Foto reproduzida do Facebook/Ludwig Oliveira. Postada por "SERGIPE...",
para ilustar o presente artigo.
Texto reproduzido de postagem de Tiago Morf Barreto, no Grupo público do Facebook - Amigos de Luiz Antônio Barreto", do artigo de Paulo Roberto Dantas Brandão, em 25 de outubro de 2012.
Estou atrasado em pelo menos uma semana neste artigo, uma
homenagem a Luís Antônio Barreto, morto há dias. Senti que não estava em
condições de fazer a homenagem que ele merecia.
Conheci Luis Antônio desde sempre. Desde que ouvia meu avô
Orlando Dantas falar alguma coisa sobre a Gazeta, que ligava ao nome de Luís.
Lá pelo final de 1974, início de 1975, eu ainda sem completar 20 anos, fui ser
"foca" (para quem não sabe, aprendiz de repórter), na Gazeta de
Sergipe.
Meu avô Orlando entregou-me a Luis Antônio. Apesar de Ivan
Valença ser o editor do jornal, quem me dava pauta, e supervisionava de perto
minha produção era Luis Antônio. Foi quem me deu as primeiras orientações de
como escrever. Fiquei amigo de Luis Antônio a vida inteira.
Com ele, e com o meu avô Orlando, aprendi a escrever
editoriais. Uma particularidade é que Luis Antônio e meu avô Orlando, depois de
certo tempo, passaram a escrever editoriais para a velha Gazeta de forma muito
parecida. Às vezes era difícil distinguir quem fez o que.
Lá para o ano de 1999, circunstâncias da grande crise que
passava então a Gazeta, fizeram que me afastasse da sua direção. Fiquei só como
editorialista, e nem freqüentava a redação. No final de 2001, fui instado a
voltar à direção do jornal. E condicionei a Luis Antônio dividir o encargo
comigo. Ele topou na hora, apesar de saber que a tarefa era pesada.
Admirei sempre a sua atuação como animador cultural. Acho
que a sua grande obra foi a organização da reedição da obra completa de Tobias
Barreto. A sua introdução a Tobias Barreto, por si só a coloca no rol dos
grandes pensadores brasileiros.
Luis foi mais. Foi o grande conhecedor da história de
Sergipe. E o grande pesquisador sobre ela. Conhecia todos os personagens
importantes da história do estado, e escreveu sobre praticamente todos. Ficou
devendo, porém, uma obra completa sobre a história de Sergipe.
Mas se ficou devendo algumas coisas que não escreveu que
deixou guardadas na sua prodigiosa memória, foi credor do Estado. Injustiçado
sobremaneira quando ocupou cargos públicos, sofreu o que não devia. Morreu como
viveu, pobre. Todos os seus recursos foram empregados para compor o seu acervo,
que hoje, graças ao Professor Uchôa, estão bem guarnecidos na Universidade
Tiradentes. Injustiçado também pela Universidade, de modo geral, que não
reconheceu preconceituosamente o seu trabalho.
Luis morreu sem que pudesse me despedir dele (não sei se é
possível se despedir de alguém que morre). Telefonei-lhe às vésperas dele ser
internado na UTI do Hospital Primavera. Ele estava em casa, doente, e atendeu o
telefone com a voz baixa, um tanto ofegante. Pensei que era coisa leve, um
resfriado talvez. No outro dia soube que estava no hospital. Só aí me interei
da gravidade do seu quadro. Senti muito sua partida. Só agora me atrevi a
escrever sobre ele.
Há um clichê para essas horas, a dizer que Sergipe ficou
mais pobre. É clichê, mas não há expressão melhor para definir a partida de
Luis Antônio. Seus amigos, eu entre eles, ficaram mais sós, esta é uma
realidade.
Texto de Paulo Roberto Dantas Brandão.
Texto reproduzido do Facebook/Amigos de Luiz Antônio Barreto.
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