terça-feira, 8 de maio de 2018

As Duas Coréias, a Guerra e Aracaju

Professor Manoel Franco Freire 

Trecho extraído de publicação originária do Blog Luiz Eduardo Costa

As Duas Coreias, a Guerra e Aracaju
Por Luiz Eduardo Costa

          A guerra da Coréia acabou em 1953. Desde que se iniciara uns dois anos antes, os americanos insistiam que o Brasil enviasse tropas para combater ao lado deles. Quando a Segunda Guerra acabou, as tropas japonesas saíram da península coreana que ocupavam, transformando o país em colônia. Americanos ocuparam a parte sul e os russos e chineses a parte norte. Eram separados pelo paralelo 38, que se tornou uma referência importante durante o conflito. A guerra começou quando, depois de escaramuças ao longo do paralelo limite, tropas do norte, apoiadas pelos chineses, teriam invadido o sul e os americanos logo entraram em ação.

          Alguns setores militares se mostravam favoráveis à entrada do Brasil no conflito, alegando que a luta era do “mundo livre” contra o comunismo. Houve reação contra essa ideia idiota de enviar brasileiros para servirem de bucha de canhão, numa guerra longínqua onde não estavam envolvidos nossos modestíssimos interesses de país, pobre, sem presença internacional. Os que se manifestavam contra logo foram carimbados como comunistas. De fato, o Partido Comunista estava envolvido na campanha: Nenhum Brasileiro na Coréia.

          Em Aracaju, durante a campanha para a Prefeitura em 1952, o PCB apresentou como candidato, o professor Franco Freire, um respeitado mestre que ensinava inglês e dirigia o Departamento de Educação. Franco Freire era militante comunista e, junto com outros intelectuais do partido, elaborou um plano de governo para Aracaju, que, estranhamente, colocava em primeiro plano a luta pelo não envolvimento do Brasil na guerra coreana. Nos comícios, os oradores falavam sobre a guerra na Coréia, denunciavam o governo de Getúlio, que estaria preparando o envio de tropas brasileiras para o conflito, resultante do imperialismo americano, que queria o controle da península coreana para, de lá, ameaçar a China, que, desde 1948, se tornara comunista.

          O povo não entendia aquela arenga, não sabia onde ficava nem a Coréia nem a China, e o imperialismo, União Soviética, eram coisas que absolutamente não lhes interessavam. O professor Franco Freire, apesar de ser um homem moralmente integro, intelectualmente qualificado, recebeu um reduzido número de votos.

          Na época se formou, um favelão no Bairro Industrial, numa área aterrada sobre o mangue, em frente onde hoje está quase concluído um novo Shopping. Ao favelão, o povo logo lhe deu um nome: Coréia Sebosa...

Trecho de artigo e foto reproduzidos do blogluizeduardocosta.com.br

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