terça-feira, 27 de junho de 2017

Festejos da Rua São João mantêm viva a tradição das quadrilhas juninas

 Com apenas 13 anos, Joyce já dá show na coreografia.




 Juciara interpretou uma índia na quadrilha.

Andrew conta que vive o ano inteiro em função das apresentações.
Fotos: Felipe Goettenauer.

Publicado originalmente no site da PMA, em 27/06/2017.

Festejos da Rua São João mantêm viva a tradição das quadrilhas juninas

A história conta que as quadrilhas surgiram por volta do século XVIII, lá em Paris, como uma dança de salão da elite. No Brasil, ela chegou no período da Regência e tomou as cortes do país. Porém, se alguém pedir para um nordestino contar como é uma quadrilha, qualquer um poderá acreditar que ela nasceu no Nordeste. Se a conversa for com algum sergipano, pode até dizer, que as quadrilhas nasceram na Rua São João, no bairro Santo Antônio, tamanha é a adoração que se tem por elas na região.

Há 107 anos, quando se deu início a festa da Rua São João, as quadrilhas têm espaço mais do que garantido e são presenças ilustres como principais atrações. As cores, o balanço das roupas, as batidas de pés e de mãos que dão ritmo, as frases soadas em tons altos como gritos de guerra, o som autêntico do xote, do xaxado e do baião, todos esses componentes fazem parte de uma pequena parcela do que representam as quadrilhas.  Para quem apenas admira, é o bastante para causar encantamento suficiente para levar para o restante do ano.

Foi esse encantamento que levou dona Tereza Santos, de 55 anos, moradora do bairro América, até a Rua São João. Apreciadora de um bom forró, ela saiu de casa, colocou uma roupa nos moldes juninos e seguiu para a festa. Admirada com a beleza da quadrilha que avistou assim que chegou, ela tratou de puxar uma cadeira e se posicionou em um ponto estratégico. "Cheguei até cedo para ver as quadrilhas. É muito bonito ver como elas acontecem. Parece tão fácil dançar, mas só parece mesmo. Deve ser um esforço tão grande para fazer uma dança tão bem feita. A gente fica até meio deslumbrada", contou.

Noel Santana, de 79 anos, é um daqueles que entende bem do assunto quadrilha. Há anos envolvido nessa área, ele hoje só aprecia, mas, não deixa de dar sua opinião sobre cada detalhe. "Sempre que posso, vou aos concursos de quadrilha. Houve um tempo em que achei que a tradição fosse se acabar, mas, quando vejo as festas da Rua São João ainda valorizando essa riqueza que temos, tenho a certeza de que vai durar ainda muito anos. É uma das nossas maiores expressões culturais, sem dúvida", afirmou.

Há 15 anos Luiz Carlos Moura, de 35, é integrante de uma quadrilha, porém, foi à festa da Rua São João para prestigiar outros grupos. Para ele, Sergipe respira quadrilha não só em junho. "Quem faz quadrilha se prepara o ano inteiro praticamente e , todas as vezes que vejo uma se apresentando, tenho mais certeza de que é um dos maiores bens culturais que nós temos. Na Rua São João é bonito ver que essa tradição é mantida e valorizada", ressaltou.

Dia Nacional do Quadrilheiro.

Quem tem a oportunidade de ver a apresentação das quadrilhas juninas, se encanta com a quantidade de efeitos que elas são capazes de produzir para os olhos e para a alma. Para quem tem na quadrilha uma fonte de vida, como os quadrilheiros, junho é a época mais esperada do ano. Foi pensando naqueles que tanto se dedicam à arte das quadrilhas que, em março de 2011, a Lei 12.390/11 instituiu o dia 27 de junho como o Dia Nacional do Quadrilheiro Junino.

Juciara da Silva é uma das milhares de quadrilheiras espalhadas Brasil à fora e, neste ano, interpretou uma índia na apresentação da quadrilha Meu Xodó, que falou sobre a preservação das florestas. Há sete anos ela muda de personagem, de roupa e, durante todo o mês de junho se dedica exclusivamente à quadrilha. "Começo me preparando em outubro do ano anterior e não paro mais. Temos muitas dificuldades, mas, todas as vezes que me apresento, me recordo os motivos que me trouxeram até aqui. Eu sinto como se eu respirasse quadrilha e isso é o que me traz satisfação", ressaltou ao término de mais uma apresentação.

O seu par na quadrilha, Andrew Moura, é dançarino quando não está na quadrilha, mas, confessa, é nela que ele se sente realizado. "Há 12 anos eu me dedico à quadrilha, vivo para isso o ano inteiro. Quadrilha é muito mais do que ter jeito para dançar, quadrilha é uma questão de amor, porque só com amor se consegue transmitir a grandeza que é essa tradição que precisa ser mantida porque faz parte da nossa história", reforçou.

Componente da quadrilha Asa Branca, de Simão Dias, Yuri Henrique, de 24 anos, tem a quadrilha como a sua única ocupação e caso de amor. "Me dedico a ela há 17 anos da minha vida e sinto que é o que sei fazer de melhor, afinal, é a coisa que mais me dá alegria. Tenho um prazer enorme a cada junho que chega, mas sabendo da rotina de sair às 13h e voltar para casa só de madrugada e tantas outras dificuldades. Tudo vale a pena", completou.

Com apenas 13 anos, Joyce Menezes descobriu há dois anos que queria seguir como quadrilheira. Também integrante da quadrilha de Simão Dias, ela se enxerga dançando quadrilha no futuro. "É claro que é muito bom viajar para vários lugares com a quadrilha, conhecer gente nova, mas, não foi isso que me fez entrar. Sempre me encantei quando eu via as quadrilhas e sentia o coração bater rápido e era como se algo me chamasse para fazer isso e não me vejo de outra forma mais na frente. Posso até ter outra profissão, mas a quadrilha eu vou levar junto", vislumbrou.

Texto e imagens reproduzidos do site: aracaju.se.gov.br

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