quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Grota do Angico (SE): Ecoturismo, cangaço e Velho Chico

 Sede do Monumento Natural de Angico.

 Entrada da sede.

 Guia mostra a trilha do Cangaço.

 Grota do Angico.

 Beleza dos cactáceos.

Cabeça de Frade.
Fotos: Sílvio Oliveira.

Publicado originalmente no site Infonet/Blog Silvio Oliveira, em 19/05/2016. 

Grota do Angico (SE): Ecoturismo, cangaço e Velho Chico

Rio São Francisco e história do Cangaço

Por Sílvio Oliveira.

Unir a diversidade do bioma de Caatinga com um refrescante banho no rio são Francisco é uma aventura que cada vez mais atrai turistas, ávidos por trilharem os caminhos do cangaço no sertão de Sergipe. O Monumento Natural de Angico é o ponto de partida para a ecoaventura entre os municípios de Canindé do São Francisco e Poço Redondo, no Alto Sertão de Sergipe. São mais de 2.400 hectares de bioma protegido, com boa infraestrutura turística, em meio a cactáceos, pequenos arbustos, flor de mandacaru, répteis e muita história para contar. E de presente, a natureza foi generosa refrescando o final da trilha com o caudaloso banho de rio no Velho Chico.

O roteiro inicia partindo de Aracaju (SE) logo no amanhecer do dia. Poço Redondo fica a cerca de 200km da capital sergipana, numa região denominada árida, mas cheia de atrações (ver dicas). O ponto de partida é o Centro de Convivência da Unidade de Conservação da Grota do Angico, mantido pelo Governo de Sergipe na zona rural do município. Não é difícil chegar lá, mas o turista deverá estar com o sentimento de aventureiro, posto que, passa-se por uma estrada de mais de 12km de piçarra.

No Centro de Convivência há toda a infraestrutura para começar bem a trilha. Conta-se que ali era a antiga sede da fazenda Angico, visitada frequentemente por Lampião e seu bando. Por conta disso, um dos cômodos foi reformado e a casa antes de taipa foi mantida para resguardar a memória. A unidade também ganhou um mirante de onde se pode ver a magnitude da região de caatinga, a perder de vista.

A trilha é considerada de fácil grau de dificuldade, guiada por um agente florestal e de turismo, que mostram os tipos principais de cactos, bromélias e árvores nativas da caatinga.

O Plano de Manejo do Mona Angico, em sua caracterização florística, registrou a ocorrência de mais de 157 espécies nos limites da Unidade de Conservação, distribuídas em 108 gêneros e 45 famílias, ou seja, uma rica biodiversidade que pode ser apreciada na trilha.

Na caracterização da fauna, identificou-se a presença de 24 espécies de mamíferos; 124 de aves, sendo 14 espécies consideradas como endêmicas do Brasil e duas presentes na lista de espécies ameaçada do Ibama (2003), vulneráveis à extinção: o jaó-do-sul (Crypturellus noctivagu) e o chorozinho-de-papo-preto (Herpsilochmus pectoralis); 25 espécies de répteis e 18 de anfíbios.

Atmosfera nordestina - O visitante percorre cerca de 1km de trilha partindo do Centro de Convivência, quando se depara com uma parte mais íngreme. Chega-se a Grota do Angico propriamente dita, cenário da morte do maior ícone do movimento do cangaço, Virgulino Ferreira, o Lampião, além de sua companheira, Maria Bonita, com nove cangaceiros. Há uma cruz em cima de uma pedra datado o fato, ocorrido em 28 de julho de 1938.

Há muitas histórias sobre o caso, mas é sabido que o local é místico e envolto de uma atmosfera bem nordestina e quase que sagrada. Todos os anos, em julho, pesquisadores, familiares, nordestinos viajam até o local, onde é celebrada uma missa em homenagem ao Pai do Cangaço. A celebração é intensa e cheia de ritos.

O passeio só está começando. Relaxe um pouco mais com as histórias contadas pelos guias e deixe a atmosfera contagiar, pois mais uma caminhada está por vir.

A trilha de mais 1km ora sobe, ora desce, passando por percursos de riachos secos e muita história que vai desde Padre Cícero, Lampião, primeiras estradas de ferro, a cultura cangaceira, entre outros.

Percebe-se que além da preservação ambiental há todo o contexto sociocultural da região, protegendo o sítio histórico da Grota do Angico, além de ser uma região de desenvolvimento de pesquisa científica, educação ambiental, ecoturismo e visitação pública, associada ao desenvolvimento de assentamentos e ramos econômicos que envolvem a caatinga, a exemplo do mel de abelha, dos doces caseiros, dos produtos derivados do leite.

O turista observa que a trilha possui lixeiras e cordas em alguns trechos mais íngremes. O Eco Parque do Cangaço, um investimento privado à beira do rio São Francisco, está por vir.

Ao longe, ver-se o caudaloso Velho Chico, já na divisa com Alagoas. O Eco Parque é uma boa pedida para se refrescar, alimentar o corpo e relaxar bem ao estilo nordestino: em uma das redes à beira do rio e na sombra das mangueiras, com a brisa do São Francisco batendo no rosto, depois de muito calor sertanejo...

Texto e imagens reproduzidos do site: infonet.com.br/blogs/silviooliveira

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