Publicado originalmente no Facebook/Antonio Samarone, em 11 de junho de 2017.
Mestres da medicina em Sergipe.
Por Antônio Samarone.
Delso Bringel Calheiros, (91 anos), nasceu em 04 de
fevereiro de 1926, na Vila de Santo Antônio do Rio Madeira/Rondônia, aos cinco
anos mudou-se para o Rio de Janeiro. Aos onze anos, mudou-se para Salvador, já
pensando em ser médico. O pai, Guilherme Calheiro da Silva (militar), alagoano;
e a mãe, Zeneide Bringel Calheiros, cearense. Durante a graduação ensinou
química no Ginásio da Bahia, tendo sido professor do Dr. Nestor Piva.
Formou-se pela Faculdade de Medicina da Bahia em 1950.
Chegou a Sergipe em 1951, contratado como dermatologista do IAPC. Montou
consultório no primeiro centro médico de Aracaju, na antiga passarela,
transferindo-se depois para o Edifício Cidade de Aracaju. Residindo na Av.
Hermes Fontes, tinha por rotina ir e vir ao trabalho a pé. O Dr. Delso foi um
médico comedido, atencioso com os pacientes, de sólida formação humanista,
tinha como hábito lavar as mãos compulsivamente após o exame de cada paciente,
isso num ritual demorado, com um ensaboamento generoso. Dizia-se na
brincadeira, que depois da lavagem ele flambava as mãos.
Foi professor fundador da faculdade de Medicina de Sergipe,
sendo a disciplina dermatologia ofertada no quarto ano. No ambulatório da
faculdade foi montado um serviço auxiliar à Saúde Pública de controle da
Hanseníase e doenças venéreas. Foi chefe do Departamento e Diretor da
Faculdade. Como professor destacou-se pela didática apurada, os temas
tornavam-se fáceis explicado pelo professor Delso Calheiro. Aulas inteligentes,
recheadas de leveza e fina ironia.
Dr. Delso (91 anos) continua ativo, filosofando, com boa
memória, mas acha que está pagando caro por estar vivo, uma “taxa de
permanência” muito alta, e que a velhice só é suportável porque a outra opção é
bem pior. Não simpatiza com a atual dermatologia cosmética e que sempre foi
médico de doenças de pele. Afirma que não conhece nada da dermatologia
cosmética e que tem muita satisfação com isso. “O médico deve tratar os seus
pacientes com carinho e compaixão, para poder atravessar a vida com dignidade”
ensina o Dr. Delso. Fechou o consultório sem nunca ter cedido a medicina
comercial, ao mercado médico. Não acumulou patrimônio, nem exerceu a medicina
como forma enriquecimento. Uma medicina que ficou no passado.
Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Antonio Samarone.
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