Publicado originalmente no Portal Infonet, em 13/10/2009.
Clínica e Hospital São Lucas: 40 anos (2009) cuidando da
saúde dos sergipanos.
Nem tudo foi ruim no sombrio 1969. No futebol, surgia o
Batistão. Na saúde, nascia a Clínica que depois viria a ser o Hospital São
Lucas.
Por Lúcio Antônio Prado Dias.
Por Lúcio Antônio Prado Dias.
O ano de 1969 fluía sombrio. Vivíamos em plena ditadura
militar, com nuvens carregadas sob a
égide do AI-5.
Sergipe era governado pelo baiano de Alagoinhas Lourival Baptista, escolha do
marechal Castelo Branco, Presidente da República. No governo, Lourival designa
Eduardo Vital para a secretaria da Saúde e Gileno Lima, contrariado com os
rumos da política após desentendimentos com o governador, deixa a Prefeitura de
Aracaju.
Nem tudo,
porém, era ruim. Dois anos antes, em 1967, havia sido fundada a Universidade
Federal de Sergipe, em regime de fundação, prevalecendo as ideias de Dom
Luciano Cabral Duarte contra os argumentos de Antonio Garcia Filho, fundador da
Faculdade de Medicina, que defendia a nossa Universidade como um modelo de
autarquia.
Mas voltemos a
1969. Neste ano, a Faculdade de Medicina, com apenas 8 anos de fundada, formava
a sua quarta turma, composta pelos médicos Byron Emanoel de Oliveira Ramos,
Cleomenes da Silva Araújo, Geraldo Moreira Melo, Helio Araújo Oliveira, José
Mendonça Gonçalves de Oliveira, Manoel José Leal, Marco Aurélio Prado Dias,
Maria Janete Sá Figueiredo, Marília Souza de Oliveira, Marinice Martins
Ferreira e Wilma Gonçalves Melo Viana.
O Conselho
Regional de Medicina e a Sociedade Médica de Sergipe, as principais entidades
médicas da época, eram presididas pelos irmãos Hyder e Hugo Gurgel
respectivamente. A medicina sergipana vivia uma fase exuberante. No Hospital Cirurgia acontecia, em 12 de
maio, a primeira cirurgia cardíaca, realizada pelo cirurgião pernambucano Mauro
Arruda com o auxílio dos sergipanos Fernando Sampaio e do recém-formado Eduardo
Garcia tendo como instrumentador o doutorando Hélio Araújo. Na equipe clínica os médicos Gilton Rezende,
José Augusto Barreto e Dietrich Todt. O anestesista foi Antonio Garcia e o
paciente Manoel Pedro Machado, um homem de 65 anos, que teve um marca-passo
implantado com sucesso em seu peito.
Nesse compasso,
surge em outubro a Clínica São Lucas, num terreno ao lado da Igreja São José.
Todo o quarteirão havia sido comprado tempos atrás por um grupo de médicos para
a realização de grande empreendimento mas a maioria terminou desistindo e foi
gradativamente vendendo suas partes. Mas José Augusto Barreto, com Dietrich
Todt ao lado, acreditou e construiu inicialmente uma estrutura para atendimento
ambulatorial, com consultórios, Raio-X, laboratório e ECG, que perdura até
hoje, localizada no atual serviço de urgência. Do grupo inicial que prestava
atendimento, fazia parte os médicos Dietrich Todt, Fernando Macedo, Aírton
Teles, Edson Freire e Conrado, os três últimos comandando o serviço de Rx,
Raimundo Araújo e Joaquim Machado, eram os responsáveis pelo laboratório.
Nesses primeiros
anos, curioso observar que os médicos integrados na Clínica São Lucas faziam
atendimentos também em domicílio e para facilitar o acesso, foi adquirida uma
ambulância pelo grupo. Nessa altura, já integravam a Clínica os médicos Gilton
Rezende, Raimundo Almeida, Geraldo Melo, Henrique Batista, Lauro Fontes e
Evandro Sena e Silva.
O sonho de
partir para o hospital revoava a imaginação de José Augusto, mas ele sempre
hesitava e recuava, achava não ter vocação para empresário, afinal o que
gostava mesmo era de ser médico, atender aos seus pacientes, dar as suas aulas,
mas terminou obtendo a coragem necessária graças ao incentivo de amigos e ao
acesso que teve ao Fundo de Apoio Social oferecido pela Caixa Econômica Federal
para empreendimentos de cunho social. Era o catalizador que faltava para ir em
frente e edificar finalmente, o almejado sonho. Estávamos em 1975 e três após,
em setembro de 1978, era inaugurado o Hospital São Lucas.
Desde então,
até os nossos dias, o hospital se revelou como uma necessidade para a
comunidade, prestando serviços de qualidade e incorporando novas tecnologias,
ampliando o seu corpo clínico, implantando novos serviços, atuando com
pioneirismo em diversos procedimentos, só para citar a hemodiálise (1981), o
transplante renal (1985), a cirurgia vídeolaparoscópica (1991) e a cirurgia
bariátrica (2000), entre outros.
Em 2005 o
Hospital conseguiu obter a Acreditação do Ministério da Saúde, sendo o único do
Estado a receber tal qualificação.
O médico que
gostava de ser professor, de atender com humanismo seus pacientes, transforma-se então num grande empreendedor,
um dos maiores da história de Sergipe, mantendo sempre em evolução o maior
aglomerado privado de saúde do Estado, levando a cura e o alívio a milhares de
brasileiros que buscam seus cuidados, empregando de forma direta mais de mil
pessoas, em todas as unidades da Fundação, que incluem o Centro de Hemodiálise,
o Centrinho, o Centro de Estudos e a Creche Dom Luis Mousinho.
E o mais
extraordinário é que, com tudo isso, José Augusto não deixa de ser o médico
diligente, cuidadoso, atualizado, humano e amigo dos seus amigos. Do sonho veio
a obra que hoje, 40 anos após, dignifica a medicina sergipana.
No prédio do
Hospital há uma placa que diz: “Em outubro de 1969 germinou aqui na terra o
sonho da Clínica São Lucas. Esta obra foi edificada pelo sopro da graça de Deus
e pelo calor do coração dos amigos que, juntos, atiçaram a chama que acendeu
estas paredes e arquitetou os espaços de fé que cura todas as dores”
Nada mais
fidedigno que esse pensamento tão clarividente.
Texto e imagem reproduzidos do site: infonet.com.br/blogs/lucioapradodias
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