Professor Manoel Franco Freire
Trecho extraído de publicação originária do Blog Luiz Eduardo Costa
As Duas Coreias, a Guerra e Aracaju
Por Luiz Eduardo Costa
A guerra da
Coréia acabou em 1953. Desde que se iniciara uns dois anos antes, os americanos
insistiam que o Brasil enviasse tropas para combater ao lado deles. Quando a
Segunda Guerra acabou, as tropas japonesas saíram da península coreana que
ocupavam, transformando o país em colônia. Americanos ocuparam a parte sul e os
russos e chineses a parte norte. Eram separados pelo paralelo 38, que se tornou
uma referência importante durante o conflito. A guerra começou quando, depois
de escaramuças ao longo do paralelo limite, tropas do norte, apoiadas pelos
chineses, teriam invadido o sul e os americanos logo entraram em ação.
Alguns
setores militares se mostravam favoráveis à entrada do Brasil no conflito,
alegando que a luta era do “mundo livre” contra o comunismo. Houve reação
contra essa ideia idiota de enviar brasileiros para servirem de bucha de
canhão, numa guerra longínqua onde não estavam envolvidos nossos modestíssimos
interesses de país, pobre, sem presença internacional. Os que se manifestavam
contra logo foram carimbados como comunistas. De fato, o Partido Comunista
estava envolvido na campanha: Nenhum Brasileiro na Coréia.
Em Aracaju,
durante a campanha para a Prefeitura em 1952, o PCB apresentou como candidato,
o professor Franco Freire, um respeitado mestre que ensinava inglês e dirigia o
Departamento de Educação. Franco Freire era militante comunista e, junto com
outros intelectuais do partido, elaborou um plano de governo para Aracaju, que,
estranhamente, colocava em primeiro plano a luta pelo não envolvimento do
Brasil na guerra coreana. Nos comícios, os oradores falavam sobre a guerra na
Coréia, denunciavam o governo de Getúlio, que estaria preparando o envio de
tropas brasileiras para o conflito, resultante do imperialismo americano, que
queria o controle da península coreana para, de lá, ameaçar a China, que, desde
1948, se tornara comunista.
O povo não
entendia aquela arenga, não sabia onde ficava nem a Coréia nem a China, e o
imperialismo, União Soviética, eram coisas que absolutamente não lhes
interessavam. O professor Franco Freire, apesar de ser um homem moralmente
integro, intelectualmente qualificado, recebeu um reduzido número de votos.
Na época se
formou, um favelão no Bairro Industrial, numa área aterrada sobre o mangue, em
frente onde hoje está quase concluído um novo Shopping. Ao favelão, o povo logo
lhe deu um nome: Coréia Sebosa...
Trecho de artigo e foto reproduzidos do blogluizeduardocosta.com.br
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