Folclore Sergipano
O Folclore Sergipano é rico e diversificado, reunindo
elementos da cultura indígena, africana e europeia.
Sergipe guarda em sua história e tradição muito das culturas
portuguesa e negra e um dos mais ricos folclores do Brasil. São inúmeras as
manifestações culturais que nos remetem ao passado e garantem, no presente, uma
permanente interação entre as mais diversas comunidades responsáveis pela
continuidade folclore sergipano. A seguir, você fará uma viagem pelo que há de
mais belo na cultura popular sergipana.
Dentre as muitas manifestações do folclore sergipano
destacam-se o Reisado, Parafusos, Guerreiros, Lambe-Sujos e Caboclinhos,
Cacumbi, Taieira, Samba de Parelha, São Gonçalo.
Folclore Sergipano
Anualmente é realizado o Encontro Cultural de Laranjeiras,
um evento que reúne musicais, apresentações de grupos folclóricos, grupos de
discussão e exposições sobre o folclore no estado.
Cacumbi
Não se sabe ao certo a origem do Cacumbi, acredita-se que é
uma variação de outros autos e bailados como Congada, Guerreiro, Reisado e
Cucumbi. O grupo apresenta-se na Procissão de Bom Jesus dos
Navegantes e no Dia de Reis, quando a dança é realizada em homenagem a São
Benedito e Nossa Senhora do Rosário. Pela manhã, os integrantes do grupo
assistem à missa na igreja, onde cantam e dançam em homenagem aos santos
padroeiros. Depois das louvações, o grupo sai às ruas cantando músicas profanas
e, à tarde, acompanham a procissão pelas ruas da cidade. Seus personagens são o Mestre, o Contra-Mestre e os
dançadores e cantadores; o grupo é composto exclusivamente por homens. Os
componentes vestem calça branca, camisa amarela e chapéus enfeitados com fitas,
espelhos e laços. Só o Mestre e o Contra-Mestre usam camisas azuis. O ritmo é
forte, o som marcante e o apito coordena a mudança dos passos. Os instrumentos
que acompanham o grupo são: cuíca, pandeiro, reco-reco, caixa e ganzá. Em Sergipe, o Cacumbi é encontrado nos municípios de
Lagarto, Japaratuba, Riachuelo e Laranjeiras.
Cangaceiros
Em 1960, Azulão, um dos homens de Lampião, formou um grupo
composto de 17 homens e 2 mulheres (representando Maria Bonita e Dadá),
vestidos de cangaceiros e, com eles saiu cantando e dançando em ritmo de forró
pelas ruas de Lagarto; costume vivo até hoje, revivendo as estórias e histórias
de Lampião cantadas e decantadas em prosa e verso. O grupo tem como
indumentária chapéus de couro enfeitados, camisas de mangas longas com divisas
nos ombros, jabiracas coloridas ou lenço no pescoço, cartucheiras, espingardas
e sandálias de couro grosso. Em Sergipe, a manifestação permanece viva nos
municípios de Lagarto e Propriá.
Chegança
Dança que representa em sua evolução a luta dos cristãos pelo
batismo dos Mouros. A apresentação sempre acontece na porta de igrejas, onde
uma embarcação de madeira é montada para o desenvolvimento das jornadas. A
predominância é do azul e do branco. O padre, o rei e os Mouros (personagens da
Chegança), utilizam outras tonalidades. O pandeiro é o principal instrumento de
acompanhamento, eles utilizam também apitos e espadas. Bastante teatral, a
apresentação completa da Chegança demora, geralmente, 60 minutos.
Guerreiro
Auto natalino, que carrega marcas do Reisado. Sobre as
origens conta a lenda popular que uma rainha, em um passeio acompanhada de sua
criada de nome Lira e dos guardas (Vassalos), conhece a apaixona-se por um
índio chamado Peri. Para não ser denunciada, manda matar Lira. Mesmo assim, o
rei toma conhecimento do fato e, na luta contra o índio Peri, morre. A dança é
composta de jornadas – uma seqüência de cantos e danças -, que são apresentadas
de acordo com os personagens de cada grupo, sendo um dos pontos culminantes a
luta de espadas, travada entre o Mestre e o índio Peri. Os principais
personagens do Guerreiro, além do Mestre – que comanda as apresentações -, e do
índio Peri, são: o Embaixador, a Rainha, Lira, o Palhaço e os Vassalos. Os instrumentos que acompanham o grupo são
sanfona, pandeiro, triângulo e tambor. Destacam-se os trajes coloridos e
ricamente enfeitados.
Lambe Sujo e Caboclinho
São dois grupos folclóricos unidos num folguedo que se
baseia no episódio da destruição dos quilombos. O grupo dos Lambe-Sujos é
formado por meninos e homens totalmente pintados de preto, usando uma mistura
de tinta preta e melaço de cana-de-açúcar para ficar com a pele brilhosa. Eles
usam short e um gorro de flanela vermelha. Nas mãos, uma foice, símbolo de luta
pela liberdade. Fazem parte do grupo o Rei”, a Rainha e a “Mãe Suzana”,
representando uma escrava negra. Após uma alvorada festiva, os Lambe-Sujos saem
às ruas, acompanhados por pandeiros, cuícas, reco-recos e tamborins, roubando
diversos objetos de pessoas da comunidade que são guardados no “mocambo”,
armado em praça pública. A devolução dos objetos é feita mediante contribuição
em dinheiro pelo proprietário do objeto roubado. Junto com os Lambe-Sujos se
apresentam os Caboclinhos, que pintam o corpo de roxo-terra e usam indumentária
indígena: enfeites de penas, cocar e flecha nas mãos. A brincadeira consiste na
captura a rainha dos Caboclinhos pelos Lambe-Sujos, que fica aprisionada. À
tarde, há a tradicional “batalha” pela libertação da rainha, da qual os Caboclinhos
saem vitoriosos. O grupo musical que acompanha o folguedo é composto por
ganzás, pandeiros, cuícas, tambores e reco-recos. Hoje, a “Festa de
Lambe-Sujo”, como é conhecida, tornou-se uma das mais importantes da cidade de
Laranjeiras, acontecendo sempre no segundo domingo de outubro.
Maracatu
O Maracatu originou-se da coroação dos Reis do Congo. Não
sendo propriamente um auto, não tem um enredo ordenado para sua exibição. Integram ao cortejo real, lembrança da célebre rainha
africana Ginga de Matamba, o Rei, a Rainha, o Príncipe e a Princesa, Ministros,
Conselheiros, Vassalos, Lanceiros, a Porta-bandeira, Soldados, Baianas e
tocadores. E as “Calungas”, bonecos representando Oxum e Xangô. Em geral o
cortejo é formado por integrantes negros. Vestidos de cores extravagantes, os
participantes do cortejo seguem pelas ruas da cidade cantando e saracoteando,
entre umbigadas, cumprimentos e marchas. Não existe uma coreografia especial.
Algumas das cantigas são proferidas numa presumível língua africana, tambor,
chocalho e gonguê são os instrumentos musicais que acompanham o cortejo. Tendo
o Maracatu perdido a tradição sagrada, hoje, é considerado um grupo
carnavalesco, de brincadeira s de rua, que, em Sergipe, é encontrado nos
municípios de Brejo Grande e Japaratuba.
Parafusos
Conta-se que no tempo da escravidão, os escravos negros
fugitivos saíram à noite para roubar as anáguas das sinhazinhas deixadas no
quaradouro. Cobrindo todo corpo até o pescoço, sobrepondo peça por peça, nas
noites de lua cheia saíram pelas ruas dando pulos e rodopiando em busca da
liberdade. A superstição da época contribuiu para que os senhores ficavam
apavorados com tal assombração – acreditando em almas sem cabeça e outras
visagens – e não ousavam sair de casa. Após a libertação, os negros saíram pelas
ruas vestidos do jeito como faziam para fugir dos seus donos. Nasceram assim os
parafusos. Trajando uma seqüência de anáguas, cantarolando, pulando em
movimentos torcidos e retorcidos, um grupo exclusivamente de homens –
representando os escravos negros – formam o grupo folclórico “Parafuso” da
cidade de Lagarto. Os instrumentos que acompanham o grupo são triângulo,
acordeom e bombo.
Reisado
O Reisado, de origem ibérica, se instalou em Sergipe no
período colonial. É uma dança do período natalino em comemoração do nascimento
do menino Jesus e em homenagem dos Reis Magos. Antigamente era dançado às
vésperas do Dia de Reis, estendendo-se até fevereiro para o ritual do “enterro
do boi”. Atualmente, o Reisado é dançado, também, em outros eventos e em
qualquer época do ano. A cantoria começa com o deslocamento do grupo para um
local previamente determinado, onde é cantado “O Benedito”, em louvor a Deus,
para que a brincadeira seja abençoada e autorizada. A partir daí, começam as
“jornadas”. O enredo é formado pelos mais diversos motivos: amor, guerra,
religião, história local, etc., apresentado em tom satírico e humorístico,
originando um clima de brincadeira. O Reisado é formado por dois cordões que
disputam a simpatia da platéia e são liderados pelas personagens centrais: o
“Caboclo” ou “Mateus” e a “Dona Deusa” ou “Dona do Baile”. Também se destaca a
figura do “Boi”, cuja aparição representa o ponto alto da dança. Os
instrumentos que acompanham o grupo são violão, sanfona, pandeiro, zabumba,
triângulo e ganzá. O Reisado tem como característica o uso de trajes de cores
fortes e chapéus ricamente enfeitados com fitas coloridas e espelhinhos.
São Gonçalo
Dança em homenagem a São Gonçalo do Amarante, que segundo a
lenda, teria sido um marinheiro que tirou muitas mulheres da prostituição,
através da música alegre que fazia com a viola. A dança é acompanhada por
violões, pulés (instrumentos feitos de bambu), e caixa. A caixa é tocada pelo
“patrão” – homem vestido de marinheiro, como alusão a São Gonçalo do Amarante.
O grupo dança em festas religiosas e pagamento de promessas. É composto em suas
maioria por trabalhadores rurais, que se vestem de mulher, representando as
prostitutas. Um dos grupos mais apreciados pela singeleza da dança e da música.
Taieira
Grupo de forte característica religiosa tendo por objetivo a
louvação a São Benedito e a Nossa Sra. do Rosário, ambos padroeiros dos negros
no Brasil. É da imagem dessa santa que se retira a coroa para colocar na cabeça
da “Rainhas das Taieiras” ou “Rainha do Congo”. Durante a missa na Igreja de
São Benedito, em Laranjeiras, as Taieiras, grupo de influência afro, participa
efetivamente do ritual cristão numa demonstração clara do sincretismo
religiosos entre a Igreja Católica e os rituais afro-brasileiros. O momento da
coroação é o ápice da festa que se realiza sempre no dia 06 de janeiro, nessa
igreja. Tocando quexerés (instrumentos de percussão) e tambores, as Taieiras,
trajando blusa vermelha cortada por fitas e saia branca, seguem pelas ruas
cantando cantigas religiosas ou não. Este evento é definido como uma das mais
claras demonstrações de sincretismo, com santos e rainhas, procissões e danças
misturados num mesmo momento de celebração.
Zabumba
Zabumba é o nome popular do “bombo”, um instrumento de
percussão. O termo, também, é usado para denominar o conjunto musical composta
por quatro integrantes, todos do sexo masculino, conhecido como “Banda de
Pífanos”. Em Sergipe, as apresentações da Zabumba acontecem em rituais de
pagamento de promessas, datas comemorativas, festas religiosas e festivais de
cultura popular.
Fontes (Folclore Sergipano): emsetur.se.gov.br
Texto e imagem reproduzidos do site: sergipeturismo.com
A história tá perfeita porém só tá muito grande
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