sábado, 30 de junho de 2018

Artur Oscar de Oliveira Déda não está mais entre nós. Mas fica

Foto reproduzida do Facebook/Aida Campos e 
postada pelo blog, para ilustrar o presente artigo.

Texto publicado originalmente pelo site JLPolítica, em 30 de junho de 2018.

Artur Oscar de Oliveira Déda não está mais entre nós. Mas fica

Artur Oscar de Oliveira Déda era grande a partir do nome sonoro e da ética que acostou a ele

Por Jozailto Lima

Ele era grande em tudo. Não só no tipão físico, que carregava sem nenhum desengonço. Com muita altivez.

Artur Oscar de Oliveira Déda era grande a partir do nome sonoro e da ética que acostou a ele durante uma longa vida de 86 anos completada em 2 de março deste ano.

Foi essencialnente um homem do direito, esse desembargador. E, perdão pelo trocadilho com cara de conservador, foi sobretudo um homem direito. Intelectualmente íntegro, amigueiro, cordial, mas avesso ao lado danoso e compadrioso da cordialidade.

Um homem grande também na biografia.

Privei da amizade dele, como pode privar um jornalista da de uma autoridade pública, o que quer dizer com discrição - embora entre nós contasse mais um pouco os lados da condição de escritor que compartilhamos.

Dele, guardo e sempre compartilho uma saborosa história que me contava sobre o abjeto bullying a que sempre fora submetido este notável Estado de Sergipe, que tão bem acolhe aos que o procuram como pátria alternar.

Pois bem, para ressaltar seu lado desenvolto, desembaraçado e respeitador da sua sergipanidade, ele me contava que ao chegar adolescente, lá pelos idos de 1950, para estudar no Colégio Dois de Julho, em Salvador, o melhor da Bahia, um professor de Geografia, baixinho, tentou fazer troça com ele, suas origens, seu Estado.

No primeiro dia de aula, durante a apresentação dos novos alunos, a descrição de lugares de onde vinham, ao chegar a sua vez, ele disse que era de Sergipe, de Simão Dias, de Aracaju.

Em tom hilário, o professorzinho baixinho dirigiu-se a um mapa do Brasil distendido na parede, semicerrou os olhos como se buscasse algo inachável e por fim exclamou:

- Está aqui - disse, pondo um dos dedos sobre Sergipe no mapa. E completou:

- Vou segurar, pra ver se não foge, de tão pequeno.

Artur Oscar de Oliveira Déda, ainda imberbe, não se aturdiu e, com toda fleuma, sapecou esta:

- Professor, um grande escritor da minha terra, o Gilberto Amado, já advertiu que Sergipe é pequenino para não ofuscar a grandeza dos seus filhos.

Foi aplaudido pelos demais fedelhos que chegavam para o primeiro dia de aula e o professor engoliu a seco.

O que talvez Artur Oscar de Oliveira Déda não sabia, ali naquele histórico dia de bullyng baiano, era que a frase de Gilberto Amado viria a se encaixar perfeitamente na sua persona.

Vá em paz, amigo grande.

Texto reproduzido do site: jlpolitica.com.br

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