Sede do Monumento Natural de Angico.
Entrada da sede.
Guia mostra a trilha do Cangaço.
Grota do Angico.
Beleza dos cactáceos.
Cabeça de Frade.
Fotos: Sílvio Oliveira.
Publicado originalmente no site Infonet/Blog Silvio Oliveira, em 19/05/2016.
Grota do Angico (SE): Ecoturismo, cangaço e Velho Chico
Rio São Francisco e história do Cangaço
Por Sílvio Oliveira.
Unir a diversidade do bioma de Caatinga com um refrescante
banho no rio são Francisco é uma aventura que cada vez mais atrai turistas,
ávidos por trilharem os caminhos do cangaço no sertão de Sergipe. O Monumento
Natural de Angico é o ponto de partida para a ecoaventura entre os municípios
de Canindé do São Francisco e Poço Redondo, no Alto Sertão de Sergipe. São mais
de 2.400 hectares de bioma protegido, com boa infraestrutura turística, em meio
a cactáceos, pequenos arbustos, flor de mandacaru, répteis e muita história
para contar. E de presente, a natureza foi generosa refrescando o final da
trilha com o caudaloso banho de rio no Velho Chico.
O roteiro inicia partindo de Aracaju (SE) logo no amanhecer
do dia. Poço Redondo fica a cerca de 200km da capital sergipana, numa região
denominada árida, mas cheia de atrações (ver dicas). O ponto de partida é o
Centro de Convivência da Unidade de Conservação da Grota do Angico, mantido
pelo Governo de Sergipe na zona rural do município. Não é difícil chegar lá,
mas o turista deverá estar com o sentimento de aventureiro, posto que, passa-se
por uma estrada de mais de 12km de piçarra.
No Centro de Convivência há toda a infraestrutura para
começar bem a trilha. Conta-se que ali era a antiga sede da fazenda Angico,
visitada frequentemente por Lampião e seu bando. Por conta disso, um dos
cômodos foi reformado e a casa antes de taipa foi mantida para resguardar a
memória. A unidade também ganhou um mirante de onde se pode ver a magnitude da
região de caatinga, a perder de vista.
A trilha é considerada de fácil grau de dificuldade, guiada
por um agente florestal e de turismo, que mostram os tipos principais de
cactos, bromélias e árvores nativas da caatinga.
O Plano de Manejo do Mona Angico, em sua caracterização
florística, registrou a ocorrência de mais de 157 espécies nos limites da
Unidade de Conservação, distribuídas em 108 gêneros e 45 famílias, ou seja, uma
rica biodiversidade que pode ser apreciada na trilha.
Na caracterização da fauna, identificou-se a presença de 24
espécies de mamíferos; 124 de aves, sendo 14 espécies consideradas como
endêmicas do Brasil e duas presentes na lista de espécies ameaçada do Ibama
(2003), vulneráveis à extinção: o jaó-do-sul (Crypturellus noctivagu) e o
chorozinho-de-papo-preto (Herpsilochmus pectoralis); 25 espécies de répteis e
18 de anfíbios.
Atmosfera nordestina - O visitante percorre cerca de 1km de
trilha partindo do Centro de Convivência, quando se depara com uma parte mais
íngreme. Chega-se a Grota do Angico propriamente dita, cenário da morte do
maior ícone do movimento do cangaço, Virgulino Ferreira, o Lampião, além de sua
companheira, Maria Bonita, com nove cangaceiros. Há uma cruz em cima de uma
pedra datado o fato, ocorrido em 28 de julho de 1938.
Há muitas histórias sobre o caso, mas é sabido que o local é
místico e envolto de uma atmosfera bem nordestina e quase que sagrada. Todos os
anos, em julho, pesquisadores, familiares, nordestinos viajam até o local, onde
é celebrada uma missa em homenagem ao Pai do Cangaço. A celebração é intensa e
cheia de ritos.
O passeio só está começando. Relaxe um pouco mais com as
histórias contadas pelos guias e deixe a atmosfera contagiar, pois mais uma
caminhada está por vir.
A trilha de mais 1km ora sobe, ora desce, passando por
percursos de riachos secos e muita história que vai desde Padre Cícero,
Lampião, primeiras estradas de ferro, a cultura cangaceira, entre outros.
Percebe-se que além da preservação ambiental há todo o
contexto sociocultural da região, protegendo o sítio histórico da Grota do
Angico, além de ser uma região de desenvolvimento de pesquisa científica,
educação ambiental, ecoturismo e visitação pública, associada ao
desenvolvimento de assentamentos e ramos econômicos que envolvem a caatinga, a
exemplo do mel de abelha, dos doces caseiros, dos produtos derivados do leite.
O turista observa que a trilha possui lixeiras e cordas em
alguns trechos mais íngremes. O Eco Parque do Cangaço, um investimento privado
à beira do rio São Francisco, está por vir.
Ao longe, ver-se o caudaloso Velho Chico, já na divisa com
Alagoas. O Eco Parque é uma boa pedida para se refrescar, alimentar o corpo e
relaxar bem ao estilo nordestino: em uma das redes à beira do rio e na sombra
das mangueiras, com a brisa do São Francisco batendo no rosto, depois de muito
calor sertanejo...
Texto e imagens reproduzidos do site: infonet.com.br/blogs/silviooliveira
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