Artes plásticas, música e audiovisual celebram
os 70 anos de Joubert Moraes.
Foto: Tanit Bezerra
Publicado originalmente no site do Jornal da Cidade, em 20/12/2017
De ‘Cor Nua’, Joubert Moraes em festa
Numa celebração à vida e obra, o artista de múltiplas artes
lança álbum duplo.
Por: Gilmara Costa/Equipe JC
Sem tempo a perder, em tempo de celebrar e no tempo do
artista de sensibilidade múltipla, que se fez/faz energia radiante em tela e
esculturas, é chegada a hora de irradiar composições restritas a um universo de
notívagos na capital sergipana, com ecos pelo país reverberados por amigos
persistentes em registrar cada letra ao tom de Joubert Moraes. ‘Cor Nua’ é o
primeiro disco dele, que será lançado hoje, 20, às 19h, no Museu da Gente
Sergipana, onde também acontece a exposição ‘Joubert 70’ e a exibição do documentário
‘Aracajoubert’, dirigido por Jade Moraes.
A noite será de celebração dos 70 anos de vida e cinco
décadas de música, estes consagrados num álbum duplo, com 23 faixas, algumas
com gravações de um passado que hoje se faz presente; outras, com releituras
presentes assinadas por uma turma que convive, admira e é influenciada pela
arte de Joubert. Será o (re) começo de um artista que ‘é o que viveu’ e o que
ainda tem por viver.
“São 50 anos de música, de tocar de conhecer muitos
artistas. E ‘Cor Nua’ é a letra que escrevi com Maria Cida, que conheci quando
estava expondo em São Paulo. E que agora é disco, sem pressa, embora eu tenha
tido muitas oportunidades de gravar, ficava sempre adiando. E escondendo as
letras, pois não gostava de dar. E agora, nessa celebração, com encontros e
reencontros, estou feliz ao redescobrir minhas harmonias, o carinho. A turma
fez uma releitura tão bonita que quando vi tocando, os olhos ficaram cheio de
lágrimas. É um recomeço, e que vai continuar, estou mais na relação de cantar e
o que não se pode perder é tempo”, afirmou Joubert Moraes.
Numa espécie de escultura trabalhada a mais de uma dezena de
pares de mãos e feito tela com cores coletivamente pinceladas, o disco duplo
foi produzido pelo jovem artista Dudu Prudente, que juntamente com Pedrinho
Mendonça comandam marcam a presença no álbum com a percussão. “Joubert é pura
emoção e um cara que sempre se fez presente na minha vida, e me espelhei no
universo dele. Tivemos uma aproximação há mais de dez anos com o universo
musical dele, até então pouco conhecidas, com parcerias incríveis com Mário
Jorge, poeta antológico, Bene Fonteles, Alcides Melo e tantos outros. Então,
fui sendo tocado pelas composições que nunca haviam sido gravadas, ninguém
conhecia aquilo ali, além do universo dele, ali restrito de amigos, as pessoas
não conheciam, eram inéditas. E há seis começamos a gravar esse disco”, revelou
Dudu Prudente.
Na sede de uma verdadeira desnude do cantor e compositor
Joubert, o disco inicialmente projetado para apenas um volume se tornou duplo,
com a expressividade sonora de Joubert em voz e violão. “Chegou um momento em
que sentimos a necessidade e de colocar muito mais coisa, o disco com banda tem
nove músicas, mas tinha mais pérolas que não iam para o disco e que tinha
registro há mais de 20 anos, da época que ele ainda tocava violão. E foi assim,
que eu e Júlio Rêgo, tivemos a ideia de remixar e remasterizar, fazendo o disco
duplo”, explicou.
Dos artistas
Responsável pelos arranjos, o violinista Rodrygo Besteti não
esconde a admiração pela sensibilidade sonora de Joubert, tão pulsante quanto a
arte expressa através do trabalho com as mãos. “Joubert é uma das escolas da
noite aracajuana, é uma figura que dispensa comentários, um cara excepcional
das artes plásticas e musical. E a partir do contato com as composições e a
pesquisa, gravando e observando ele cantar, fui fazendo os arranjos. Toda
música tem uma história, uma poesia por trás e essa ideia musical ele nos
deixou bem à vontade. É como se pegasse uma mulher bonita e a deixasse ainda
mais linda. Trabalho com esse embelezamento de uma coisa mais existente”,
ressaltou.
Para Júlio Rêgo, que já compartilhou de momentos musicais
com Joubert Moraes, o lançamento do álbum é uma obra final de uma história
‘cantada’ há anos, à penumbra da manifestação artística de Joubert em telas e
esculturas. “É um arremate dos encontros e obra desse artista que é referencial
para mim e tantos outros. Ele sempre esteve à frente nas ideias, no que ele
fazia. Esse disco foi a oportunidade que tivemos de começar uma história nova
de algo que já existia, de clássicos que ouvíamos. E muito da sensibilidade de
artista plástico está na interpretação dele, pois, prestando atenção é como se
ele estivesse pintando. E se olhar bem como é pintura mesmo, tem uns acordes em
que a impressão que dá é de sol maior, mas tem a nuance como uma pintura que
você vê a cor de Joubert no quadro, e que não é vermelho e nem rosa, é um pôr
do sol. As cores dele são bem assim, ele é muito sutil. Nos quadros de Joubert,
ele trabalha muito com a luz. Se você pega um quadro dele, dependendo da luz,
muda completamente porque tem muita nuance e a maneira dele interpretar é
assim. Existe mil maneiras de fazer arranjos, e esse disco é apenas uma das
maneiras”, disse Júlio Rêgo.
Também presente no disco e com o privilégio de ter gravado
anteriormente com Joubert Moraes, Tatiana Cobbett, destaca a importância do
legado de um artista que tem múltiplas facetas artísticas. “Esse trabalho tem
ao mesmo tempo o resgaste, que mexe com essa memória musical da cidade, da qual
Joubert é um ícone, pois essa musicalidade dele não é de hoje. Embora o artista
plástico fosse bem mais exposto do que o músico, ao seu redor, os jovens
artistas sempre reconheceram em Joubert esse potencial. E agora ver outra
turma, a terceira geração, retomar essa obra, com uma releitura contemporânea,
é maravilhoso. E foi um trabalho feito respeitando o tempo do artista, que se
renova e contempla, deixando um legado sonoro para a posteridade”, afirmou.
Texto e imagem reproduzidos do site: jornaldacidade.net
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