quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Hermínia Caldas guardiã da memória cívica do Estado

Maria Hermínia autografando Vultos da História da Educação em Sergipe
Foto: Shirley Rocha

Publicado originalmente no blog Academia Literária de Vida, em 21/08/2018

Hermínia Caldas guardiã da memória cívica do Estado

De Sandra Natividade

    A menina nascida em Santa Cruz do Sítio, município de Propriá/Sergipe, mas registrada na cidade de Japaratuba do mesmo Estado, filha de José de Aguiar Caldas e Maria Silva Caldas é a nossa joia rara, Maria Hermínia Caldas ou simplesmente professora Hermínia. Amiga dedicada e leal, patrimônio da educação e civismo de Sergipe, sua vida marca época, durante o tempo laboral doou saberes à educação em diversos estabelecimentos de ensino, entre eles: Instituto de Educação Rui Barbosa, Colégios Estadual, Atheneu Sergipense, Nossa Senhora de Lourdes, Tiradentes e Pré-vestibulares das Faculdades de Serviço Social e Pio Décimo, ministrando as disciplinas Língua Portuguesa e Literatura, Francês, Espanhol, Latim, Psicologia e Pedagogia essas as disciplinas que se especializou e escolheu partilhar com discentes durante seu trajeto na docência. Professora Hermínia construiu história de vida ao lado dos alunos que tanto amava sem distinção, hoje aonde chega, como toda professora dedicada é circundada por pessoas adultas reconhecendo-a como aquela que sempre ensinou para a construção da vida profissional de muitos.

    Na Secretaria de Educação do Estado assumiu cargos burocráticos, contudo um lhe projetou foi o de maior relevância para o próprio Estado - presidente da Comissão de Moral e Civismo. Para a inesquecível escritora Lígia Pina (in memoriam) em seu livro A MULHER NA HISTÓRIA, “Hermínia é a guardiã da memória cívica do País, em nosso Estado”. Ela respira amor pela pátria e por seu Estado, abrem-se espaços quando a mestra com fala mansa se reporta aos valores pátrios. Professora Hermínia Caldas é escritora, poetisa, autora de projetos consistentes nas áreas social e da educação foi uma das pioneiras da Nova Hora Literária ao lado de catedráticas como Maria Conceição Ouro Reis, Leyda Régis, Yvone Mendonça de Sousa e Cléa Brandão informação que encontrei cotejando A Mulher na História. Essa confraria mais tarde se tornaria Academia Literária de Vida - ALV. O início da ALV se identifica com a Academia Sergipana de Letras, ambas nasceram de confraria.

    Para a escritora ucraniana Clarice Lispector “O que é verdadeiramente imoral é ter desistido de si mesmo”, Hermínia trabalhou todo o tempo e mesmo aposentada continua produzindo, isto é não desistir de si mesmo - é uma honra tê-la entre nós - lucidez, disposição e criatividade são suas aliadas de primeira hora, creio logo em breve ter no prelo nova obra de sua autoria, vejo nessa abnegada de passinhos curtos um presente de Deus. Ela escreve e como escreve, produz e cria além da conta, é prazeroso receber anualmente ATIVIDADES um indicativo com as Atividades Gerais da ALV, reunindo controle de pagamento, calendário, endereço completo das acadêmicas com data de nascimento e ainda espaço para as atividades extraordinárias; a criatividade realmente reside nessa catedrática que na forma de folder faz inúmeros fascículos, a exemplo: Boas Festas, Boletim Cívico, Reedição de uma palestra de 1998 de sua amiga Lígia Pina sob o título Nasce uma Capital, Mulheres Sergipanas e ultimamente criou o "Projeto Conheça mais as Acadêmicas da ALV”, iniciando com a biografia da confreira Josefina Cardoso Braz, isto é gratificante.

    Ao escrever o poema sob o título O Ateu, do qual transcrevo o primeiro trecho, a ilustre confreira Hermínia Caldas expõe sem reserva sua veia poética:

Dizes que és ateu
Somente porque queres
Ser maior que o Senhor?
Ou, então pretendes
Do teu viver apagar
Os lumes todos da vida,
As luzes do teu olhar
Para não enxergares longe,
As coisas que te respondem:
Deus realmente há!
Ou talvez, não queiras
Nem um momento ouvir
As queixas do coração
Nem a voz da consciência
Que te diz com insistência:
Deus realmente existe!...

(escrito em 1966) publicado no Jornal da ALV/1997.

    Gosto de observá-la, olhando a placidez de sua face, lembro o que Abraão falou em Gn. 22.8/a “Deus proverá”, é assim que a vejo como se estivesse sempre na vanguarda agradecendo e confiando na provisão de Deus.

    Trago a lume uma passagem que li sobre ela na Revista da ALV editada pela jornalista e confreira Shirley Rocha, à época 2002, em comemoração aos dez anos de existência do sodalício, informando as homenagens prestadas pelos colegas de trabalho de Hermínia Caldas na passagem dos cinquenta anos de magistério da mestra. No artigo/ reportagem, diz taxativamente que a rua onde reside a homenageada parou ao som de música, fogos de artificio e, Hermínia recebendo flores, doces e ouvindo efusivos discursos. A palavra de Deus explica isto com o versículo “Dai a cada um o que lhe é devido: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem temor, temor; a quem honra, honra”. Rm. 13.7.

    Hermínia é solteira, mas o magistério e seu estilo de ser fizeram-na mãe de filhos incontáveis que a reverenciam com o respeito e atenção que merece.

    Saúde, paz e alegria caríssima confreira professora Hermínia Caldas,

    Deus a abençoe sempre.

Texto e imagem reproduzidos do blog: academialiterariadevida.blogspot.com

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