Foto reproduzida do Facebook/Aida Campos e
postada pelo blog, para ilustrar o presente artigo.
Texto publicado originalmente pelo site JLPolítica, em 30 de junho de 2018.
Artur Oscar de Oliveira Déda não está mais entre nós. Mas fica
Artur Oscar de Oliveira Déda era grande a partir do nome
sonoro e da ética que acostou a ele
Por Jozailto Lima
Ele era grande em tudo. Não só no tipão físico, que
carregava sem nenhum desengonço. Com muita altivez.
Artur Oscar de Oliveira Déda era grande a partir do nome
sonoro e da ética que acostou a ele durante uma longa vida de 86 anos
completada em 2 de março deste ano.
Foi essencialnente um homem do direito, esse desembargador.
E, perdão pelo trocadilho com cara de conservador, foi sobretudo um homem
direito. Intelectualmente íntegro, amigueiro, cordial, mas avesso ao lado
danoso e compadrioso da cordialidade.
Um homem grande também na biografia.
Privei da amizade dele, como pode privar um jornalista da de
uma autoridade pública, o que quer dizer com discrição - embora entre nós
contasse mais um pouco os lados da condição de escritor que compartilhamos.
Dele, guardo e sempre compartilho uma saborosa história que
me contava sobre o abjeto bullying a que sempre fora submetido este notável
Estado de Sergipe, que tão bem acolhe aos que o procuram como pátria alternar.
Pois bem, para ressaltar seu lado desenvolto, desembaraçado
e respeitador da sua sergipanidade, ele me contava que ao chegar adolescente,
lá pelos idos de 1950, para estudar no Colégio Dois de Julho, em Salvador, o
melhor da Bahia, um professor de Geografia, baixinho, tentou fazer troça com
ele, suas origens, seu Estado.
No primeiro dia de aula, durante a apresentação dos novos
alunos, a descrição de lugares de onde vinham, ao chegar a sua vez, ele disse
que era de Sergipe, de Simão Dias, de Aracaju.
Em tom hilário, o professorzinho baixinho dirigiu-se a um
mapa do Brasil distendido na parede, semicerrou os olhos como se buscasse algo
inachável e por fim exclamou:
- Está aqui - disse, pondo um dos dedos sobre Sergipe no
mapa. E completou:
- Vou segurar, pra ver se não foge, de tão pequeno.
Artur Oscar de Oliveira Déda, ainda imberbe, não se aturdiu
e, com toda fleuma, sapecou esta:
- Professor, um grande escritor da minha terra, o Gilberto
Amado, já advertiu que Sergipe é pequenino para não ofuscar a grandeza dos seus
filhos.
Foi aplaudido pelos demais fedelhos que chegavam para o
primeiro dia de aula e o professor engoliu a seco.
O que talvez Artur Oscar de Oliveira Déda não sabia, ali
naquele histórico dia de bullyng baiano, era que a frase de Gilberto Amado
viria a se encaixar perfeitamente na sua persona.
Vá em paz, amigo grande.
Texto reproduzido do site: jlpolitica.com.br
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