma figura e na aula conseguia transmitir de uma maneira extraordinária, tudo que ele sabia.

O CDF do Atheneu — No Atheneu, não chegou a participar de política estudantil. Não havendo programação extra classe, e vivia envolvido com os livros, pois estudava ao mesmo tempo, em dois colégios. Chegava no fim do ano e não sabia quantas provas fazia. “Naquele tempo tinha a prova oral e a escrita. No Atheneu eram umas 10 matérias e na Escola Técnica umas nove. Some aí no fim do ano, escrita e oral. Eu era um verdadeiro CDF com todas as honras e com todas as botas que eu usava, pois me mandavam, sapatos de Itabaiana forrados com pneus de automóvel, pneu mesmo. E com essas botas dava boas passadas”.

Sem tempo para o lazer — De tanto estudar na juventude, pouco tempo para tomar uma cervejinha, que chegava bem miúda, pois ninguém do time, que Alberto conseguia reunir em torno de uma mesa de bar, era empregado. “Eu, Gilvan Cleber, Airton Araújo, uma turma, que conseguia com sacrifício, arranjar uns trocadinhos para a ‘loura’”.

Revela que não pretendia ser advogado. Pelo fato que em Aracaju, naquele tempo só tinha as faculdades de: Direito, Ciências Econômicas e Química. Não tendo condições de sair de Aracaju, para estudar em Salvador, resolveu fazer vestibular para Direito.

No meio do caminho, “não tinha uma pedra”, mas sua cabeça encontrou uma pedra e por pouco não desistiu. Chegou ao fim, recebeu o diploma, guardou o anel e nunca exerceu a profissão. “Era comissionado no Banco do Brasil e não dava condições de advogar. Seu canudo só veio servir, tempos depois, quando passou a ser professor titular de “História Economia Geral e do Brasil”, da Universidade Federal de Sergipe, desde a sua fundação. “Sem o título superior, não entraria na universidade”.

Recordações do Banco — Boas recordações do Banco do Brasil, muito trabalho, uma existência de 30 anos. “O Banco do Brasil era um emprego onde não tinha dono. Tinha o procurador, que era o gerente de fato e uma outra galeria de gerentes. Foi uma carreira, onde não tinha o problema de puxa-saquismo. Fui comissionado, porque sabia fazer o serviço e saí de lá me dando bem com todo mundo. Não tenho nada a dizer do banco”.

Quando Alberto Carvalho entrou no Banco do Brasil, através de concurso, o banco, funcionava onde é hoje o Edifício Oviêdo Teixeira. Em frente ainda existia a ponte do Lima, onde os navios ficavam atracados. “Quando um colega contava uma mentira, a gente levava para a ponte do Lima para ele terminar lá, sua história”.

Na Faculdade de Direito — Quando penetrou nos corredores da Faculdade de Direito de Sergipe, não resistiu e entrou no bloco que fazia política estudantil. Ali foi por problema de amizade. Amigo de Viana de Assis, Jaime de Araújo Andrade, José Rosa, Tertuliano Azevedo, pessoal todo do meu tempo, eles ganharam a eleição, e me colocaram como diretor do jornalzinho “Academus”, órgão do Centro Acadêmico “Sílvio Romeno”, nos anos de 1955 e 1956”.

Jornalismo — Foi num jornal de esporte que circulava em Aracaju, que fez sua estreia no jornalismo sergipano. Não escrevia estava ou não na banheira na hora do gol. Seu trabalho jornalístico todo ele era voltado ao cinema. “Todo o jornal era de esporte, menos a minha parte”.
“Suas publicações nos jornais de Aracaju, na área cultural, representam um marco no jornalismo sergipano. Foi crítico cinematográfico na Gazeta Socialista, escreveu coluna literária contando com a colaboração de Bonifácio Fontes, na Gazeta de Sergipe no período de 1959 a 1960 e de 60 a 61 sem a participação de Bonifácio.

Atuou no Sergipe Jornal, de 1964 a 1965 e no Diário de Aracaju, no ano de 1966. Colaborou com seus artigos em outros órgãos da imprensa sergipana, principalmente revistas. Colaborou por muito tempo no JORNAL DA CIDADE.

Cinema Nacional — De cinema nacional, só fala bem da obra de Nelson Pereira dos Santos, o único cineasta nacional que lhe entusiasmou.

Em termos de experiências de participar de uma produção cinematográfica, chegou a participar de um filme sergipano. “Inclusive, esta fita está com Luiz Antônio Barreto. Eu fiz o roteiro, Lineu filmou, tendo como atores: Orlando Vieira e Chico Varela”.

Literatura — Na Literatura uma outra história “Não me considero um crítico verdadeiramente dito, e sim um leitor interessado, faço questão de dizer que sempre fui um leitor atento”.

Do cinema em sua vida: “Sou apenas um divulgador, pois fazer crítica aqui em Sergipe, é difícil. O pessoal daqui só gosta de elogios e quando você diz uma coisa, os conceitos de literatura provinciana ou estadual, acredito, não resistem a uma crítica séria. Os escritores obedecem aos limites do IBGE. Tobias Barreto, Sílvio Romero, João Ribeiro, Manoel Bomfim e muitos outros, seriam autores sergipanos apenas por terem nascido aqui ou deveriam ser incorporados a vida literária dos outros estados em que viveram e escreveram seus livros? São brasileiros, sim, mas o atraso no acompanhamento do que só faz “lá fora” é bem outra conversa.

Autor vivo — Alberto considera-se um “autor” vivo, não porque seja sagaz e, sim pela pequena atuação que tem.

Certa feita, quando foi dar um depoimento sobre sua presença na literatura sergipana, apresentou a fábula do galo Chantecler. “Não acredito que o sol nasce por detrás da Barra dos Coqueiros porque eu existo. Falo dos que conheço, da minha vivência como miúdo escriba radicado em Aracaju”.

Xingamento — Conta que ao chegar em Aracaju, ficou horrorizado ao ler os jornais. “A crítica local era de xingamentos: não faziam análise das s obras e sim ou autores. Lembro de uma dessas polêmicas em que certo autor era chamado de “neto de uma horizontal...” Traduzindo para a geração de hoje, mulher que trabalha na “cama, prostituta, para maior clareza”.

Para Alberto Carvalho, “o academismo “Borocochô” ainda prejudica a nossa modesta escrita”. Não resiste e fala da pompa de certos escritores que fazem questão de registrar nos seus livros que da Academia de Letras, uma entidade que segundo ele, só funciona na eleição e na posse do “imortal” ou quando ele sobe para um outro mundo. “Pode? Alguns dos seus literatos nunca lançaram qualquer obra (no sentido mais literal do termo); outro publicaram livrecos de justificativa, a posteriori da eleição e outros nem isso”. “São personalidades, figura representativas da nossa melhor sociedade. “Meus sais”, como se diz na imprensa marrom local”.

Visão Crítica — Na sua visão crítica, prossegue, “dando suas pinceladas no movimento cultural, envolvendo os imortais com os meios de comunicação”. A coisa anda safara, diria um acadêmico. E não por falta de meios de comunicação. “Temos várias emissoras de TV, várias emissoras de FM e AM, vários jornais, cujo número aumenta nas épocas eleitorais, quando aparecem mais picaretas. Vejam, ouçam, leiam. Claro que existem as de praxe e honrosas exceções. Seria apenas risível se não fosse triste tal quadro”. “Isso me lembra um observador estrangeiro chegou a Bahia numa sexta-feira (dia consagrado a um santo) e, observando grande número de pessoas vestidas de branco concluiu que estava na cidade mais bem servida no campo da saúde, em todo o mundo”.

Deixando a cidade de Salvador de lado, Alberto Carvalho gosta mesmo de falar é de Aracaju. Revê-la que também é um leitor dos nossos jornais, embora considere entupido de muitas crônicas sociais. “Dar a impressão que a nossa cidade tem uma sociedade brilhante, atuante, bonita, rica, embora, de quando em vez, comentários apontam que tem gente postergando o companheiro (a) unido, no altar sob a leitura da famosa epístola de São Paulo”.

Da literatura de hoje — “A literatura que se faz hoje em Sergipe não está pior em termos de qualidade, mas eu estou achando que a vida literária está superando a literatura, pois se faz muito mais badalação, e essa troca de figurinha, todo mundo é formidável, onde não há análise de nada. Agora existem valores. Antigamente era o contrário. Tinha muita gente se fazendo de valor, sem ter.

Texto reproduzido do site: usuarioweb.infonet.com.br/~osmario

terça-feira, 8 de maio de 2018

As Duas Coréias, a Guerra e Aracaju

Professor Manoel Franco Freire 

Trecho extraído de publicação originária do Blog Luiz Eduardo Costa

As Duas Coreias, a Guerra e Aracaju
Por Luiz Eduardo Costa

          A guerra da Coréia acabou em 1953. Desde que se iniciara uns dois anos antes, os americanos insistiam que o Brasil enviasse tropas para combater ao lado deles. Quando a Segunda Guerra acabou, as tropas japonesas saíram da península coreana que ocupavam, transformando o país em colônia. Americanos ocuparam a parte sul e os russos e chineses a parte norte. Eram separados pelo paralelo 38, que se tornou uma referência importante durante o conflito. A guerra começou quando, depois de escaramuças ao longo do paralelo limite, tropas do norte, apoiadas pelos chineses, teriam invadido o sul e os americanos logo entraram em ação.

          Alguns setores militares se mostravam favoráveis à entrada do Brasil no conflito, alegando que a luta era do “mundo livre” contra o comunismo. Houve reação contra essa ideia idiota de enviar brasileiros para servirem de bucha de canhão, numa guerra longínqua onde não estavam envolvidos nossos modestíssimos interesses de país, pobre, sem presença internacional. Os que se manifestavam contra logo foram carimbados como comunistas. De fato, o Partido Comunista estava envolvido na campanha: Nenhum Brasileiro na Coréia.

          Em Aracaju, durante a campanha para a Prefeitura em 1952, o PCB apresentou como candidato, o professor Franco Freire, um respeitado mestre que ensinava inglês e dirigia o Departamento de Educação. Franco Freire era militante comunista e, junto com outros intelectuais do partido, elaborou um plano de governo para Aracaju, que, estranhamente, colocava em primeiro plano a luta pelo não envolvimento do Brasil na guerra coreana. Nos comícios, os oradores falavam sobre a guerra na Coréia, denunciavam o governo de Getúlio, que estaria preparando o envio de tropas brasileiras para o conflito, resultante do imperialismo americano, que queria o controle da península coreana para, de lá, ameaçar a China, que, desde 1948, se tornara comunista.

          O povo não entendia aquela arenga, não sabia onde ficava nem a Coréia nem a China, e o imperialismo, União Soviética, eram coisas que absolutamente não lhes interessavam. O professor Franco Freire, apesar de ser um homem moralmente integro, intelectualmente qualificado, recebeu um reduzido número de votos.

          Na época se formou, um favelão no Bairro Industrial, numa área aterrada sobre o mangue, em frente onde hoje está quase concluído um novo Shopping. Ao favelão, o povo logo lhe deu um nome: Coréia Sebosa...

Trecho de artigo e foto reproduzidos do blogluizeduardocosta.com.br

sábado, 5 de maio de 2018

A História de um cidadão sergipano

 Juiz Osório de Araújo Ramos.

Publicado originalmente no blog Luiz Eduardo Costa.

A História de um cidadão sergipano. 
Por Luiz Eduardo Costa.

          O menino Osório, nasceu em família pobre, veio ao mundo marcado por uma deformação que lhe fez curvar a espinha e causar aquilo que vulgarmente se chama “uma giba”. Ele seria por toda a vida um corcunda.

          Nascera, então, um condenado pelo destino a permanecer, vida afora naquela faixa de penumbra e esquecimento, onde vivem os pobres e esquecidos, no caso dele, pior ainda, por ter de enfrentar a carga desumana do preconceito.

          Os pais, carinhosos e a ele dedicados, logo foram descobrindo, enquanto a criança crescia, que o seu menino frágil parecia uma fortaleza de espírito incomum.

          O “gibudinho” gostava da escola, tinha os livros como amigos e companheiros permanentes.
  
          Anos depois, os comerciantes aracajuanos, que conviviam com o jovem contador Osório organizando as suas finanças, haviam constatado que o problema físico que lhe encurvara a espinha, teria causado, por outro lado, um fortalecimento moral, que o mantinha hirto, perfilado com decente elegância aos valores morais, à coragem cívica, ao espírito solidário, que soube incorporá-los, todos, e de forma tão arraigada quanto humilde, à sua personalidade.

          Esses valores o acompanharam sempre e eles prevaleceram no cotidiano do pai de família, na faina do dia a dia pela sobrevivência, desde o início, até à banca de advogado, à toga que envergou como magistrado, à roupa que não o diferenciava dos outros presos políticos. Isso aconteceu em 1952. Vivíamos, então, o que esperávamos ser um tempo permanente de democracia, mas, que se tornou apenas um interregno entre duas ditaduras.

          Naquele ano, chegou a Aracaju o contra-almirante Penna Botto. Era um extremado intolerante, ao qual incomodava a simples ideia de presença popular na cena política, de reivindicações, partidas fossem de onde fossem, dos seus próprios comandados, marinheiros, ainda discriminados, ou de qualquer setor que representasse a voz subjugada do povo.

          Criou, por cima da Constituição então vigente, o seu campo de concentração particular. Ficava nos arredores de Aracaju e o encheu de presos políticos. Lá foi parar Osório, Tinha então 37 anos. Cursava o terceiro ano da faculdade de Direito de Sergipe. (na época não havia a universidade, apenas 4 faculdades isoladas).

           Para o campo de concentração de Penna Botto foi levado até um menor, apenas 15 anos, estudante do Atheneu. Não foi preso na sala de aula, porque a diretora, a professora Thetis Nunes, à frente do colégio, impediu a entrada dos policiais. Era Ezequiel Monteiro, que se tornaria um respeitado intelectual, (falecido há dois anos). O colocaram no fundo de um jeep, amarrado. Ao chegar onde estava o almirante, começou a cantar a Marselhesa. O bravo homem do mar o interrompeu aos gritos: “Cale a boca comunista! Cale a boca comunista!”.

          Foram nove meses de cadeia que Osório suportou com resignação e decência. José Francisco da Rocha, o nosso sempre festejado Dr. Rochinha, lembra que era contemporâneo de Osório e assistiu ele sair preso da faculdade, sem perder a altivez.

José Francisco da Rocha, 
o festejado Dr. Rochinha.

          Juiz, o Dr. Osório continuou semeador de iniciativas, operário das boas causas. Morou nas três comarcas onde jurisdicionou, Riachão do Dantas, Lagarto e Estância e com ele a esposa, Dona Abgail, e a numerosa prole. Lembram os seus filhos, entre eles o desembargador Osório de Ramos Filho, um seguidor dos seus passos, que o pai lhes recitava quase todos os dias: “Estudem, o conhecimento é cumulativo”.

          O Juiz, todas as noites, dava aula numa das escolas da Campanha Nacional de Alfabetização. Togado, continuava desprendido, servidor por excelência, ao ofício público ao qual dedicou a vida.

           Na Estância, talvez buscando dar organicidade ao seu espírito fraterno e solidário, ele  tornou-se, em 1966, obreiro da Loja Maçônica Piauitinga. Um dos que assinaram a sua proposta de ingresso à Ordem Maçônica foi o líder maçom e grande empresário Constâncio Vieira.

          Osório, neste abril, estaria completando 100 anos. A OAB-SE, incorporou-se às homenagens pelo centenário e fez sessão solene. Houve assim, presença da entidade na celebração da memória do advogado, que por duas vezes a presidiu e dela foi, enquanto advogou, um atuante membro.

          Com a sede da OAB lotada, falou o seu atuante presidente Henry Clay Andrade; o secretário geral Aurélio Bonfim; a presidente da Academia Sergipana de Letras Jurídicas Adélia Pessoa; o ex-presidente da Ordem, ex- governador e acadêmico Gilton Garcia e o filho do homenageado,  desembargador Osório de Araújo Ramos Filho. Presentes, entre outros, o desembargador Luiz Mendonça e esposa; a Procuradora Maria Cristina Foz Mendonça; o desembargador e acadêmico Edson Ulisses, ex-presidente da OAB-SE; o Procurador Geral do Município de Aracaju, desembargador aposentado Netônio Machado; o presidente da Academia de Letras de Sergipe, Anderson Nascimento; o presidente da Academia Brasileira de Medicina, Hamilton Maciel e o representante da Academia Maçônica de Sergipe, engenheiro José Lauro de Oliveira Filho.

O presidente da OAB/SE. Henry Clay e o desembargador Osório, filho do Juiz Osório. 

Texto e imagens reproduzidos do site: blogluizeduardocosta.com.br

quinta-feira, 3 de maio de 2018

Zé do 'Cartório Aminthas Garcez'



Pedro Raimundo e 'Zé do Cartório' (Foto: Pedro Raimundo)

Publicado originalmente no Facebook/Grupo RECORDANDO - Túnel do Tempo

Por Pedro Raimundo Dos Santos, em  01 de maio de 2018

Estive com meu amigo de "velhas datas" José Carlos Maynart Garcez Vieira titular do Cartório Aminthas Garcez criado no ano de 1865 e fomos relembrar avanços no campo tenológico digital e das telecomunicações. Então vejamos atrás do Zé em seu gabinete tem livros enormes e pesados, desde quando o Cartório foi inaugurado, já estão todos escaneados e bem guardados em Servidores especiais, o Cartório está totalmente informatizado o telefone preto da Ericsson ainda permanece lá intacto, pronto para se comunicar porém não tem mais linha física analógica pra ele. Vamos relembrar!

Texto e imagens reproduzidos de postagem feita por Pedro Raimundo Dos Santos no grupo ‘RECORDANDO – Túnel do Tempo’.

Link da publicação original no Facebook/RECORDANDO 
(Post + comentários + reações) > https://bit.ly/2JPBmNI   

terça-feira, 1 de maio de 2018

Henrique e os 90 anos da SAMAM

Seu Henrique Brandão Menezes: irrequieto e cativante,
com infinita capacidade de agregar em torno
de si colaboradores e familiares

Publicado originalmente no site JLPolítica

Grupo Samam faz 90 anos... gerando 3,3 mil empregos e marcando profundamente a economia

A economia de Sergipe e do Brasil tem neste 26 de abril uma data muito especial a celebrar. A compartilhar. A impulsionar. Trata-se do dia em que o Grupo Samam - Sociedade Anônima Manoel Aguiar Menezes - completa 90 anos de uma notável existência. Tudo começa com a Casa das Louças, lá no distante 1928 e se desdobra em muito trabalho.

São nove décadas de dedicação aos negócios, às boas relações institucionais no âmbito do comércio, da economia, com muita ética, excepcional confiança nos e dos mercados local, regional e nacional e, sobretudo, muito acolhimento de uma infinidade de consumidores. Sob o teto do Grupo Samam, há 13 empresas bem-estruturadas, sólidas e competitivas. Todas senhoras de si e dos seus objetivos.

Reconhecidamente dedicado ao mercado de venda de automóveis, o Grupo é muito sinônimo disso. Mas, como ocorre às grandes organizações empresariais, o Grupo Samam vem há alguns anos se diversificando e abrindo seus tentáculos sobre o agronegócio, com a produção de coco verde, exportado para grande parte do Brasil, e a de álcool e açúcar.

Neste último negócio, com a Indústrias Taquari, o Grupo Samam cultiva 33 mil tarefas de cana e tem uma das usinas mais modernas do Nordeste, toda elétrica. Com mais de 3.300 funcionários, faturamento de R$ 600 milhões por ano e uma das maiores contribuições de ICMS do Estado de Sergipe, esse Grupo se insere no contexto das instituição empresariais a serviço não só de Sergipe, mas do Brasil.

Como ocorre com as maiores e mais longevas corporações empresariais do mundo, o Grupo Samam nasce assentado na visão empreendedora de uma família - vem de Manoel Botto de Aguiar Menezes, vai ao filho Manoel Aguiar Menezes, perpassa para o neto Henrique Brandão Menezes, que dá a tonalidade contemporânea ao que é hoje Grupo Samam e agrega filhos - Kátia, Manelito, Célia e Henrique Júnior - e netos no comando e na renovação dos negócios.

Tudo isso confere ao Grupo Samam um status raro na economia nacional, que é o de estar na quinta geração e sempre prospectando algo novo para tornar melhor o que faz pela sociedade e para agregar mais valores. Nisso, é forçoso e compulsório reconhecer o dom, a verve e a dedicação de Henrique Brandão Menezes, um camarada que no próximo dia 31 de julho vai fazer 80 anos, mas brilha os olhos frente aos destinos do Grupo como se fosse um jovem recém-entrado na casa dos 20 anos e que tem uma profunda identificação com a palavra trabalho.

Henrique Brandão Menezes é irrequieto, ativo, moderno, cativante, com uma infinita capacidade de agregar em torno de si colaboradores e familiares e, com isso, fazer a roda andar. Andar e se reinventar a cada dia. Ele é um clássico patriarca, com pulso dominante. Seu Henrique Menezes não nega que “a arte do comércio” e a de lidar com gente vem do DNA dos seus dois mais lembrados e queridos antepassados.

“As principais referências que meu pai - e meu avô também - deixou foram a valorização do trabalho e da família. Foram eles - o pai e o avô - que me ensinaram a arte do comércio. Porque, sim, o comércio é uma arte. Saber vender e saber comprar é uma arte, como outra qualquer. E eles a ensinaram a mim”, confirma Seu Henrique.

Henrique Brandão Menezes sonha um bom futuro para esses ensinamentos. “Espero que os jovens continuem nosso trabalho, perseverando, pois se não houver perseverança, se não acreditar, não dá certo”, diz. No presente, a obra empreendedora de Henrique Menezes já tem certificação.

“Gerador de milhares de empregos e um visionário, Henrique Brandão Menezes merece todas as homenagens possíveis pelo trabalho realizado à frente desse conglomerado que tanto orgulha os sergipanos”, diz o presidente da Federação das Indústrias de Sergipe, Eduardo Prado de Oliveira.

Este 26 de abril de 2018 é, portanto, um dia em que certamente milhares de sergipanos e brasileiros de outras regiões reconhecerão isso. Se somarão à importância disso. O Portal JLPolítica reconheceu e produziu um Suplemento Especial sobre o Grupo Samam e seus 90 anos. O conteúdo pode ser lido aqui e no portal do próprio Grupo Samam. Afinal, de fatos bons e positivos também se faz notícia.

Texto e imagem reproduzidos do site: jlpolitica.com.br

Clique no link a seguir (SAMAM 90 ANOS)
>  
https://bit.ly/2rf5udR

sábado, 28 de abril de 2018

Tire uma foto com Déda

Déda e Murilo Mellins 

Publicado originalmente no Blog Luiz Eduardo Costa

Tire uma foto com Déda
Por Luiz Eduardo Costa

          O Memorial Marcelo Déda é primor da arquitetura leve, simples, despojada, algo que sugere na geometria do conjunto, a sutileza de uma mensagem, cujas pistas se sucedem na poesia de um texto, por natureza, solene; nos indicativos da sucessão do tempo, na moldura do verde, na música que se ouve e no calor de quem a interpreta e, assim, por esse caminho de revelações, se chega à inteireza do homem e se vai bem perto da sua alma. É esse percurso que tem a densidade espiritual das sendas de peregrinos, que os sergipanos, os que nos visitam, estão agora convidados a fazer.

          Depois, uma foto ao lado de Marcelo Déda, que se fez cinzas, mas a sua História o perenizou no bronze.

Texto e imagem reproduzidos do blog: blogluizeduardocosta.com.br

terça-feira, 10 de abril de 2018

José Joaquim Pereira Lobo, mais conhecido como Pereira Lobo


José Joaquim Pereira Lobo, mais conhecido como Pereira Lobo (São Cristóvão, 23 de dezembro de 1864 — Rio de Janeiro, 24 de fevereiro de 1933)  foi um militar e político brasileiro.

Foi presidente do Estado de Sergipe no período de 1918 a 1922. Exerceu também o mandato de senador pelo mesmo estado de 1914 a 1918 e de 1923 a 1930, além de ter sido deputado estadual em 1893 e vice-presidente do Estado de 1896 a 1898.

Texto e imagem reproduzidos do Facebbok/Paulo Roberto Dantas Brandão.

terça-feira, 3 de abril de 2018

Jorge Lins, Senhor do Seu Destino


Publicado originalmente no Facebook/Nestor Amazonas, em 03/04/2018

Jorge Lins, Senhor do Seu Destino.
Por Nestor Amazonas

Jorge, desde muito jovem (faz tempo) sempre soube o que queria – ser um homem de teatro. E não vacilou em nenhum instante nesta carreira que já dura quase 50 anos.

Lembro que Guilherme de Figueiredo (irmão do ex-presidente), intelectual, crítico de teatro, escreveu nos fins dos anos 70, no Jornal do Brasil - `a época o mais importante do país, que surgia em Sergipe um novo e promissor talento no teatro brasileiro – Jorge Lins de Carvalho.

Por puro vacilo nosso, revanchismos políticos `a parte, não demos a real importância a este vaticínio. E Jorge seguiu adiante, sempre escrevendo novos capítulos das artes sergipanas, com o Grupo Raízes, com o Circo Amoras & Amores, com a livraria quase editora Auê, com teatro nas escolas ou com seus cursos de formação de atores e plateia, e sempre fazendo...

Jorge sempre foi um “Gente que Faz”. Enquanto muitos de nós, na luta pela sobrevivência, pulávamos de galho em galho, se pendurando nas oportunidades que apareciam – jornalismo, publicidade, advocacia, cargos públicos, ele mantinha o foco e seguia sua luta pelo teatro, tanto como entretenimento, como ferramenta social.

O que mais gosto das atitudes de Jorge é que ele atravessou vastos oceanos de adversidades sem “pongar” em naus ideológicas ou circunstâncias politiqueiras. Sempre se manteve altivo e equidistante das mesquinharias ocasionais tão comum em Sergipe D’El Rey, mas, ao mesmo tempo, sem deixar de ser político na melhor concepção da palavra – seu objetivo era fazer, e ser, teatro.

E conseguiu. Hoje Jorge Lins é o mais profícuo e longevo representante do teatro sergipano, algo que mereceria reconhecimento em qualquer outro lugar que não fosse o paraíso dos conchavos e alianças menores, tendo as políticas culturais do Estado como cenário, diretor e ator.

Hoje, Sergipe deve a Jorge Lins o aplauso, maior reconhecimento que um homem de teatro pode ter, principalmente porque amanhã (4 de abril) é seu aniversário.

No entanto os meus parabéns, não são para ele, mas para o público que tem a honra de ter nele, a personificação do teatro sergipano.

Invocando um colega de Jorge Lins, pegou emprestado versos que traduzem o que este meu amigo significa para mim e para uma legião de admiradores.

“Há homens que lutam um dia e são bons, há outros que lutam um ano e são melhores, há os que lutam muitos anos e são muito bons.
Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis”.
Brecht

Saudades amigo Jorge.

****
PS – embora o aniversário seja amanhã (quarta-feira), faço aqui este spoiler na esperança de contaminar outros, para que se manifestem em homenagear Jorge, inclusive dando uma passada no restaurante Zodíaco, no Mosqueiro, a mais recente atividade de Jorge como empreendedor, sempre supervisionado pela Cheff Sandra.

Pronto, fiz o meu comercial.

Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Nestor Amazonas

domingo, 1 de abril de 2018

Pedro Barreto um homem de fibra


Pedro Barreto um homem de fibra 
Por Luiz Eduardo Costa

          O desembargador Pedro Barreto de Andrade foi um homem que marcou o seu tempo pela firmeza de caráter e a fibra revelada nos instantes mais difíceis. Quando a política sergipana descambava para a violência, na década dos cinquenta, era preciso ter coragem pessoal para enfrentar circunstâncias perigosas. Pedro Barreto, um jurista, advogado conceituado nos foros sergipanos, se punha quase sempre à frente das empreitadas mais difíceis. É bom lembrar que naquele tempo Sergipe era infestado de pistoleiros profissionais e de policiais pistoleiros, que se punham a serviço dos poderosos comandantes da pistolagem. Fazer política tornava-se uma atividade cheia de riscos. Pedro Barreto, sergipano nascido em Simão Dias, voltou a morar na sua terra, fixando residência em Aracaju, pouco depois de formar-se na Universidade do Rio de Janeiro. Logo foi eleito deputado estadual e se fez um líder, uma voz respeitada, tanto quando estava no governo, como, principalmente, na oposição. O Dr. Pedro era sensato, arguto, correto e se fazia conselheiro nos momentos tensos de incertezas, dúvidas e receios, coisas que ele ajudava a dissipar.

          Tornou-se desembargador, ocupando a vaga de advogado e, no Poder Judiciário, sua liderança era inconteste. Aposentou-se e foi nomeado Secretário de Segurança, retornou à política, mas não foi bem sucedido na tentativa de eleger-se, mais uma vez, deputado.

          Pedro casou-se no Rio com Dolinha, ela separada e com dois filhos, Mário, e Roberto, já falecidos. Os dois enteados eram crianças, Pedro os criou como filhos e eles o amavam como a um pai. Com dona Dolinha, Pedro teve três filhos, Pedrito, advogado e jornalista, Hierania e Sérgio.

          Pedro morreu aos 66 anos, em 1984. Nesse mês de março, dia 23, faria cem anos.

          Nessa segunda-feira, dia 2, a Assembleia Legislativa fará a Pedro Barreto uma homenagem. O presidente da Assembleia, Luciano Bispo, e a Academia Sergipana de Letras, pelo seu presidente, Anderson Nascimento, estão convidando para a sessão solene, que será no plenário do Legislativo, às 17 horas.

Texto e imagem reproduzidos do blog: blogluizeduardocosta.com.br

terça-feira, 20 de março de 2018

Homenagem a Pedro Barreto de Andrade


No dia 2 de abril, às 17 horas, a Assembleia Legislativa de Sergipe, em parceria com a Academia Sergipana de Letras, irá realizar uma Sessão Especial em comemoração ao centenário de nascimento do ex-Deputado Estadual Pedro Barreto de Andrade, meu pai. Nascido em Simão Dias, ele foi Secretário de Justiça e Interior, Secretário de Segurança Pública, Promotor Público, Professor da Faculdade de Ciências Econômicas, Desembargador e Deputado Estadual em quatro legislaturas.

Texto e foto reproduzidos do Facebook/Pedrito Barreto.
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Registro de aniversário, 23 de março de 2022.

Texto publicado originalmente no Perfil do Facebook de Pedrito Barreto

"Meu pai, Pedro Barreto de Andrade. Nasceu em 1918, em Simão Dias, e faleceu com 66 anos, em 1984. Formado em Direito, ele foi Secretário de Justiça e Interior, Secretário de Segurança Pública, Promotor Público, professor da Faculdade de Ciências Econômicas, Desembargador e Deputado Estadual em quatro legislaturas. Hoje, 23 de março, seria seu aniversário". (P.B.)

Texto reproduzido do Perfil no Facebook de Pedrito Barreto

domingo, 25 de fevereiro de 2018

Adeus Petrônio Gomes, por Luciano Correia


Publicado originalmente no Facebook/Luciano Correia, em 15/02;2018

Adeus Petrônio Gomes
Por Luciano Correia

No sábado de carnaval, deu adeus a este mundo o jornalista/radialista Petrônio Gomes. Dos poucos ídolos que cultivei na vida – a rigor, só tenho adoração pelo meu pai, também falecido – Petrônio foi um destes, que me cativou ainda na infância/adolescência com seu programa dominical Rádio Revista, na Rádio Cultura. Depois, levou o mesmo programa para a Aperipê, agora com o título de Conversando com Você, onde encerrou sua participação no rádio. Petrônio era a combinação suave de uma belíssima voz, de timbre forte e aveludado, com uma leitura pausada, modulando a interpretação dos textos, um rádio como já não se faz. Porque seu programa tinha texto... e dos bons, escritos por ele ou bem escolhidos de outros autores. A doçura de suas célebres crônicas, muitas delas voltadas para os temas cristãos, nem de longe se aproximava do padrão mamão-com-açúcar, a autoajuda medíocre que ora infesta rádios e telas.

Também fazia parte de seus roteiros a crítica mordaz construída muitas vezes num texto ferino, quando queria denunciar as mazelas, sobretudo as situadas no campo da cultura. Tenho notinhas demolidoras sobre os descaminhos da programação da Rede Globo. Outras tantas sobre a banalização dos carnavais, quando as músicas dispensaram a presença das letras para ficar só nos grunhidos. E informação, muita informação sobre temas variados da vida, um almanaque semanal pontilhado de belíssimas canções, incluindo a música clássica. A ele devo, do tanto que devo, o gosto por alguns compositores clássicos, embora minha ignorância não me permita dizer que sou um membro do clube. Ali conheci Dvorák, Brahms e o maravilhoso Albert Kètelbey, do comovente Santuário do Coração, tema que encerrava o programa, após a crônica final. Dezenas e dezenas de vezes me peguei chorando ao ouvir os dois, a crônica e a música, um casamento tão perfeito entre um texto primoroso e a delicada música que imprimiam sofisticação à linguagem radiofônica de Petrônio Gomes.

Na segunda fase de seu programa, na Aperipê, comecei a gravar alguns desses programas. Lembro que nas vezes em que eu me ausentava do estado por alguma viagem, deixava mamãe encarregada da tarefa de fazê-lo. Aí dona Afra tinha que se virar em esforços para lidar com as traquitanas de um rádio-gravador e fitas K-7 para que eu não ficasse sem o programa da semana. Hoje conto mais de 100 fitas, delícias que pretendo, se a família me permitir, ir dividindo com o distinto público das redes sociais, fazendo assim uma gambiarra tecno-cultural da obra de Petrônio no rádio para o território livre das redes. Curiosamente, ele, que tanto cultivou a história dos carnavais e dos sambistas e compositores que fizeram a grandeza de nossa música, foi embora num sábado em que a folia, traduzida em outras manifestações e personagens, ensaiava os primeiros sacolejos de sua versão 2018. Petrônio se foi, junto com outros carnavais.


Texto e vídeo reproduzidos do Facebook/Luciano Correia.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Tadeuzinho e o Elo Fusível, por Paulo Roberto D. Brandão

Foto reproduzida do Facebook/Micheline Silva e 
postada pelo blog 'SERGIPE, sua terra e sua gente'.

Texto publicado originalmente no Facebook/Paulo Roberto Dantas Brandão, em 21/02/2018.

Tadeuzinho e o Elo Fusível
Por Paulo Roberto Dantas Brandão

Em 1995 eu era presidente da Energipe, então empresa estatal. Belo dia entra esbaforido em minha sala Adalberto Moura, grande figura, que era Diretor de Distribuição da empresa. Nem me cumprimentou e foi logo dizendo: “Paulo! Vou parar a manutenção da rede na cidade. Não tem elo fusível, acabou o estoque e ninguém toma providência”.

Ao que lembrava elo fusível era um fiozinho que como o nome dizia serve de fusível, e devia custar menos de R$ 1,00 a unidade. Pedi explicações, etc., e fiquei mais furioso que meu amigo Adalberto. Rumei para o Suprimento, que funcionava onde hoje é a sede da Energisa. Exonerei logo os responsáveis de suas funções. Telefonei para todo mundo que conhecia no comércio que podia fornecer emergencialmente o material. Em menos de uma hora tinha resolvido a crise.

Chamei meu amigo de infância Tadeu Monteiro, o Tadeuzinho, e o nomeei chefe do suprimento. Na presença dele reuni todo mundo não só do suprimento, do almoxarifado, da licitação, mas quem mais tivesse por perto. E disparei: “No dia que faltar elo fusível, ou um material desses, podem trazer suas carteiras do trabalho. Trago a segurança, cerco isso aqui, e demito todo mundo”. Eu tava uma fera, e dei vazão a todo o meu eu autoritário. Só sei que assustei meio mundo.

Uma semana depois, aplacada a raiva, resolvi ver como Tadeuzinho estava se saindo lá no Suprimento. Cheguei de surpresa. Na sua sala, pendurado em um lugar de honra, estava um “elo fusível”. Perguntei o que era aquilo, e porque aquele material estava pendurado ali, ele se explicou: “Em primeiro lugar eu comprei esse aí com meu dinheiro. Em segundo lugar está aí para não esquecer. Todo dia que chego aqui a primeira coisa que faço é checar o estoque de elo fusível. Tá doido, eu nunca vi você tão brabo”.

Lembrei desse episódio ontem, no enterro de meu amigo Tadeuzinho. Ainda estou chocado. Quero fugir do lugar comum, mas o mundo será menos alegre sem ele.

Texto reproduzido do Facebook/ Paulo Roberto Dantas Brandão.