Foto: Arquivo UFS.
Texto publicado originalmente no site da Arquidiocese de Aracaju.
DOM LUCIANO Cabral Duarte (1971-1998)
2º Arcebispo Metropolitano | ☼ 1925 + 2018
Com o falecimento de Dom José Vicente Távora, em 1970, Dom
Luciano José Cabral Duarte, que já exercia as funções de Bispo Auxiliar, foi
nomeado pelo Papa Paulo VI, o 2º Arcebispo Metropolitano de Aracaju.
Ainda como Bispo Auxiliar de Aracaju, na condição de Diretor
da Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe, como membro do Conselho Estadual
de Educação de Sergipe, especificamente como Presidente da Câmara de Ensino
Médio e Superior, e, posteriormente, como membro atuante do Conselho Federal de
Educação, notabilizou-se pela maneira como se empenhou pela criação da
Universidade Federal de Sergipe. Sua presença atuante foi deveras marcante para
o advento da Universidade, inclusive incorporando-lhe a Faculdade Católica de
Filosofia, a Faculdade de Serviço Social e o Colégio de Aplicação, este último
por ele mesmo fundado. Atuação como Arcebispo:
1) Incrementou o cultivo das vocações sacerdotais, criando
em toda a Arquidiocese um clima, como ele sempre afirmava, de sensibilidade
vocacional. Compôs e ordenou que fosse rezada em todas as Missas a Oração pelas
Vocações Sacerdotais e Religiosas, ainda hoje rezada em toda a província
eclesiástica de Aracaju.
2) Criou várias paróquias na Capital e no interior.
3) Através de suas homilias e sermões, especialmente durante
a Semana Santa e horas católicas, doutrinava e encantava seus ouvintes pelo
brilho de sua palavra.
4) Ordenou vários sacerdotes, frutos de seu trabalho pelas
vocações sacerdotais.
5) Pouca gente sabe, mas é digno de menção o esforço
empreendido por Dom Luciano junto ao Ministério da Previdência Social para que
as empregadas domésticas de Aracaju, de Sergipe e do Brasil, pudessem usufruir
dos benefícios do Instituto de Previdência e Seguridade Social.
6) Nesta mesma dimensão, fundou a Escola João XXIII, na Vila
João Costa, para recuperação de mulheres marginalizadas e o Centro Educacional
BEM-ME-QUER, na rua São Cristóvão, para filhos de Domésticas.
7) Transferiu o Seminário Menor para o Bairro Industrial,
onde ainda hoje se encontra.
8) Recuperou a posse dos conventos Nossa Senhora do Carmo e
São Francisco, em São Cristóvão, fundando, neste último, o Museu de Arte Sacra
de Sergipe, onde se encontra o acervo valioso de imagens e objetos sacros,
legados preciosos das gerações passadas que, hoje, estão preservados graças à
instituição do referido Museu.
9) Transformou o Convento São Francisco em centro de
encontros de evangelização e estudos sociais.
10) Já o Convento do Carmo ele entregou às Irmãs Beneditinas
que, até pouco tempo, nele instalaram o Mosteiro Beneditino Nossa Senhora da
Vitória.
11) Outro ponto marcante na atuação de Dom Luciano foi a
resolução tomada por ele, juntamente com os Bispos de Estância e de Propriá,
para a fundação do Seminário Maior Nossa Senhora da Conceição, com o objetivo
de facilitar a formação dos sacerdotes para a Arquidiocese de Aracaju e para as
dioceses sufragâneas.
12) Entre as iniciativas altamente benéficas de Dom Luciano,
registre-se a presença da Comunidade SHALOM entre nós. Não só pela direção da
Rádio Cultura que lhe foi entregue, desde 1992, como também por sua atuação na
evangelização, através dos constantes encontros, que são promovidos pelos membros
da comunidade, visando à formação humana da juventude e das famílias.
13) Acolheu e estimulou também a fundação, em Aracaju, da
Associação de Dirigentes Cristãos de Empresa - ADCE, visando à divulgação dos
princípios da Doutrina Social da Igreja entre os empresários, para que exista
um fraterno relacionamento entre empregadores e empregados, dentro dos sadios
princípios da Doutrina Social da Igreja.
Para que se tenha uma idéia da ação da ADCE em Aracaju,
posso citar a realização de 21 encontros de reflexão, atingindo, mais ou menos,
500 empresários e 5 encontros de reflexão, para funcionários, abrangendo cerca
de 400, que saem cientes de que patrões e empregados não devem viver em
antagonismo, porém irmanados, tendo como fundamento os princípios da fé, da
justiça, da verdade, da solidariedade e do amor ao trabalho para que, juntos,
construam uma sociedade fraterna, próspera e pacífica.
14) Para facilitar o acesso da comunidade à programação da
Rede Vida de Televisão, empreendeu uma campanha em prol da instalação de uma
torre repetidora em Aracaju.
15) Para mostrar concretamente a viabilidade da reforma
agrária e, concomitantemente, da criação de empregos para as pessoas não
alfabetizadas ou de pouca instrução, que não possuíam terra para trabalhar, Dom
Luciano empreendeu uma bem sucedida experiência de reforma agrária em Sergipe.
Contando com a colaboração dos governadores da época, como Dr. Lourival
Batista, Dr. Paulo Barreto de Menezes e Dr. João Garcez e, ainda da Misérior,
instituição alemã, e até da maçonaria de Aracaju, a Loja Cotinguiba, Dom Luciano
José Cabral Duarte, ainda como Bispo Auxiliar e, a partir de 1971, como
Arcebispo Metropolitano de Aracaju, conseguiu recursos e comprou grandes
propriedades: duas no município de Maruim, uma em Santo Amaro das Brotas, uma
em Santa Rosa de Lima, uma em Carmópolis e uma em Divina Pastora. Essas 06
propriedades foram divididas em lotes de 33 tarefas (dez hectares) e nelas
foram assentadas 261 famílias. Antes e depois de instalados, os chefes de
família eram treinados e orientados para o cultivo da terra e tornaram-se
pequenos agricultores e criadores de gado. Muitos deles, hoje, possuem
transporte próprio e até casa em Aracaju. Esta melhoria de vida dos
participantes do projeto justifica plenamente o nome PROCASE - Promoção do
Homem do Campo de Sergipe, que, ao longo de sua existência, entre 1968 e 1988,
beneficiou cerca de 5.000 pessoas.
Trata-se de uma iniciativa-modelo que poderia muito bem
servir de orientação para os nossos governantes Nacionais, Estaduais e
Municipais, para que promovam a verdadeira reforma agrária justa e produtiva,
precedida, como aconteceu com a PROCASE, pela criteriosa escolha de quem quer,
de fato, trabalhar e pela necessária preparação para o correto uso da terra que
lhe foi doada.
Assim, a terra é dividida e quem não tem preparo para outras
atividades, ou não consegue emprego em outras áreas, acaba tendo uma ocupação,
diminuindo, com isso, os altos índices de desemprego, o grande mal da Nação
Brasileira, que tem feito tantos dos nossos irmãos caírem na marginalidade.
Fonte: Livro Presença Participativa da Igreja Católica nos
150 anos de Aracaju – Monsenhor José Carvalho
Texto reproduzido do site: arquidiocesedearacaju.org
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