Foto: Google - Arquivo Nacional
Publicado originalmente no site do Portal da ALESE, em 03 de setembro de 2018
Nome de Maria Beatriz será gravado em Comenda Cultural
Por Stephanie Macêdo – Rede Alese
A sergipana Maria Beatriz Nascimento terá seu nome gravado em
Comenda Cultura que foi aprovada por
unanimidade pela Casa Legislativa de Sergipe. A comenda foi proposta pela
deputada petista, Ana Lula, por meio de Projeto de Resolução de nº 38/2018, que
fora aprovado durante votação de Projetos de Lei no último dia 28 de agosto.
Intelectual, pesquisadora e ativista, Beatriz Nascimento
nasceu em Aracaju, em 12 de julho de 1942, filha da dona de casa Rubina Pereira
do Nascimento e do pedreiro Francisco Xavier do Nascimento. Ela e seus dez
irmãos migraram com a família para o Rio de Janeiro na década de 1950. Com 28
anos iniciou o curso de graduação em História, na Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ), formando-se em 1971. Durante a graduação fez estágio no
Arquivo Nacional com o historiador José Honório Rodrigues.
Para a deputada Ana Lula, “Beatriz era uma grande teórica e
pesquisadora da histórica do negro no Brasil na ótica da pesquisa dos quilombos.
“Comenda terá o nome de Maria Beatriz
para homenagear e fazer referência às pessoas que promovem e
trabalham para a cultura no Estado. Ela tem cerca de 10 livros
publicados,e em Aracaju, tem seu nome dado na ocupação do Japãozinho”,
explica Ana Lúla.
Além da militância intelectual, Beatriz era poetisa. Sua
poesia traz à cena a experiência de ser mulher negra. Essa sensibilidade se
traduziu em toda sua escrita. Estava fazendo mestrado em comunicação social, na
UFRJ, sob orientação de Muniz Sodré, quando sua trajetória foi interrompida.
Beatriz foi assassinada ao defender uma amiga de seu companheiro violento,
deixando uma filha. Faleceu em 28 de
janeiro de 1995 no Rio de Janeiro.
História de Vida
Formada, passaria a trabalhar como professora de História da
rede estadual de ensino do Rio de Janeiro, articulando ensino e pesquisa. Nessa
mesma época, passaria a exercer sua militância intelectual através de temáticas
e objetos ligados à história e à cultura negras. Esteve à frente da criação do
Grupo de Trabalho André Rebouças, em 1974, na Universidade Federal Fluminense
(UFF), compartilhando com estudantes negros universitários do Rio e de São
Paulo a discussão da temática racial na academia e na educação em geral.
Exemplo dessa militância intelectual foi a sua participação como conferencista
na Quinzena do Negro, realizada na USP, em 1977, evento que se configurou como
importante encontro de pesquisadores negros.
Concluiu a Pós-graduação lato sensu em História, na
Universidade Federal Fluminense (UFF), em 1981, com a pesquisa “Sistemas
alternativos organizados pelos negros: dos quilombos às favelas”, mas seu
trabalho mais conhecido e de maior circulação foi o filme Ori (1989, 131 mim),
de sua autoria, dirigido pela socióloga e cineasta Raquel Gerber. O filme,
narrado pela própria Beatriz, apresenta sua trajetória pessoal como forma de
abordar a comunidade negra em sua relação com o tempo, o espaço e a
ancestralidade, emblematicamente representados na ideia de quilombo.
Beatriz Nascimento, ao longo de vinte anos, tornou-se
estudiosa das temáticas relacionadas ao racismo e aos quilombos, abordando a
correlação entre corporeidade negra e espaço com as experiências diaspórias dos
africanos e descendentes em terras brasileiras, por meio das noções de
“transmigração” e “transacionalidade”. Seus artigos foram publicados em
periódicos como Revista de Cultura Vozes, Estudos Afro-Asiáticos e Revista do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, além de inúmeros artigos e
entrevistas a jornais e revistas de grande circulação nacional, a exemplo do
suplemento Folhetim da Folha de S. Paulo, Isto é, jornal Maioria Falante,
Última Hora e a revista Manchete.
Com informações do site; antigo, acordacultura
Texto e imagem reproduzidos do site: al.se.leg.br
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