Publicado originalmente no site revista Mais Glória, 5 de julho de 2016.
O branco no céu azul do Sertão Sergipano.
Por Valmor Ribeiro
Aragão.
A região que compreende o Alto Sertão Sergipano é, sem
dúvida, uma dádiva abençoada por Deus. Diversas características pontuam as
maravilhas naturais e atividades ali existentes: o Velho Chico e seu cânion, a
hidrelétrica e o Lago de Xingó, a Gruta de Lampião, os sítios arqueológicos, o
Museu do Cangaço, a Caatinga, a significativa produção leiteira. A Festa do
Vaqueiro e seus parques de vaquejadas, as atrativas feiras livres, as cavalgadas
itinerantes, os pontos turísticos ribeirinhos, as festividades religiosas em
louvor às padroeiras, o forte comércio e setor de serviços e, finalmente, a
presença de um povo humilde, ordeiro e trabalhador. Eis que surge agora mais
uma maravilha para enaltecê-la ainda mais essa prodigiosa região: a presença
marcante nos seus céus das chamadas Garças-carrapateiras (Bubulcus ibis).
Ave migratória de cor branca, a garça de origem africana,
segundo pesquisadores, chegou ao Brasil por volta de 1965, tendo a Ilha de
Marajó (Pará), como porta de entrada. Elas são dotadas de um mecanismo
orientador especial, pois retornam anualmente aos mesmos lugares ocupados em
anos anteriores. Lá, elas pernoitam e se reproduzem no período que se estende
de setembro a abril, impulsionadas por fatores biológicos e ambientais. As
garças-carrapateiras agem de forma organizada e planejada com horários
habituais, tendo a chegada com previsão entre 16 e 18 horas e a partida entre
04 e 05 horas da matina, sempre vivendo em bandos de vários tamanhos.
Essas aves, embora existam em outras partes do estado, é
nitidamente observada na chamada Rota do Sertão, nas proximidades da sede do
município de Nossa Senhora da Glória, KM 01, da rodovia que dá acesso a Nossa
Senhora de Aparecida, margem esquerda da barragem do DNOCS, onde milhares de
garças se concentram, sobre uma densa cobertura vegetal, formando um extenso
lençol branco, chamando a atenção de pessoas que ali transitam.
As garças-carrapateiras são assim chamadas por serem
encontradas geralmente com o gado pastando, beneficiando-se dos carrapatos,
embora se alimentem também de grilos, lagartas, cigarrinha das pastagens,
pequenos peixes e sapos, o que não deixam de fazer um trabalho importante no
controle biológico de determinadas pragas causadoras de danos econômicos,
evitando assim o uso de agrotóxicos. Além disso, fertilizam o solo em locais
onde comumente se aglutinam, através de seus excrementos, dotados de um odor acentuado,
resultante do processo de fermentação. Não é aconselhável a aproximação de
pessoas ou indivíduos ao local habitado pelas referidas aves, dado a existência
de uma leve penumbra, odorífera, que possivelmente não fará bem a saúde humana.
Outro destaque das garças é que se reproduzem em colônias
bastante numerosas (milhares de indivíduos), próximos a lagos, barragens e
rios, formando seus ninhos sobre árvores e arbustos, expondo seus filhotes a
predadores, tais como: gaviões, carcarás, serpentes e o próprio homem. O fato é
apoiado pela teoria do “equilíbrio populacional”, sem o qual haveria uma
superpopulação no mundo, de um número altamente significativo de espécies
(animal e vegetal), gerando problemas de toda ordem, o que se tornaria
impossível ou insustentável a manutenção da vida sobre condições adversas ou
impróprias.
Texto e imagem reproduzidos do site: revistamaisgloria.com
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