quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Praça São Francisco completa 7 anos como Patrimônio da Humanidade





Publicado originalmente no site da ASN Agência Sergipe, em 01 de Agosto de 2017.

Praça São Francisco completa 7 anos como Patrimônio da Humanidade.

Os prédios que fazem parte do Patrimônio da Humanidade são: a Casa da Misericórdia; a Igreja e Convento São Francisco; antigo Palácio Provincial, hoje Museu Histórico de Sergipe; Museu de Arte Sacra; Casa do Iphan; Casa do Folclore; Biblioteca Pública e mais quatro casas residenciais.

Há sete anos, numa tarde de domingo do dia 1º de agosto de 2010, o Comitê do Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), se reunia em Brasília e concedia a chancela de Patrimônio Histórico da Humanidade à praça São Francisco, instalada no coração da cidade de São Cristóvão.

Distante 23 Km de Aracaju, São Cristóvão foi a primeira capital de Sergipe e é a quarta cidade mais antiga do Brasil. A praça era a única candidata brasileira naquela ocasião, dentre 39 sítios históricos de outros países que pleiteavam o título.

Fundada por espanhóis em 1º de janeiro de 1590, São Cristóvão guarda em suas ruas e ladeiras prédios históricos e casarios com suas fachadas preservadas de eiras e beiras. O sítio histórico, que hoje é Patrimônio da Humanidade, é formado pelos prédios instalados no quadrilátero da praça, onde se visualiza técnicas de arquitetura espanhola e portuguesa, no momento da união Ibérica no mundo.

Os prédios que fazem parte do Patrimônio da Humanidade são: a Casa da Misericórdia; a Igreja e Convento São Francisco; antigo Palácio Provincial, hoje Museu Histórico de Sergipe; Museu de Arte Sacra; Casa do Iphan; Casa do Folclore; Biblioteca Pública e mais quatro casas residenciais.

O prefeito de São Cristóvão, Marcos Santana, afirmou que o aniversário de sete anos do título de Patrimônio da Humanidade da Praça São Francisco é um momento de reflexão sobre o que essa chancela trouxe para o município.

“Reflexão sobre o que deixamos de fazer e o que podemos fazer por esse patrimônio e pelo município. Precisamos lembrar que este título foi chancelado a somente 13 municípios no Brasil, e é o 18º monumento brasileiro que recebeu esse título. A praça São Francisco é o marco zero da civilização sergipana. Possivelmente aqui deve ter se iniciado a diáspora do povo sergipano em busca da colonização e formação de outros povoamentos”, ressaltou.

Ele disse que está buscando os meios necessários para desenvolver ações que ponham em evidência a praça. “Queremos que a praça seja um indutor de desenvolvimento a partir do turismo, que o título possa ser um diferencial na captação de recursos para São Cristóvão como um todo. Precisamos evidenciar a importância do título para poder atrair turistas, negócios e desenvolvimento para a cidade”, acrescentou.

De acordo com o prefeito, a população de São Cristóvão ainda não compreende a importância do título de Patrimônio da Humanidade. “A gente precisa – governos municipal, estadual e federal – desenvolver ações que mudem a vida da pessoa a partir da praça. Tem que saber que tal ação e tal recurso foram captados a partir do título”, defende.

Segundo Marcos Santana, caso não sejam preservados e bem cuidados os monumentos, a Unesco pode tirar o título a qualquer momento, pois trata-se de uma chancela. “Caso as autoridades não preservem o patrimônio, a instituição internacional retira o título”, alertou.

União

Por força de entraves burocráticos e falta de uma política de preservação do patrimônio por parte da antiga administração de São Cristóvão, obras exigidas pela Unesco foram proteladas, porém, com a nova administração municipal e o permanente compromisso do governo de Sergipe em preservar o patrimônio histórico do estado, as obras que se fazem necessárias já estão em execução.

Um exemplo é a execução do sistema de saneamento básico e esgotamento sanitário da sede do município pela Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso). A primeira etapa da obra foi concluída em 2012. As obras da segunda etapa estão em andamento e têm previsão de conclusão em janeiro de 2018. “Uma das exigências da Unesco, na ocasião da chancela do título, foi a instalação do sistema de saneamento básico da sede municipal”, relatou o diretor da Fundação Municipal de Cultura e Turismo João Bebe Água, professor Thiago Fragata.

Os valores investidos na primeira etapa do sistema de saneamento foram de R$ 4.747.650,68. Para a segunda etapa, os investimentos serão de R$ 17.840.696,57. Os recursos são do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) do governo Federal, com contrapartida do governo do Estado.

De acordo Thiago Fragata, ao conceder o título, a Unesco pediu o comprometimento dos três entes federativos: União, Estado e Município para a preservação do patrimônio, selando a gestão compartilhada e a responsabilidade das três esferas de Poder.

Por conta disso, Thiago disse que, em 2013, São Cristóvão foi incluído no PAC das Cidades Históricas do Governo Federal e conseguiu a liberação de R$ 11,100 milhões para restauração dos prédios tombados. Esse PAC é um programa que tem o propósito de promover a restauração e preservação dos sítios históricos do país.

Obras

A superintendente substituta do Iphan em Sergipe, Cynara Ramos Silva, informou que os R$ 11,1 milhões são destinados para a contratação de projetos e execução das obras. Segundo ela, os recursos são destinados a oito ações: Restauração do Sobrado do Balcão Corrido; Restauração da Sede da Prefeitura Municipal; Restauração da Antiga Casa de Câmara e Cadeia; Restauração da Igreja N. Sra. do Amparo; Restauração dos prédios da Estação Ferroviária e Capelinha e requalificação urbanística de sua esplanada; Restauração da Igreja Nossa Senhora do Rosário; Restauração do Convento São Francisco; e Restauração do Museu de Arte Sacra de São Cristóvão.

Ela disse que os recursos das obras já estão reservados e serão disponibilizados de acordo com a assinatura dos Termos de Compromisso no caso de ações executadas pelo governo do Estado. Cynara adiantou que, das oito ações, cinco têm projeto concluído e em fase de aprovação nos órgãos competentes; duas estão com projetos em andamento e uma está em fase de contratação de projeto.

Cynara Ramos explicou que a administração desses recursos é da responsabilidade do Iphan, que também é responsável pela execução da maior parte das obras. “Apenas duas estão a cargo do governo do Estado com a fiscalização do Iphan: Convento São Francisco e Museu de Arte Sacra de São Cristóvão”, disse, informando que o início das primeiras obras está dependendo da aprovação dos projetos nos órgãos competentes (Adema, Corpo de Bombeiros e Prefeitura Municipal), bem como da autorização para a licitação das obras pela Diretoria do PAC Cidades Históricas, em Brasília.

Desenvolvimento

O presidente da Fundação Municipal de Cultura e Turismo João Bebe Água, Gaspeu Fontes, afirmou que o selo chancelado pela Unesco pode trazer dividendos turísticos para a cidade, além de garantir recursos para a preservação do patrimônio histórico e artístico do estado.

“O título nos facilita a manter o nosso patrimônio através dos recursos para o seu restauro, além de atrair os turistas gerando emprego, renda e desenvolvimento para a região. Queremos fomentar o turismo religioso, que está crescendo em todo mundo”, ressaltou.

Para esse turismo, ele disse que a cidade conta com eventos religiosos seculares como a festa de Senhor dos Passos, a Procissão do Fogaréu e os tapetes de Corpus Christi. Além do turismo religioso, Gaspeu aponta o turismo náutico como uma potencialidade da região, uma vez que São Cristóvão é cercado por rios.

O secretário de Estado do Turismo, Fábio Henrique, afirmou que a gestão estadual, junto com a Prefeitura Municipal, conseguiu incluir São Cristóvão no roteiro turístico religioso do país. Ele disse que já está montando os pacotes com as agências de turismo para serem vendidos em todo o Brasil e exterior. Nesse pacote, também está incluída a cidade de Laranjeiras.

Fábio Henrique destacou que a gestão conseguiu, junto ao Banco Mundial, por meio do Prodetur, recursos na ordem de R$ 5 milhões para a reforma do cais do catamarã e do Cristo de São Cristóvão. Ele, inclusive, disse que o Cristo de São Cristóvão foi erguido em 1926, sendo, portanto, mais antigo que o do Rio de Janeiro, que é da década de 1930. Sobre a reforma da Bica, o secretário informou que o Banco Mundial ainda não o aprovou o pleito.

Ação Compartilhada

“A chancela de Patrimônio da Humanidade é apenas um título, um status, um selo de qualidade dado pela Unesco, o que facilita a captação de recursos. A preservação do patrimônio histórico, que tem uma relevância cultural imensa, é da responsabilidade dos três entes federativos. Estamos num momento alvissareiro, uma vez que a prefeitura, o governo do Estado e a União estão sintonizados”, afirmou Thiago Fragata.

Thiago, que também é historiador, defende que os espaços sejam utilizados e tenham vida. É o caso do Convento São Francisco, em que a Diocese de Aracaju vislumbra com a possibilidade de transformá-lo em um hotel. Inclusive, em breve, haverá uma reunião entre a Diocese, a prefeitura e empresários portugueses interessados no espaço. “Qual o turista que não vai querer se hospedar num convento do século XVII?”, indaga o professor.

Utilizar os espaços

Com esse espírito de utilização dos espaços é que o serviço do Iphan (Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico nacional) em São Cristóvão vem promovendo alguns eventos e autorizando a utilização da praça para manifestações culturais e artísticas.

“A praça é um espaço de manifestação cultural, critério que também foi reconhecido pela Unesco ao dar a chancela”, afirmou Kleckstane Farias, chefe do serviço do Iphan em São Cristóvão.

Ela disse que o Instituto já desenvolveu oficinas de arte com xilogravuras, oficinas de modelismo naval, curso de informante turístico, rodas de conversas e mostra de vídeos direcionados para os jovens e também vem sendo utilizado pelas escolas realizando feiras culturais.

Os técnicos e operários que estão trabalhando na instalação do sistema de saneamento básico da cidade também vão participar de uma oficina de educação patrimonial direcionado à arqueologia para saberem como agir quando encontrarem algum artefato arqueológico.

Festa

Para comemorar o aniversário da chancela de Patrimônio da Humanidade, a Prefeitura de São Cristóvão organizou uma programação que terá início nesta segunda-feira, 31, seguindo até sábado, 04 de agosto. A festa vai contar com seminários, oficinas, palestras, feiras culturais e shows.

Texto e imagens reproduzidos do site: agencia.se.gov.br

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