quarta-feira, 30 de maio de 2018

Dom Luciano José Cabral Duarte | ☼ 1925 + 2018

Foto: Arquivo UFS.

Texto publicado originalmente no site da Arquidiocese de Aracaju.

DOM LUCIANO Cabral Duarte (1971-1998)
2º Arcebispo Metropolitano | 1925 + 2018

Com o falecimento de Dom José Vicente Távora, em 1970, Dom Luciano José Cabral Duarte, que já exercia as funções de Bispo Auxiliar, foi nomeado pelo Papa Paulo VI, o 2º Arcebispo Metropolitano de Aracaju.

Ainda como Bispo Auxiliar de Aracaju, na condição de Diretor da Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe, como membro do Conselho Estadual de Educação de Sergipe, especificamente como Presidente da Câmara de Ensino Médio e Superior, e, posteriormente, como membro atuante do Conselho Federal de Educação, notabilizou-se pela maneira como se empenhou pela criação da Universidade Federal de Sergipe. Sua presença atuante foi deveras marcante para o advento da Universidade, inclusive incorporando-lhe a Faculdade Católica de Filosofia, a Faculdade de Serviço Social e o Colégio de Aplicação, este último por ele mesmo fundado. Atuação como Arcebispo:

1) Incrementou o cultivo das vocações sacerdotais, criando em toda a Arquidiocese um clima, como ele sempre afirmava, de sensibilidade vocacional. Compôs e ordenou que fosse rezada em todas as Missas a Oração pelas Vocações Sacerdotais e Religiosas, ainda hoje rezada em toda a província eclesiástica de Aracaju.

2) Criou várias paróquias na Capital e no interior.

3) Através de suas homilias e sermões, especialmente durante a Semana Santa e horas católicas, doutrinava e encantava seus ouvintes pelo brilho de sua palavra.

4) Ordenou vários sacerdotes, frutos de seu trabalho pelas vocações sacerdotais.

5) Pouca gente sabe, mas é digno de menção o esforço empreendido por Dom Luciano junto ao Ministério da Previdência Social para que as empregadas domésticas de Aracaju, de Sergipe e do Brasil, pudessem usufruir dos benefícios do Instituto de Previdência e Seguridade Social.

6) Nesta mesma dimensão, fundou a Escola João XXIII, na Vila João Costa, para recuperação de mulheres marginalizadas e o Centro Educacional BEM-ME-QUER, na rua São Cristóvão, para filhos de Domésticas.

7) Transferiu o Seminário Menor para o Bairro Industrial, onde ainda hoje se encontra.

8) Recuperou a posse dos conventos Nossa Senhora do Carmo e São Francisco, em São Cristóvão, fundando, neste último, o Museu de Arte Sacra de Sergipe, onde se encontra o acervo valioso de imagens e objetos sacros, legados preciosos das gerações passadas que, hoje, estão preservados graças à instituição do referido Museu.

9) Transformou o Convento São Francisco em centro de encontros de evangelização e estudos sociais.

10) Já o Convento do Carmo ele entregou às Irmãs Beneditinas que, até pouco tempo, nele instalaram o Mosteiro Beneditino Nossa Senhora da Vitória.

11) Outro ponto marcante na atuação de Dom Luciano foi a resolução tomada por ele, juntamente com os Bispos de Estância e de Propriá, para a fundação do Seminário Maior Nossa Senhora da Conceição, com o objetivo de facilitar a formação dos sacerdotes para a Arquidiocese de Aracaju e para as dioceses sufragâneas.

12) Entre as iniciativas altamente benéficas de Dom Luciano, registre-se a presença da Comunidade SHALOM entre nós. Não só pela direção da Rádio Cultura que lhe foi entregue, desde 1992, como também por sua atuação na evangelização, através dos constantes encontros, que são promovidos pelos membros da comunidade, visando à formação humana da juventude e das famílias.

13) Acolheu e estimulou também a fundação, em Aracaju, da Associação de Dirigentes Cristãos de Empresa - ADCE, visando à divulgação dos princípios da Doutrina Social da Igreja entre os empresários, para que exista um fraterno relacionamento entre empregadores e empregados, dentro dos sadios princípios da Doutrina Social da Igreja.

Para que se tenha uma idéia da ação da ADCE em Aracaju, posso citar a realização de 21 encontros de reflexão, atingindo, mais ou menos, 500 empresários e 5 encontros de reflexão, para funcionários, abrangendo cerca de 400, que saem cientes de que patrões e empregados não devem viver em antagonismo, porém irmanados, tendo como fundamento os princípios da fé, da justiça, da verdade, da solidariedade e do amor ao trabalho para que, juntos, construam uma sociedade fraterna, próspera e pacífica.

14) Para facilitar o acesso da comunidade à programação da Rede Vida de Televisão, empreendeu uma campanha em prol da instalação de uma torre repetidora em Aracaju.

15) Para mostrar concretamente a viabilidade da reforma agrária e, concomitantemente, da criação de empregos para as pessoas não alfabetizadas ou de pouca instrução, que não possuíam terra para trabalhar, Dom Luciano empreendeu uma bem sucedida experiência de reforma agrária em Sergipe. Contando com a colaboração dos governadores da época, como Dr. Lourival Batista, Dr. Paulo Barreto de Menezes e Dr. João Garcez e, ainda da Misérior, instituição alemã, e até da maçonaria de Aracaju, a Loja Cotinguiba, Dom Luciano José Cabral Duarte, ainda como Bispo Auxiliar e, a partir de 1971, como Arcebispo Metropolitano de Aracaju, conseguiu recursos e comprou grandes propriedades: duas no município de Maruim, uma em Santo Amaro das Brotas, uma em Santa Rosa de Lima, uma em Carmópolis e uma em Divina Pastora. Essas 06 propriedades foram divididas em lotes de 33 tarefas (dez hectares) e nelas foram assentadas 261 famílias. Antes e depois de instalados, os chefes de família eram treinados e orientados para o cultivo da terra e tornaram-se pequenos agricultores e criadores de gado. Muitos deles, hoje, possuem transporte próprio e até casa em Aracaju. Esta melhoria de vida dos participantes do projeto justifica plenamente o nome PROCASE - Promoção do Homem do Campo de Sergipe, que, ao longo de sua existência, entre 1968 e 1988, beneficiou cerca de 5.000 pessoas.

Trata-se de uma iniciativa-modelo que poderia muito bem servir de orientação para os nossos governantes Nacionais, Estaduais e Municipais, para que promovam a verdadeira reforma agrária justa e produtiva, precedida, como aconteceu com a PROCASE, pela criteriosa escolha de quem quer, de fato, trabalhar e pela necessária preparação para o correto uso da terra que lhe foi doada.

Assim, a terra é dividida e quem não tem preparo para outras atividades, ou não consegue emprego em outras áreas, acaba tendo uma ocupação, diminuindo, com isso, os altos índices de desemprego, o grande mal da Nação Brasileira, que tem feito tantos dos nossos irmãos caírem na marginalidade.

Fonte: Livro Presença Participativa da Igreja Católica nos 150 anos de Aracaju – Monsenhor José Carvalho

Texto reproduzido do site: arquidiocesedearacaju.org

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