Maria Hermínia autografando Vultos da História da Educação
em Sergipe
Foto: Shirley Rocha
Publicado originalmente no blog Academia Literária de Vida, em 21/08/2018
Hermínia Caldas guardiã da memória cívica do Estado
De Sandra Natividade
A menina nascida
em Santa Cruz do Sítio, município de Propriá/Sergipe, mas registrada na cidade
de Japaratuba do mesmo Estado, filha de José de Aguiar Caldas e Maria Silva
Caldas é a nossa joia rara, Maria Hermínia Caldas ou simplesmente professora
Hermínia. Amiga dedicada e leal, patrimônio da educação e civismo de Sergipe,
sua vida marca época, durante o tempo laboral doou saberes à educação em
diversos estabelecimentos de ensino, entre eles: Instituto de Educação Rui
Barbosa, Colégios Estadual, Atheneu Sergipense, Nossa Senhora de Lourdes,
Tiradentes e Pré-vestibulares das Faculdades de Serviço Social e Pio Décimo,
ministrando as disciplinas Língua Portuguesa e Literatura, Francês, Espanhol,
Latim, Psicologia e Pedagogia essas as disciplinas que se especializou e
escolheu partilhar com discentes durante seu trajeto na docência. Professora
Hermínia construiu história de vida ao lado dos alunos que tanto amava sem
distinção, hoje aonde chega, como toda professora dedicada é circundada por
pessoas adultas reconhecendo-a como aquela que sempre ensinou para a construção
da vida profissional de muitos.
Na Secretaria de
Educação do Estado assumiu cargos burocráticos, contudo um lhe projetou foi o
de maior relevância para o próprio Estado - presidente da Comissão de Moral e
Civismo. Para a inesquecível escritora Lígia Pina (in memoriam) em seu livro A
MULHER NA HISTÓRIA, “Hermínia é a guardiã da memória cívica do País, em nosso
Estado”. Ela respira amor pela pátria e por seu Estado, abrem-se espaços quando
a mestra com fala mansa se reporta aos valores pátrios. Professora Hermínia
Caldas é escritora, poetisa, autora de projetos consistentes nas áreas social e
da educação foi uma das pioneiras da Nova Hora Literária ao lado de
catedráticas como Maria Conceição Ouro Reis, Leyda Régis, Yvone Mendonça de
Sousa e Cléa Brandão informação que encontrei cotejando A Mulher na História.
Essa confraria mais tarde se tornaria Academia Literária de Vida - ALV. O
início da ALV se identifica com a Academia Sergipana de Letras, ambas nasceram
de confraria.
Para a escritora
ucraniana Clarice Lispector “O que é verdadeiramente imoral é ter desistido de
si mesmo”, Hermínia trabalhou todo o tempo e mesmo aposentada continua
produzindo, isto é não desistir de si mesmo - é uma honra tê-la entre nós -
lucidez, disposição e criatividade são suas aliadas de primeira hora, creio
logo em breve ter no prelo nova obra de sua autoria, vejo nessa abnegada de
passinhos curtos um presente de Deus. Ela escreve e como escreve, produz e cria
além da conta, é prazeroso receber anualmente ATIVIDADES um indicativo com as
Atividades Gerais da ALV, reunindo controle de pagamento, calendário, endereço
completo das acadêmicas com data de nascimento e ainda espaço para as
atividades extraordinárias; a criatividade realmente reside nessa catedrática
que na forma de folder faz inúmeros fascículos, a exemplo: Boas Festas, Boletim
Cívico, Reedição de uma palestra de 1998 de sua amiga Lígia Pina sob o título
Nasce uma Capital, Mulheres Sergipanas e ultimamente criou o "Projeto
Conheça mais as Acadêmicas da ALV”, iniciando com a biografia da confreira
Josefina Cardoso Braz, isto é gratificante.
Ao escrever o
poema sob o título O Ateu, do qual transcrevo o primeiro trecho, a ilustre
confreira Hermínia Caldas expõe sem reserva sua veia poética:
Dizes que és ateu
Somente porque queres
Ser maior que o Senhor?
Ou, então pretendes
Do teu viver apagar
Os lumes todos da vida,
As luzes do teu olhar
Para não enxergares longe,
As coisas que te respondem:
Deus realmente há!
Ou talvez, não queiras
Nem um momento ouvir
As queixas do coração
Nem a voz da consciência
Que te diz com insistência:
Deus realmente existe!...
(escrito em 1966) publicado no Jornal da ALV/1997.
Gosto de
observá-la, olhando a placidez de sua face, lembro o que Abraão falou em Gn.
22.8/a “Deus proverá”, é assim que a vejo como se estivesse sempre na vanguarda
agradecendo e confiando na provisão de Deus.
Trago a lume uma
passagem que li sobre ela na Revista da ALV editada pela jornalista e confreira
Shirley Rocha, à época 2002, em comemoração aos dez anos de existência do
sodalício, informando as homenagens prestadas pelos colegas de trabalho de
Hermínia Caldas na passagem dos cinquenta anos de magistério da mestra. No
artigo/ reportagem, diz taxativamente que a rua onde reside a homenageada parou
ao som de música, fogos de artificio e, Hermínia recebendo flores, doces e
ouvindo efusivos discursos. A palavra de Deus explica isto com o versículo “Dai
a cada um o que lhe é devido: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto;
a quem temor, temor; a quem honra, honra”. Rm. 13.7.
Hermínia é
solteira, mas o magistério e seu estilo de ser fizeram-na mãe de filhos
incontáveis que a reverenciam com o respeito e atenção que merece.
Saúde, paz e
alegria caríssima confreira professora Hermínia Caldas,
Deus a abençoe
sempre.
Texto e imagem reproduzidos do blog: academialiterariadevida.blogspot.com
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