Foto extraída do Google
Texto publicado originalmente no site Infonet/Blogs/Claudio Nunes, em 02/06/2018
Um texto do advogado Wellington Paixão sobre o legado de
José Carlos Teixeira:
A morte de José Carlos Teixeira é emblemática. Poderia ser
um desaparecimento a que todos nós mortais estamos determinados. A morte é o destino
em estado definitivo. O falecimento de Zé Carlos transcende essa observação.
Sua morte é acompanhada de uma representatividade que escapa ao fato
corriqueiro da morte.
Se vai com Zé Carlos, uma parte importante de uma época que
só quem vivenciou pode fielmente interpretar. Parte com ele uma fatia da
história de nosso Estado.
Vivia-se nos anos de 1964 e seguintes, um ambiente de
terror. A democracia foi golpeada. Seguiu-se um longo instante de trevas que
transformou os dias de todos nós que amávamos a liberdade, a aceitação das
diferenças, o sentimento da ideia transformadora, dos que eram parceiros da
utopia a imaginarem que era possível construir uma sociedade fraterna,
igualitária e solidária. Essas foram as vítimas preferencias da truculência e
do ódio instalados no Brasil.
Um ato de força do Governo Militar extinguiu os partidos
políticos tradicionais, cerca de vinte mais ou menos, os quais abrigavam as
mais diferentes tendências de interesses, e num mesmo ato, criou dois: ARENA, partido de sustentação a Ditadura e o
MDB que abrigaria os que combateram o Golpe Militar.
Na Arena, se filiaram quase todos os políticos sergipanos,
de senadores a vereadores, bem como a maioria das lideranças políticas do
interior. JOSÉ CARLOS TEIXEIRA já era deputado federal e pela sua origem
(nascido em berço confortável e criado em meio a figuras tradicionais e
conservadoras) rompe surpreendentemente com tudo e cria o MDB.
Buscou o caminho mais árduo: Fazer oposição à Ditadura, se
opor ao universo político dominante. Para tanto, teve ajuda de alguns poucos
que tinham mandato. Não era o bastante. Convocou, num gesto de desafio e
coragem, a esquerda sergipana de todos as correntes ideológicas para ao seu
lado, notadamente os operários e estudantes, para que com ele travassem a luta
no duro combate aos que cassavam, torturavam e matavam. Uma luta em defesa da
Democracia.
Transformou o seu MDB na única trincheira democrática a
combater um governo ilegítimo instalados no Brasil e em Sergipe. Criou em
Sergipe a ideia de oposição aos que, filiados ou não ao partido do governo,
colaboravam com o regime de exceção, com um governo ilegítimo e violento.
Não se pode falar na história política de Sergipe nos
últimos 50 anos, sem que Zé Carlos seja o protagonista principal. É isso que
fenece agora... Morre uma atitude! Um exemplo de dignidade, de coragem. A leva
de políticos que militaram no campo da esquerda em Sergipe nos últimos tempos,
exceto o petismo, surgiram da luta liderada por JOSÉ CARLOS TEIXEIRA - 1986
está explicado corretamente por Marcilio Bomfim -.
O que Sergipe perde esta semana é a personificação dos que
não se abatem, dos que não fazem da prática política, um instrumento
individualista de carreirismo politiqueiro. Morre a DIFERENÇA!
Faleceu agora a
Diferença, para amargura do Estado de Sergipe.
Texto reproduzido do site: infonet.com.br/blogs/claudionunes
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