sábado, 5 de agosto de 2017

O branco no céu azul do Sertão Sergipano



Publicado originalmente no site revista Mais Glória, 5 de julho de 2016.

O branco no céu azul do Sertão Sergipano.
Por Valmor Ribeiro Aragão.

A região que compreende o Alto Sertão Sergipano é, sem dúvida, uma dádiva abençoada por Deus. Diversas características pontuam as maravilhas naturais e atividades ali existentes: o Velho Chico e seu cânion, a hidrelétrica e o Lago de Xingó, a Gruta de Lampião, os sítios arqueológicos, o Museu do Cangaço, a Caatinga, a significativa produção leiteira. A Festa do Vaqueiro e seus parques de vaquejadas, as atrativas feiras livres, as cavalgadas itinerantes, os pontos turísticos ribeirinhos, as festividades religiosas em louvor às padroeiras, o forte comércio e setor de serviços e, finalmente, a presença de um povo humilde, ordeiro e trabalhador. Eis que surge agora mais uma maravilha para enaltecê-la ainda mais essa prodigiosa região: a presença marcante nos seus céus das chamadas Garças-carrapateiras (Bubulcus ibis).

Ave migratória de cor branca, a garça de origem africana, segundo pesquisadores, chegou ao Brasil por volta de 1965, tendo a Ilha de Marajó (Pará), como porta de entrada. Elas são dotadas de um mecanismo orientador especial, pois retornam anualmente aos mesmos lugares ocupados em anos anteriores. Lá, elas pernoitam e se reproduzem no período que se estende de setembro a abril, impulsionadas por fatores biológicos e ambientais. As garças-carrapateiras agem de forma organizada e planejada com horários habituais, tendo a chegada com previsão entre 16 e 18 horas e a partida entre 04 e 05 horas da matina, sempre vivendo em bandos de vários tamanhos.

Essas aves, embora existam em outras partes do estado, é nitidamente observada na chamada Rota do Sertão, nas proximidades da sede do município de Nossa Senhora da Glória, KM 01, da rodovia que dá acesso a Nossa Senhora de Aparecida, margem esquerda da barragem do DNOCS, onde milhares de garças se concentram, sobre uma densa cobertura vegetal, formando um extenso lençol branco, chamando a atenção de pessoas que ali transitam.

As garças-carrapateiras são assim chamadas por serem encontradas geralmente com o gado pastando, beneficiando-se dos carrapatos, embora se alimentem também de grilos, lagartas, cigarrinha das pastagens, pequenos peixes e sapos, o que não deixam de fazer um trabalho importante no controle biológico de determinadas pragas causadoras de danos econômicos, evitando assim o uso de agrotóxicos. Além disso, fertilizam o solo em locais onde comumente se aglutinam, através de seus excrementos, dotados de um odor acentuado, resultante do processo de fermentação. Não é aconselhável a aproximação de pessoas ou indivíduos ao local habitado pelas referidas aves, dado a existência de uma leve penumbra, odorífera, que possivelmente não fará bem a saúde humana.

Outro destaque das garças é que se reproduzem em colônias bastante numerosas (milhares de indivíduos), próximos a lagos, barragens e rios, formando seus ninhos sobre árvores e arbustos, expondo seus filhotes a predadores, tais como: gaviões, carcarás, serpentes e o próprio homem. O fato é apoiado pela teoria do “equilíbrio populacional”, sem o qual haveria uma superpopulação no mundo, de um número altamente significativo de espécies (animal e vegetal), gerando problemas de toda ordem, o que se tornaria impossível ou insustentável a manutenção da vida sobre condições adversas ou impróprias.

Texto e imagem reproduzidos do site: revistamaisgloria.com

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