Atento, escuto o discurso de Gileno Lima na sessão inaugural da
Academia Sergipana de Medicina, há 20 anos na História
Foto: acervo ASM
Publicado originalmente no site Infonet/Blog/Lucio A. Prado Dias, em 24/12/2014
Academia Sergipana de Medicina – 20 anos na História
Por Lúcio Antônio Prado Dias
Parte 1
Vinte anos se passaram desde a memorável noite de nove de
dezembro de 1994. Naquele dia, no auditório da Sociedade Médica de Sergipe,
vinte e seis médicos sergipanos assinaram a ata de fundação da Academia
Sergipana de Medicina, escrita com exatidão pelo secretário geral ad - hoc
daquela sessão, o saudoso professor e colega José Leite Primo. Ninguém me
contou. Eu mesmo estava lá, de corpo e alma, como presidente da Sociedade
Médica, participando desse momento histórico e, mais ainda, assinando a ata,
como o mais jovem integrante do sodalício, com apenas 40 anos de idade, fato
que honra a minha trajetória de vida associativa e do qual sou eterno devedor.
Uma delegação de médicos vinda da Bahia, liderada por
Geraldo Mílton da Silveira, então presidente da coirmã baiana e Thomaz
Rodrigues Porto da Cruz, sergipano ilustre que pontifica no cenário médico da
terra de Castro Alves, abrilhantou a sessão. Coube ao saudoso Gileno da
Silveira Lima fazer a explanação inicial sobre as providências que culminaram
com a fundação e instalação da Academia, naquela memorável noite. Liderando um
grupo de destacados médicos, Gileno foi de um estoicismo e determinação
incomuns. Sabia que outras tentativas haviam ocorrido no passado, sem sucesso,
mas mesmo assim aceitou o desafio de levar a cabo tão importante realização e
assim o fez. Fica justificado, pois, o pensamento com o qual iniciei esse
artigo: “ Algo só é impossível até que alguém duvide e acabe por provar o
contrário”.
Pela sua tenacidade,
Gileno da Silveira Lima foi escolhido para ser o Presidente de Honra da
Academia. Seu amor e dedicação ao sodalício e sua paixão incontida pela
criatura, terminaram sendo reconhecidas pelos seus pares quando se referem à
entidade: “A Casa de Gileno Lima”. Como bem disse Ralph Waldo Emerson, "os
nossos atos são os nossos anjos".
Sinto-me, pois, no dever de relatar um pouco da vida de
Gileno Lima, em curta pincelada. Quando chegou a Aracaju, vindo de Laranjeiras,
onde foi médico na cidade no início dos anos 50, ele veio atuar no Hospital
Santa Isabel, chegando à direção do nosocômio em 1958, substituindo a Carlos
Firpo, tragicamente assassinado, no rumoroso episódio que ficou conhecido como
“A tragédia da Rua Campos”.
No Hospital Santa Isabel ele implementa uma ampla e geral
reforma, transformando a centenária instituição num hospital moderno. Para
viabilizar essa grande obra, Gileno recorre a um organismo internacional, a
alemã Miserior ( associação católica que através dos donativos recebidos nas
missas ajuda obras humanitárias em todo o mundo), que doa recursos
significativos para a obra de restauração do hospital.
Outra ação marcante de Gileno Lima foi promover o retorno à
casa do ilustre cirurgião Augusto Leite, para as comemorações do Jubileu de
Ouro da primeira laparotomia (cirurgia abdominal) feita em Sergipe, em 1914. Conto-lhes
o que se sucedeu. Corria o ano de 1962 – ano do Centenário do Hospital Santa
Isabel - e com a aproximação da data, Gileno prepara uma solenidade para a
inauguração das novas instalações do complexo cirúrgico, a quem denomina de
“CENTRO CIRÚRGICO Dr. AUGUSTO LEITE.” Superando todas as dificuldades e
apelando para a interferência de amigos
fraternos de Augusto Leite, (que prometera nunca mais pisar os pés no hospital
após divergências com a diretoria da entidade), o velho cirurgião finalmente
cede aos apelos e comparece ao ato inaugural. Duas grandes surpresas, porém,
ainda estavam reservadas. Com mãos firmes e técnica ainda apurada, mesmo com
idade já avançada, Augusto Leite repete o procedimento cirúrgico realizado 50
anos atrás, em uma paciente com fibrossarcoma uterino. Sensibilizado com a
iniciativa da direção do Santa Isabel,
Augusto Leite, num gesto magnânimo, doa à entidade o BISTURI DE OURO, que havia
recebido em 1958, dos seus colegas do Hospital de Cirurgia, por ocasião do
Jubileu de Ouro de sua formatura. O bisturi é recebido com todo o carinho pelo
Hospital Santa Isabel, que o instala numa redoma iluminada encravada nas
paredes centenárias da instituição. Esse episódio é um dos mais marcantes da
medicina sergipana e tem em Gileno Lima o seu idealizador e principal
articulador.
Disse Augusto Leite,
naquela oportunidade: “ Não há quem possa dizer, nem pressagiar, em termos
seguros, a grandeza de seu futuro, nesse seu grande voo de progressos. Estamos
tranquilos. Gileno está com ele; está dentro dele, com alma e coração.” E
conclui: “Cada instrumento tem uma história. O bisturi conta a história de
todos. Ainda estudante, o bisturi me abria caminho à cirurgia, circunscrito às
pequenas operações de estreante. Embalou-me, cedo, nas suas promessas,
instigado pelos pequenos sucessos operatórios. Não parou mais. Não tive mais
sossego aqui, no Santa Isabel. A
história é longa. Chegou afinal à maturidade; envelheceu, radiante, no
trabalho. Homenagearam-no, certa feita. Vestiram-no de ouro. Milagres da
bondade e generosidade de colegas do Hospital de Cirurgia. Voltou, de surpresa,
à Casa Materna. Sentiu-se feliz, acolhido por Gileno Lima. Aqui está, na sua
casinha iluminada, a recordar, com santo orgulho, a história da cirurgia em
Sergipe”, arremata.
Tempos depois, o bisturi desapareceu de sua casinha
iluminada, nem a parede existia, dele não mais se sabia o paradeiro.
Conseguimos recuperá-lo e, doado pelo Hospital Santa Isabel, encontra-se hoje
no Museu Médico de Sergipe, devidamente restaurado e guardado, como símbolo da
Medicina de Sergipe.
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Geraldo Milton com o Medalhão da Academia Sergipana de Medicina, em 2004
28/12/2014
Academia Sergipana de Medicina – 20 anos na História
Parte 2
No artigo anterior, contei pra vocês um episódio marcante na
vida de Gileno Lima, presidente de honra da Academia Sergipana de Medicina que foi o de trazer de volta ao Hospital Santa Isabel, em
1962, o médico Augusto Cezar Leite, para inaugurar as novas instalações do
centro cirúrgico e, dois anos depois, em 1964, dessa vez para as comemorações
do Jubileu de Ouro da primeira cirurgia abdominal feita em Sergipe, pelo
notável cirurgião, em 1914.
De espírito
irrequieto, mesmo já aposentado, Gileno Lima não se afasta das atividades
médicas e cabe-lhe, em 1994, desencadear o processo de fundação da Academia
Sergipana de Medicina. Instigado pelo primo e médico baiano Geraldo Milton da
Silveira, Gileno viaja a Salvador para um encontro com ele. Geraldo Milton
presidia àquela época a Academia de Medicina da Bahia.
Entusiasmado com a ideia
de ver fundada a congênere sergipana, o ilustre esculápio baiano fornece-lhe
estatutos da coirmã baiana e de outras congêneres, alimentando-o com preciosas informações. De
volta a Aracaju, Gileno forma uma comissão, composta pelos médicos
Cleovansóstenes Aguiar, Alexandre Menezes, Hugo Gurgel, Osvaldo de Souza, José
Leite Primo e Lauro Porto, para compor os primeiros quadros de patronos e
outras providências devidas.
Convidou-me então
para ser um de seus fundadores, após eu colocar, na condição de presidente da
SOMESE, toda a infraestrutura da entidade à disposição da comissão. Gileno
sempre ressaltava esse fato. Dizia que o meu nome já estava há muito tempo
aprovado em função da minha atuação em prol da categoria mas, na oportunidade,
ele omite a informação. Somente depois da minha decisão, ele me comunica o
fato.
Gileno Lima poderia
ter sido o primeiro presidente. Aliás, deveria. Declinou por humildade e amor à
Academia. Queria que outros colegas compartilhassem desse momento de alegria e
realização. No seu discurso, ele faz um histórico de todos os passos e ações
para que a Academia se tornasse realidade. Traça um breve perfil de cada membro
fundador e é aplaudido de pé pela assistência que lota o auditório.
Em toda a história
da Academia, foi um dos mais assíduos atores, vibrando com todas as suas ações
e conquistas e se colocando sempre à disposição para colaborar no que fosse
preciso. Tínhamos muito em comum. Fomos amigos e conselheiros. Trocávamos
ideias e preocupações. Em várias ocasiões encontrávamos na livraria que eu
mantinha na SOMESE e ficávamos ali, por
horas a fio, alimentando sonhos, escalando montanhas, cruzando rios, perseguindo todos os arco-íris,
sonhando com dias cada vez melhores para a nossa Academia.
Gileno Lima partiu
para a sua última morada em 5 de maio de 2006, privando-nos da sua companhia
experiente e conciliadora. Mesmo sem a presença física, a sua obra
permaneceu, eterna e imortal a nos
guiar, como facho de luz iluminando os nossos caminhos.
Não poderia, do mesmo modo, deixar de falar de
Geraldo Milton da Silveira
(foto). Nesse momento, é imperativo e dever de honra. De
temperamento afirmativo e rígido defensor das suas teses e princípios, Geraldo
esteve, ao longo de sua vida, sempre à frente das lutas e iniciativas das
entidades médicas associativas, científicas e culturais da Bahia. Presidiu a
Federação Brasileira de Gastroenterologia e a Sociedade Brasileira de
Coloproctologia. Membro da Sociedade Brasileira de História da Medicina, comandou
com brilhantismo o congresso nacional da entidade em Salvador. Foi também
presidente da Academia de Medicina da Bahia e um dos mais atuantes e ferrenhos
defensores da vetusta Faculdade de Medicina do Terreiro de Jesus, a primeira
escola médica do país, lutando pela sua recuperação e preservação. Era um
entusiasta em tudo que fazia e muito rigoroso no cumprimento dos princípios que
defendia.
Mas o que eu
gostaria mesmo de chamar a atenção é para a sua relação com a medicina de
Sergipe. Ele notabilizou-se como um dos principais artífices para a fundação da
nossa Academia, fornecendo a Gileno da Silveira Lima, seu primo e fraternal
amigo, todas as informações necessárias para o processo de sua criação, fato
que me parece justo ressaltar.
Na sessão festiva
de instalação da nossa Academia, em 9 de
dezembro de 1994, na condição de presidente da Academia de Medicina da Bahia,
ele proferiu importante discurso de saudação aos seus confrades sergipanos.
Veio da Boa Terra chefiando expressiva delegação, com destaque para os doutores
Thomaz Rodrigues Porto da Cruz, filho ilustre da terra de Tobias Barreto,
Alberto Serravalle, José Ramos de Queiroz, um dos fundadores da coirmã baiana e
a professora Maria Tereza de Medeiros Pacheco, professora de Medicina Legal da Universidade
Federal da Bahia.
No discurso, Geraldo
manifestou a sua grande satisfação em poder estar naquele momento
testemunhando
o nascimento de mais uma nova academia de Medicina e, sobretudo, a sergipana,
para a qual deu todo o seu apoio e entusiasmo.
Um ano após, em
1995, retornou para as comemorações do primeiro aniversário da Academia, assim
se repetindo por ocasião dos festejos dos cinco anos de fundação e finalmente,
pela quarta e última vez, na sessão comemorativa do primeiro decênio, ocorrida
em 9 de dezembro de 2004, liderando novamente
outra delegação de notáveis baianos. Por tudo que fez pela criação e
desenvolvimento da nossa Academia, Geraldo Milton da Silveira foi distinguido
com o título de Sócio Emérito.
O exemplo de vida de
Geraldo Milton da Silveira, falecido em Salvador, com 81 anos, em 30 de julho
de 2006, curiosamente quase três meses
após a morte do primo, Gileno Lima, permanecerá sempre presente para todos os
que tiveram o privilégio de conhecê-lo e para os mais jovens, um caminho a ser
seguido.
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Cleovansóstenes, Hamilton e este escriba: os 4 primeiros presidentes,
sendo que Gileno é Presidente de Honra
02/01/2015
Academia Sergipana de Medicina – 20 anos na História
Parte 3
Com a morte dos
primos Gileno da Silveira Lima e Geraldo Milton da Silveira, ocorrida
curiosamente no mesmo ano, a questão da imortalidade volta à cena, não compreendida por alguns. No discurso
proferido por ocasião da sessão de instalação da recém-fundada Academia
Sergipana de Medicina e traduzindo o sentimento dos coirmãos baianos, Geraldo
disse: “A imortalidade se traduz pela preservação e divulgação de feitos,
trabalhos e pesquisas dos que nos antecederam, concretizando-se assim o
pensamento de Alex Carrel ou, de certa forma, o trabalho desenvolvido pelos
monges de Salerno”.
A preservação da
história, cujo entendimento e maior significado vêm sendo cada vez mais aceitos
e exercitados no Brasil nos dias de hoje, sobretudo através das academias e dos
institutos históricos, mantém acesa a chama da memória e o sentido da
verdadeira imortalidade do pensamento e da ideia. O melhor retrato de um
povo é a sua memória, que nos propicia o
entendimento para absorver as suas mutações. A história distorcida ou
irremediavelmente perdida são crimes irreparáveis. As instituições lutam para
evitar que tais danos se concretizem. Portanto, a imortalidade concebida por
esta visão, nos distingue e engrandece.
Coube ao acadêmico
Cleovansóstenes Pereira de Aguiar a primazia de ser o primeiro presidente da
Academia Sergipana de Medicina, de 1994 a 1996. A recusa de Gileno Lima em
assumir a presidência, que vinha ao seu encontro por fluidez natural, levou a
Academia a encontrar no sanitarista e professor Cleovansóstenes Aguiar o seu
porto seguro, aclamado entusiasticamente pelos seus pares. Fato curioso é que
tanto Gileno quanto ele, exerceram, no passado, o cargo de prefeito de Aracaju
ambos, pois, com experiência administrativa. Sob o comando do sanitarista, a
Academia teve o seu primeiro estatuto e regimento aprovados em assembleia. Com
a habilidade e generosidade que lhe são peculiares, o eminente professor e
homem público administrou com eficiência os dois primeiros anos de existência
da Academia, normalmente anos difíceis para qualquer instituição. No momento da instalação, em 1994, o quadro
inicial de patronos totalizava 35 membros e não os 40 previstos na fundação. O
seu modelo se baseava na Académie Française, fundada em 1635 pelo cardeal
Richelieu, que acabou se tornando o paradigma das academias modernas,
tradicionalmente composta por 40 membros, sendo uma das mais antigas
instituições da França. Tivemos a oportunidade, eu e Henrique Batista, em momentos
distintos, de visitá-la em caráter oficial, no meu caso, com cartas de
apresentação assinadas pelo Dr. Ary de Christan, presidente da Federação
Brasileira de Academias de Medicina e pelo Dr. Pedro Kassab, ex-presidente da
AMB e pai do ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab.
Pois bem. Instalar
inicialmente a Academia sergipana com 35 patronos mostrou-se, no futuro, uma
decisão prudencial e sábia dos seus organizadores, com o objetivo de minimizar
injustiças. No final do primeiro decenário de existência da Academia, esse
quadro estava complementado, bem como gradativamente foram sendo eleitos e
empossados os primeiros ocupantes a partir da cadeira 27, sucessivamente,
começando em 1998. Até então, nos primeiros quatro anos, a Academia funcionou
apenas com os seus vinte e seis membros titulares, que assinaram a ata de
fundação.
Dirigiu a
Academia, a partir de 1996, o acadêmico José Hamilton Maciel Silva, dando
sequência a sua vida de dedicação ao associativismo, depois de presidir o
Conselho Regional de Medicina e a Sociedade Médica de Sergipe, com idêntico
sucesso e empreendedorismo. Na sua
gestão foram eleitos e empossados os
acadêmicos William Eduardo Nogueira Soares, na cadeira 27 – Patrono:
Maria do Céu Santos Pereira; Anselmo Mariano Fontes, na cadeira 28 – Patrono:
Nélson Melo; Sinval Andrade dos Santos, na cadeira 29 – Patrono: Oscar
Nascimento; Gilmário Macedo de Oliveira, na cadeira 36 – Patrono: Lourival
Bomfim.
Foi ainda na gestão
do Acadêmico José Hamilton Maciel Silva que foi criado o brasão da Academia,
mais precisamente em 1997, pelo publicitário Hélvio Dória Maciel Silva, seu
filho e prematuramente falecido no primeiro semestre deste ano. A sua sólida
formação humanista, sociológica e filosófica foram de fundamental importante
para alicerçar, em imagem, todo o simbolismo da nossa Academia.
A logomarca da
Academia Sergipana de Medicina evoca a medicina através do seu símbolo maior,
visto no alto. No quadrante superior esquerdo, está representado o objeto maior
da ciência médica: o homem. Abaixo, no quadrante inferior direito, a pena, com
a qual são registrados os progressos científicos. Nos quadrantes superior direito e inferior esquerdo os
símbolos representam a visão holística a serviço do bem-estar da humanidade e
do povo do Estado de Sergipe. Os louros homenageiam a todos aqueles que,
alicerçados nos pilares da ética, do humanismo e da busca científica, alcançam
sucesso glorificando a profissão médica, na busca incessante do diagnóstico e
tratamento. Daí a expressão contida na faixa verde com letras brancas: “Ubi est
Morbus” - Onde está a doença? Somente uma pessoa com sólida bagagem
intelectual, formação humanista e sensibilidade, predicados existentes em
Hélvio Dória Maciel Silva, poderia expressar em imagem todo o contexto da visão
e missão da entidade.
Durante
o mandato de José Hamilton Maciel Silva foi comemorado o Centenário de
Nascimento do Dr. Lauro Hora, patrono da cadeira 25, cabendo à acadêmica
Zulmira Freire Rezende, ocupante da cadeira, proferir o discurso de saudação ao
eminente médico sergipano. Era a Academia Sergipana de Medicina começando a
escrever História, nos seus primeiros cinco anos de existência. Muita coisa
ainda estaria por vir, mas contarei na próxima
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ASM nos 10 anos: Hamilton, Roberto Santos, Paes, Eduardo e Gileno Lima
11/01/2015
Academia Sergipana de Medicina – 20 anos na História
Parte 4
Cinco anos se
passaram desde a memorável noite de 9 de dezembro de 1994, na sede da Somese,
quando foi instalada oficialmente a Academia Sergipana de Medicina. Estamos agora em 1999. Por uma
deferência dos queridos confrades, à frente Gileno Lima, fui eleito como
terceiro presidente da entidade, em março desse ano. Meses depois, mais
precisamente em outubro, assumi em paralelo a recém-criada Diretoria de
Economia Médica da Associação Médica Brasileira, atendendo convite do Dr.
Eleuses Paiva. Essa nova atribuição, no entanto, não foi suficiente para
diminuir o meu entusiasmo com a nossa Academia.
Alguns fatos
merecem destaque nesse período: a filiação à Federação Brasileira de Academias
de Medicina – FBAM -, graças ao decisivo apoio do Dr. Waldenir de Bragança, que
veio a Sergipe especialmente para fazer a entrega oficial do diploma legal.
Destaco também a realização, em Aracaju, de 4 a 9 de maio de 2001, do Encontro
Nacional das Academias de Medicina, com a ilustre presença do presidente da
Academia Nacional de Medicina, professor Aloysio de Salles Fonseca e de
diversos presidentes de academias de medicina de todo o país, inclusive o da
FBAM, o Dr. Ary de Christan, do Paraná.
Nesse mandato, a
academia obteve o título de Utilidade Pública Municipal, graças a projeto da
vereadora Jane Melo, sancionado em lei pelo prefeito de então, o saudoso
governador Marcelo Déda, que compareceu pessoalmente à sede da Academia,
acompanhado do seu vice- prefeito Edvaldo Nogueira, para fazer a entrega do
documento.
Ainda em nossa
administração foram eleitos e empossados os acadêmicos Henrique Batista e
Silva, na Cadeira 31 – Patrono: Paulo de Figueiredo Parreiras Horta; Antônio
Samarone, na Cadeira 32 – Patrono: Renato Mazze Lucas; e Manoel Hermínio de
Aguiar Oliveira, na Cadeira 33 – Patrono: Roosevelt Dantas Cardoso Menezes,
todas as posses ocorrendo em 2001.
Uma sessão solene
marcou a homenagem aos acadêmicos falecidos Antônio Garcia Filho e Antônio
Fernando Dantas Maynard, que foram saudados pelos acadêmicos Francisco Prado
Reis e Luiz Hermínio de Aguiar Oliveira, respectivamente. Trouxemos a Sergipe
os professores Antonio Carlos Lima Pompeo e Carlos da Silva Lacaz, que
proferiram conferências magistrais. Ambos foram homenageados com títulos
honoríficos da Academia.
O acadêmico Hyder
Bezerra Gurgel, membro fundador da cadeira de número três, que tem como patrono
Augusto Leite, sucedeu-me no comando da Academia Sergipana de Medicina, de 2001
a 2003. Na sua administração, em 2001, ocorreram as posses das acadêmicas Déborah Pimentel, na Cadeira
34 – Patrono: Theotonílio Mesquita; e Geodete Batista, na Cadeira 37 – Patrono:
José Machado de Souza.
De 2003 a 2005, ano comemorativo do seu primeiro decenário,
a Academia foi conduzida pelo médico Eduardo Antônio Conde Garcia, cientista e
ex-reitor da UFS. A sessão solene para celebrar o 10º aniversário foi marcante
e contou com a presença do renomado professor Antônio Paes de Carvalho (RJ), da
Academia Nacional de Medicina, a quem lhe foi conferido, na oportunidade, o
título de Sócio Emérito. Da Bahia, desembarcou uma delegação de dez médicos,
liderada por Thomaz Cruz, então
presidente da congênere baiana e orador oficial da sessão. Entre os baianos, as
presenças de Geraldo Milton da Silveira, Antônio Jesuíno Neto, Roberto Santos (
ex-governador da Bahia), do casal Zilton e Sonia Andrade, de Rodolfo Teixeira,
Nelson Barros, Aleixo Sepúlveda e José de Souza Costa.
Na administração de
Garcia foram empossados os acadêmicos Marcos Ramos Carvalho, na Cadeira 30 –
Patrono: Octávio Martins Penalva e Antonio Carlos Sobral Sousa, na Cadeira 38 –
Patrono: Walter Cardoso. Fato marcante para a preservação da memória da
medicina sergipana foi a confecção de uma placa de bronze contendo os nomes de
todos os professores pioneiros da Faculdade de Medicina de Sergipe, com suas
respectivas disciplinas. Essa histórica placa encontra-se afixada na sede da
Sociedade Médica de Sergipe, em posição de destaque. A Academia de Medicina da
Bahia também foi homenageada, sendo agraciada com uma placa de bronze em
agradecimento pela sua participação na fundação da coirmã sergipana. Nesse
período foi comemorado o centenário de nascimento do patrono da Cadeira 4,
Benjamim Alves de Carvalho e a Academia obteve o Título de Utilidade Pública
Estadual, por propositura da deputada Angélica Guimarães e lei sancionada pelo
governador João Alves Filho.
Com participação em
diversos eventos nacionais promovidos pelas coirmãs e pela FBAM, em Belo
Horizonte, São Paulo, Brasília, Niterói, São Luiz, Maceió, João Pessoa e
Recife, a Academia Sergipana de Medicina foi se consolidando a cada ano e novas
ações viriam com a posse da primeira mulher, a médica e psicanalista Déborah
Pimentel, no comando da entidade, nas eleições ocorridas em 2008.
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Acadêmicos em sessão de posse
23/01/2015
Academia Sergipana de Medicina – 20 anos na História
Parte 5
A médica e psicanalista
Déborah Pimentel foi a primeira mulher a presidir a Academia Sergipana de
Medicina e a primeira a ser reeleita para a função. Nos seus dois mandatos à frente do sodalício, de 2005 a 2010, ele
deu posse ao endocrinologista Raimundo Sotero de Menezes na Cadeira 40 –
Patrono: Israel Bonomo e ao
coloproctologista Marcos Aurélio Prado Dias, na Cadeira 39 – Patrono: João
Gilvan Rocha, em 2006; ao otorrinolaringologista Jeferson D’Avila Sampaio, na
Cadeira 7 – Patrono: Carlos Firpo; ao oncologista José Geraldo Dantas Bezerra,
na Cadeira 10 – Patrono: Edelzio Vieira de Melo, ao cardiologista Marcos
Almeida Santos, na Cadeira 21 – Patrono: Abreu Fialho e ao dermatologista Fedro
Menezes Portugal, na Cadeira 22 – Patrono: Aloysio Andrade, todos no ano de
2007;
Em 2008, foram
empossados o otorrinolaringologista Marcelo da Silva Ribeiro, na Cadeira 5 –
Patrono: Canuto Garcia Moreno; o mastologista Virgílio Fernandes Araújo, na
Cadeira 8 – Patrono: Clóvis Conceição; ao neurologista Roberto César Pereira do
Prado, na Cadeira 12 – Patrono: Eronides Carvalho, ao médico do trabalho Paulo
Amado Oliveira, na Cadeira 20 – Patrono: José Thomaz D’Ávila Nabuco; à
reumatologista Elizabete Tavares, na Cadeira 24 – Patrono: Júlio Flávio Leite Prado e em
2009 foi a vez da médica anestesista Maria Helena Domingues Garcia, na Cadeira
23 – Patrono: Juliano Simões.
Ainda na
administração da acadêmica Déborah Pimentel foi aprovado, em Assembleia Geral
Extraordinária realizada em 28 de novembro de 2007, o novo Estatuto Social e o
Regimento Interno e em 2009 foi comemorado o centenário do patrono Edelzio
Vieira de Melo. Um ponto a destacar foi a conferência sobre a Vida e a Obra de
Delmiro Gouveia, proferida pelo acadêmico alagoano Geraldo Vergetti.
Outro registro
marcante em 2009 foi a comemoração do 15º aniversário de fundação da Academia,
oportunidade em que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos lançou o Selo
comemorativo à efeméride, em momento único e esplendoroso. O mandato de Déborah
foi concluído de forma exitosa com o lançamento, em 2010, do Dicionário
Biográfico de Médicos de Sergipe, uma obra inédita em todo o país e que obteve
extraordinária repercussão. Tive a felicidade, ao lado dos colegas Antônio
Samarone e Petrônio Gomes, de ser um dos coautores da obra. Em 2015, a sua
segunda edição, revista e ampliada, deverá será lançada, contando, novamente,
com o patrocínio da Universidade Tiradentes, que entendeu de imediato, desde o
primeiro momento, a importância da obra, viabilizando sua publicação. Tal gesto
de magnitude e respeito à Medicina de Sergipe coincidiu com o lançamento do seu
curso médico e agora, com o patrocínio da segunda edição, da formatura da
primeira turma, que vai acontecer no final deste ano.
Gentil e elegante também
foi a decisão da Reitoria em denominar as suas salas de aula com os nomes de todos os membros titulares da
Academia Sergipana de Medicina. Uma distinção e reverência dignificantes. Nas
comemorações do 20º aniversário da Academia, ocorridas no final do ano passado,
a participação da notável instituição de ensino genuinamente sergipana, foi
ressaltada e reconhecida. Ainda nessa profícua administração, a Academia
comemorou o centenário de nascimento do patrono Lourival Bomfim, em noite
memorável.
Déborah Pimentel foi
sucedida na presidência por Fedro Menezes Portugal, que comandou a entidade de
2010 a 2014, sendo o segundo presidente a ser reconduzido por seus pares. Entre
as suas realizações destacamos as comemorações do Jubileu de Ouro da Faculdade de
Medicina de Sergipe, ocorrido em 2011, quando foram homenageados os professores
pioneiros, especialmente o professor Antônio Garcia Filho, com a inauguração de
sua herma nos jardins do Hospital Universitário. Colóquios, seminários, sessão
solene conjunta da Academia de Medicina com a Academia de Letras e o Concerto
do Jubileu, com a Orquestra Sinfônica de Itabaiana, fizeram parte da vasta
programação comemorativa, que teve o apoio integral da UFS, Unimed e Somese.
Na sua
administração, Fedro empossou o
cirurgião cardíaco Vollmer Bomfim, na Cadeira 16 – Patrono: Hercílio Cruz e o
dermatologista Emerson Ferreira da Costa, na Cadeira 24, vaga com a morte da
acadêmica Elizabete Tavares, ocorrida em 2011.
Foram ainda
comemorados os centenários de nascimento dos patronos Carlos Melo, Roosewelt
Dantas Menezes, Lucilo da Costa Pinto, Lauro de Brito Porto e Benedicto Guedes
e realizado uma sessão solene em homenagem póstuma aos médicos Marcos Aurélio
Prado Dias e Gilton Machado Rezende. Em outubro de 2013, graças ao empenho do
presidente Fedro Portugal, foi reativada a Sociedade Brasileira de Médicos
Escritores – Sobrames Sergipe. Foi na sua gestão que aconteceram as noites
gloriosas da Cirurgia, da Ginecobstetrícia e da Pediatria, homenageando vultos
das três especialidades. Duas ilustres personalidades abrilhantaram sessões
solenes da Academia em 2012 e 2013: o médico e padre Anibal Gil, da UERJ e Genival Veloso de França, da Paraíba,
respectivamente. As administrações de
Déborah Pimentel e Fedro Portugal foram das mais operantes na história dos
vinte anos da Academia, com muitas celebrações e posses, que ajudaram a
consolidar cada vez mais a entidade no contexto da vida médica, cultural e
histórica do Estado.
Finalmente, em 2014,
foi empossado no comando da entidade o médico Paulo Amado Oliveira, em cuja
gestão se encontra comungados o entusiasmo e a dedicação, razão pelas quais
suas realizações já podem ser contadas. E é exatamente o que farei na próxima
semana, dando por encerrada essa série que rememora a trajetória de 20 anos da
Academia Sergipana de Medicina.
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Paulo Amado, à esquerda, com ex-presidentes da ASM
31/01/2015
Academia Sergipana de Medicina – 20 anos na História
Parte 6 - Final
Em apenas oito meses de gestão, Paulo Amado Oliveira,
empossado em 23 de abril de 2014 na presidência da Academia, deu seguimento às ações empreendidas pelos seus antecessores e foi mais além,
ao deslumbrar a possibilidade de realização de parcerias estratégicas. Prova
disso foi estimular e colaborar decisivamente para o início das atividades da
Sobrames – Sociedade Brasileira de Médicos Escritores – Regional Sergipe,
reativada na administração anterior. Para demonstrar que o apoio à Sobrames não
era uma simples formalidade, fez questão de participar, ao nosso lado, do XXV
Congresso Nacional da entidade, ocorrido na cidade de Recife, em outubro, onde
manteve importantes contatos com lideranças médicas brasileiras.
Visionário, liderou
movimento pioneiro em todo o país, o de congregar as entidades culturais do
Estado em torno de parcerias de cooperação mútua, conforme pôde se observar
pela sessão ocorrida em novembro do ano passado e que colocou, numa mesma mesa,
a Academia Sergipana de Letras, a Associação Sergipana de Imprensa e o
Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, fazendo renascer, em parceria com
este último, o Concurso de História da
Medicina de Sergipe, em sua quarta edição, cuja ação ocorrerá ainda esse ano.
Outra ação conjunta já definida pelas duas entidades será a realização do Colóquio
de História da Medicina, em outubro vindouro, como parte da programação
comemorativo do Dia do Médico.
Outra ação marcante
foi a Noite dos Anestesistas, dando sequencia à série iniciada na gestão
anterior, com as homenagens aos cirurgiões, ginecologistas e obstetras e
pediatras. Dessa vez, em parceria com a Cooperativa dos Anestesiologistas do
Estado de Sergipe e da Sociedade de Anestesiologia, a Academia homenageou
anestesistas sergipanos de todas as gerações. Foi uma noite esplendorosa para a
Medicina sergipana. Em 2015, já posso adiantar, a Academia Sergipana de
Medicina vai realizar a Noite dos Psiquiatras.
Em setembro de 2014,
ocorreu a posse do médico endocrinologista João Antonio Macedo Santana na
Cadeira 39 – Patrono: João Gilvan Rocha. Ele sucedeu ao fundador da cadeira, o
médico Marcos Aurélio Prado Dias. Com a posse de Macedo, o ano terminou com
todas as quarenta cadeiras ocupadas.
Novas ações começam
agora a ser planejadas e trabalhadas visando a ampliação e preservação da
memória médica. Gestões vêm sendo implementadas objetivando a fundação do
Memorial da Medicina de Sergipe, em local apropriado para tal fim. Em 2016,
quando a Academia Sergipana de Medicina terá a honra de receber, em Aracaju, as
Academias de Medicina de todo o país para a realização de mais um Conclave nacional,
quem sabe já não teremos o Memorial em funcionamento? Vale ressaltar o trabalho habilidoso e diplomático do atual
presidente Paulo Amado, no último encontro ocorrido em João Pessoa, para
viabilizar a captação de tão importante evento, que foi alcançado com a
aprovação unânime de todas as academias estaduais.
Eis, pois, a
trajetória vitoriosa da nossa Academia, no instante em que ela comemora o seu
Jubileu de Porcelana, em 20 anos de muitas realizações. O presente é a
construção da história, da tradição e da cultura. A história é o relato dos
fatos que sejam dignos de menção e consideração. A Academia Sergipana de
Medicina, a Casa de Gileno Lima, tem por missão preservar a história, a
tradição e a cultura da medicina sergipana para, na sua perenidade, deixar esse
legado cultural de hoje para o porvir do amanhã.
A morte, companheira
inseparável da vida, tirou do nosso convívio os médicos fundadores Álvaro
Santana, Eduardo Vital Santos Melo, José Maria Rodrigues Santos, Antônio
Fernando Dantas Maynard, Antônio Garcia Filho, Osvaldo Leite, Nestor Piva, José
Leite Primo, Gileno Lima e Lauro Porto, a confreira Elizabete Tavares e por
último, o acadêmico Marcos Aurélio Prado Dias, querido amigo, companheiro e
irmão. Fizeram todos a grande viagem sem retorno, mas permanecem vivos, na
memória afetiva de nossa saudade imorredoura.
Tenho um carinho
todo especial pela Academia Sergipana de Medicina, não somente porque nela
adentrei ainda jovem, pelo beneplácito unânime da comissão organizadora
comandada por Gileno Lima e outros insignes descendentes de Hipócrates, mas
principalmente por ver nela um campo fértil para a preservação da memória
médica de Sergipe.
Tomando por
empréstimo as palavras de Thomaz Cruz, proferidas na sessão comemorativa ao
decenário da nossa Academia, ocorrida em dezembro de 2004, lembro que “sonhos e
feitos se relacionam porque realizações
costumam resultar de aspirações. Às vezes, os feitos se confundem ou se
dissolvem em sonhos, mas quando anseios se cristalizam e se tornam história há
que comemorar, sobretudo se o caminho é percorrido com afinco, dedicação,
pujança”.
Tal tem sido a
trajetória da Academia Sergipana de Medicina. Vida longa, pois, para ela!
Texto e imagens reproduzidos do site: infonet.com.br/blogs/lucioapradodias
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