quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Nome de Maria Beatriz será gravado em Comenda Cultural

Foto: Google - Arquivo Nacional

Publicado originalmente no site do Portal da ALESE, em 03 de setembro de 2018

Nome de Maria Beatriz será gravado em Comenda Cultural

Por Stephanie Macêdo – Rede Alese

A sergipana Maria Beatriz Nascimento terá seu nome gravado em Comenda Cultura que foi  aprovada por unanimidade pela Casa Legislativa de Sergipe. A comenda foi proposta pela deputada petista, Ana Lula, por meio de Projeto de Resolução de nº 38/2018, que fora aprovado durante votação de Projetos de Lei no último dia 28 de agosto.

Intelectual, pesquisadora e ativista, Beatriz Nascimento nasceu em Aracaju, em 12 de julho de 1942, filha da dona de casa Rubina Pereira do Nascimento e do pedreiro Francisco Xavier do Nascimento. Ela e seus dez irmãos migraram com a família para o Rio de Janeiro na década de 1950. Com 28 anos iniciou o curso de graduação em História, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), formando-se em 1971. Durante a graduação fez estágio no Arquivo Nacional com o historiador José Honório Rodrigues.

Para a deputada Ana Lula, “Beatriz era uma grande teórica e pesquisadora da histórica do negro no Brasil na ótica da pesquisa dos quilombos. “Comenda terá o nome de Maria Beatriz  para homenagear  e  fazer referência às pessoas que promovem e trabalham para a cultura no Estado. Ela tem cerca de 10 livros publicados,e  em Aracaju,  tem seu nome dado na ocupação do Japãozinho”, explica Ana Lúla.

Além da militância intelectual, Beatriz era poetisa. Sua poesia traz à cena a experiência de ser mulher negra. Essa sensibilidade se traduziu em toda sua escrita. Estava fazendo mestrado em comunicação social, na UFRJ, sob orientação de Muniz Sodré, quando sua trajetória foi interrompida. Beatriz foi assassinada ao defender uma amiga de seu companheiro violento, deixando uma filha.  Faleceu em 28 de janeiro de 1995 no Rio de Janeiro.

História de Vida

Formada, passaria a trabalhar como professora de História da rede estadual de ensino do Rio de Janeiro, articulando ensino e pesquisa. Nessa mesma época, passaria a exercer sua militância intelectual através de temáticas e objetos ligados à história e à cultura negras. Esteve à frente da criação do Grupo de Trabalho André Rebouças, em 1974, na Universidade Federal Fluminense (UFF), compartilhando com estudantes negros universitários do Rio e de São Paulo a discussão da temática racial na academia e na educação em geral. Exemplo dessa militância intelectual foi a sua participação como conferencista na Quinzena do Negro, realizada na USP, em 1977, evento que se configurou como importante encontro de pesquisadores negros.

Concluiu a Pós-graduação lato sensu em História, na Universidade Federal Fluminense (UFF), em 1981, com a pesquisa “Sistemas alternativos organizados pelos negros: dos quilombos às favelas”, mas seu trabalho mais conhecido e de maior circulação foi o filme Ori (1989, 131 mim), de sua autoria, dirigido pela socióloga e cineasta Raquel Gerber. O filme, narrado pela própria Beatriz, apresenta sua trajetória pessoal como forma de abordar a comunidade negra em sua relação com o tempo, o espaço e a ancestralidade, emblematicamente representados na ideia de quilombo.

Beatriz Nascimento, ao longo de vinte anos, tornou-se estudiosa das temáticas relacionadas ao racismo e aos quilombos, abordando a correlação entre corporeidade negra e espaço com as experiências diaspórias dos africanos e descendentes em terras brasileiras, por meio das noções de “transmigração” e “transacionalidade”. Seus artigos foram publicados em periódicos como Revista de Cultura Vozes, Estudos Afro-Asiáticos e Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, além de inúmeros artigos e entrevistas a jornais e revistas de grande circulação nacional, a exemplo do suplemento Folhetim da Folha de S. Paulo, Isto é, jornal Maioria Falante, Última Hora e a revista Manchete.

Com informações do site; antigo, acordacultura

Texto e imagem reproduzidos do site: al.se.leg.br

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