segunda-feira, 10 de julho de 2017

Hugo Costa: a arte de escrever e de viver (I e II)


Fotos postadas por "SERGIPE, sua terra e sua gente", para ilustrar o presente artigo.

Publicado por Osmário Santos, em 2 de agosto de 2010.

Hugo Costa: a arte de escrever e de viver (I)

Por Osmário Santos

Mas quem vem para a delícia da página de hoje? Sim, o Hugo Costa, uma atração especial com muita saúde, com todo o seu toque, que vive hoje momentos maravilhosos, curtidos no seu bem montado apartamento, na beira da praia, com toda a proximidade do mar e conquistando o prazer da boa vida com um bom wísque, lendo Maquiável, descobrindo a idade, tomando banho de espuma com hidro-massagem no banheiro em tom preto e branco com várias plataformas.

Um Hugo que se preocupa com o verde, onde no seu canto, as plantas estão presentes. Um Hugo na intimidade que gosta de uma cama na cor vinho e branco, de concreto, larga e segura para não balançar nada, nem o seu humor. Um Hugo precavido com uma tremenda grade de proteção na porta principal do apartamento para evitar ladrões e sequestradores. Afinal, todo o cuidado é pouco para a sua pena, que dizem de ouro, e que já aprontou muitas histórias no jornalismo e na política em Sergipe.

Hoje, aquela pessoa observadora e apreciadora de uma boa feijoada política, que já fez mil coisas na sua vida jornalística, abre tudo para embalar a leitura de um dos importantes depoimentos para a nossa memória. Hugo é da época do antigo Repórter Esso, mas aqueles que tem rabo preso não se preocupe, Hugo Costa faz um estilo de respeito ao ser humano. Suas linhas jornalísticas venenosas não mataram ninguém e o seu antídoto é respeitar a privacidade das pessoas, coisa que não funciona no lado do cargo que a pessoa ocupa. Ele bem sabe dosar as coisas e quando contratado para efetuar trabalhos para os políticos sergipanos nas campanha eleitorais, sabe muito bem, que uma das maneiras decisivas de se findar um relacionamento é a que se apela para a memória.

Um autor desconhecido escreveu: “ O melhor homem é aquele que sabe um pouco de cada coisa, mas tudo sobre o seu trabalho”. Chegou o momento de passarmos para o nosso leitor quase tudo de Hugo Costa. Um trabalho que realizamos num clima arejado de ideias e de humor.

Início de conversa

Hugo Alves Costa é o nome do jornalista e advogado. “ Deixei de usar o Alves por comodismo. Quando comecei a escrever em jornal, assinava Hugo Costa e assim desapareceu o Alves, mas, oficialmente ele existe e está nos meus documentos”.

Nasceu de uma família pobre. “ Já nasci marcado; talvez pela sorte, porque minha mãe morreu no ano seguinte ao meu nascimento e o meu pai pouco tempo depois. Fui criado pelos meus avós. Cresci um pouco na adversidade, pois quando você cresce sem conhecer o seu pai e a sua mãe, sem ter visto nem fotografia, é uma espécie de castigo já na infância e não deixa de ser um trauma, que de certa forma eu convivo com ele até hoje. Só que eu procuro sublimar”.

Sendo criado pelos avós, aos 13 anos de idade, logo cedo toma conhecimento do outro lado da vida. “Foi a necessidade de conviver num mundo estranho com pessoas estranhas, quartos de pensão, casas de estudantes. Daí em diante, aprendi tudo na vida com a vivência. Logo senti uma força que atuava dentro de mim. Era uma força muito grande e nisso sabia que nunca deixaria de conseguir as coisas que iria tentar. Tenho o bom senso de não desejar as coisas absurdas. Confesso que até hoje consigo tudo que desejo”.

A nova fase

De bem com a vida, morando no seu reino encantado, tem tempo para a vida em pleno gozo.
“Tenho pena das pessoas que não vivem como eu. Tenho pena das pessoas que vivem com os bolsos cheios de dinheiro, juntando cada vez mais como dizia o nosso poeta Vinícius de Morais na sua música Testamento: você que só ganha pra juntar, o que é que há? Você vai ver um dia em que fria você vai entrar. Por cima de uma laje. Embaixo a escuridão, é goro irmão”.

Hugo no seu grande estilo diz que viver é uma arte que requer inteligência. “Daí a minha
felicidade. Sou uma pessoa que não tenho inveja da vida de ninguém, pois a minha vida é a melhor que eu conheço”.

É carioca

Nasceu em 27 de novembro de 1934 no Rio de Janeiro, na Rua do Bispo, no bairro da Tijuca. Seus pais, sergipanos de Propriá: Filenila sua mãe, conhecida por Filé, tocava flauta e violino. Seu pai, José Alves Costa, sapateiro dos bons, era conhecido como Juca, o tocador de sax. Vem daí o seu gosto pela música.

Lembranças da infância em Própriá

Chega em Propriá aos dois anos de idade, indo morar no bairro Alto do Hospital, numa casa onde não tinha energia elétrica e entre duas que tinham. “Minha casa não tinha sanitário. Usávamos alguns penicos de noite e de dia cada um saía com seu penico e ia jogar no mato, pois, mato tinha até demais”.

Sua casa era localizada bem próxima a Lagoa das Pedrinhas, “aquela que dizem... quando um cara toma banho lá, sai falando fino, o que não aconteceu comigo. Falo até grosso demais”.
Além disso tudo, sua casa em seus momentos de infância era em plena zona do meretrício: “Nasci e cresci em redor das putas. De lado era casa de puta, enfrente era casa de puta, puta por todos os lados. Cabaré de Patú e de todos os cabarés eu era íntimo”.

Hugo diz que foi daí a origem do seu sentimento boêmio.” Toda vida deu um valor enorme as putas, pois via que eram pessoas humanas”.

Outra lembrança do seu tempo de criança: “Quando era garoto só existia em Propriá dois homossexuais: Louro e Luquinhas. Se qualquer um desses dois colocasse o pé na rua de dia, mesmo para comprar um pão na bodega ia preso. De ordem da polícia, só tinham autorização de andar à noite. Era uma discriminação terrível que existia em Propriá. Naquele tempo ninguém chamava de gay nem homossexual. Era veado mesmo ou marico”

Início de vida em Aracaju

Por não ter na cidade de Propriá curso ginasial, muda-se para Aracaju e vai ser aluno da professora Judite, matriculando-se no Colégio Jackson de Figueiredo e residindo num pensionato. “Meus companheiros de quarto: Gilvan Rocha e seus irmãos Hilton e Gilson Rocha. Hugo Costa lembra do seu tempo de pensionato com todo prazer, principalmente da parte da noite onde coisas aconteciam. “Eu e o Gilvan Rocha tínhamos uma mania. Veja que mania: Vizinho ao nosso quarto de moças e não vou dizer os nomes, pois são conhecidas. De noite a gente ficava esperando elas fazerem xixi para ouvir o som no urinou, pois ficávamos excitados com o som do xixi”. Quando Gilvan foi candidato a governador, Hugo lembrou o fato ao amigo. “Se você me encher a paciência eu conto a história do xixi”.

Depois de algum tempo resolve mudar de colégio e decide ser aluno do Atheneu. “Naquela época tinha de fazer concurso para entrar no ginásio. Me preparei para o exame recebendo aulas da professora dona Rute que ainda hoje existe e quando encontro com ela na rua, me beija muito”.

Seu primeiro emprego

“No primeiro ano que entrei no Atheneu, o meu professor de português era o José Olino de Lima Neto. O professor passou uma prova de redação com o título: São João no interior. Era a prova do meio do ano. Tínhamos essa prova no meio de junho e a do fim do ano. Quando eu voltei da das férias, disseram-me que o diretor queria falar comigo. Eu não conhecia o diretor, que era Joaquim Sobral. Fui ao seu gabinete com o Manuelzinho que era um bedel antigo. Quando cheguei lá Joaquim me perguntou: Menino de onde você é? Sou de Propriá. Quem é seu pai? Não tenho. Quem é sua mãe? Não tenho. Olha, o professor José Olino me disse que a sua prova foi a melhor do colégio inteiro que tem três mil alunos. Eu quero lhe dar um emprego. Você aceita?”

Com a carta de apresentação do professor Joaquim Vieira Sobral para Reinaldo Oliveira, do Diário Oficial, Hugo Costa depois de passar por um ditado, com o teste de verificação das suas qualidades, recebe o emprego de revisor. “Fui funcionário Público aos 14 anos. Não tinha idade para isso, pois teria de ter 18 anos”.

Sua entrada no Sergipe Jornal

Através de José Carlos Oliveira que escrevia sobre futebol, Hugo Costa é levado par ser revisor do Sergipe Jornal. Depois de um bom tempo de revisor, acontece a viagem do diretor do jornal. “O pai de Luiz Eduardo Costa que era o dono e diretor do jornal, além de ser advogado e promotor público, não me conhecia. Entrava e dava um bom dia. Necessitando ausentar-se do Brasil indo para um congresso na Argentina, Paulo Costa que escrevia uma coluna publicada na primeira página com o título: Não está certo, antes de viajar aprontou 15 colunas correspondentes aos dias de ausência. Passou mais tempo e o pessoal da redação passou a reprisar suas colunas. Ninguém ousaria fazer a coluna do diretor do jornal. Eu achei que estava reprisando demais e fiz meia dúzia delas, sem o chefe da oficina perceber que tinha feito. Ninguém notou isso e quando o Paulo Costa voltou, um dia foi lá saber quem tinha feito aquelas colunas. O gerente ficou todo se tremendo, dizendo que não sabia de nada. Terminou para mim que era quem guardava as colunas. Aí eu disse a verdade. Ele me disse que não acreditava e que eu não tinha cara de ter feito a coluna, e que alguém escreveu em meu lugar”.

Hugo Costa foi forçado a provar sua aventura de colunista escrevendo sobre três assuntos na presença de Paulo Costa num ambiente afastado do jornal, no escritório de representações que Paulo tinha com o nome de “A Carneiro”, instalado na Rua de Larajeiras. “Fiz os temas dados na hora. Ele leu e quando acabou me pediu para fosse com ele até o jornal e que deixaria de ser revisor e passaria a ser diretor. Fui diretor do jornal por 15 anos”.

Do grande amigo Paulo Costa

Hugo conta que daí por diante Paulo Costa passou a ser um grande amigo e foi quem incentivou a fazer o curso de Direito. “Quando fiz advocacia fui trabalhar em seu escritório. Paulo Costa foi o meu grande mestre no jornalismo a na advocacia. E ao contrário do que muita gente pensa não era meu parente”.

Matéria publicada no JC em 08/07/1990.

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Hugo Costa: a arte de escrever e de viver (II)

Hugo comenta seus trabalhos

Por Osmário Santos

Eu sempre fui uma pessoa que procurei usar uma linguagem moderna. Termo chulo, não uso nem falando. Sempre procurei ser um estilista no texto, pois sou um leitor dos grandes autores.

Encontramos na mesa da sala, um livro de Maquiavel e perguntamos como estava a leitura. “Maquiavel, sempre... e quando chega o período de eleição a gente tem que fazer uma revisão. Por exemplo: Eu acho que Maquiavel deve ter sido o inspirador deste acórdão maquiavélico, Maquiavel sempre está presente no mundo político.

O político tem muito medo da imprensa escrita. A imprensa televisada, a notícia vai embora: o rádio esquece; o jornal, por ser documento, é temido. O candidato concorre a um cargo e vinte anos atrás ele deu um desfalque, foi envolvido num escândalo, vendeu, comprou calcinhas. A imprensa escrita apesar de atingir um menor número de pessoas, é um documento e tudo fica guardado. Sempre procurei fazer uma crítica e nunca, jamais, penetrei na vida íntima das pessoas. Sempre fiz no exercício do mandato, pois nós todos temos o direito de criticar uma pessoa que está lá porque fomos nós que colocamos.

Hugo e os seus famosos discursos

“Fiz discursos para muitos políticos, ocupantes de cargos e isso não é nada demais. É uma coisa que acontece em todas as partes do mundo. Eu sou redator de discursos e se fosse um governador iria contratar alguém para isso. Quando uma pessoa está num exercício de um cargo, cheio de agenda, de preocupações, não tem condições para escrever.

Fiz para muitos governadores, prefeitos, deputados. Me lembro que certa vez eu fiz num mesmo dia dois discursos: um prefeito do interior queria homenagear o governador. Então ele pediu ao governador que conseguisse um discurso para ele. Aí eu fiz o discurso para o prefeito, elogiando o governador. Fiz o do governador agradecendo ao prefeito e fiz a reportagem sobre a inauguração para o jornal. Soltava o foguete e apanhava flecha.

A maior dificuldade, que Hugo encontrou na elaboração de um discurso, foi no atendimento a uma solicitação do seu dentista: “Um discurso para uma faculdade de Odontologia é um negócio muito complicado, em todo caso, você me arranja uns dois ou três livros de odontologia, tudo complicado dos livros. Então o reitor, que na época era o Dr. Aloísio Campos, quando ele terminou o discurso disse; “professor, eu sou reitor há vários anos e nunca ouvi um discurso tão bem feito igual ao seu”.

Nas campanhas políticas

“Na última campanha política, fiz todos os discursos de Seixas Dórea para aTV. Em princípio alguém poderia dizer que foi mentira, considerando que Seixas Dórea é sem a menor dúvida um dos maiores oradores políticos que Sergipe já conheceu até hoje. Seixas saía de casa às seis horas da manhã e voltava às duas horas, não tinha tempo para os seus discursos.

O lado do editorialista

“Eu já fiz muitos editoriais para serem publicados num determinado jornal, não vou dizer o nome pelo lado ético da coisa.

Um determinado jornal publica um editorial criticando duramente o governo. Aí o governador diz: “eu quero fazer a resposta, mas eu quero no mesmo local”. “Eu faço o editorial desmentindo o que o outro disse e sai no dia seguinte no mesmo lugar. Problema é da relação do governo. Não sou eu que vou ao jornal. Em Sergipe, o maior anunciante é o poder. Todas as empresas tiram o chapéu e não tem jeito para não tirar, pois nós não temos um mercado de publicidade para garantir o funcionamento da imprensa sem o poder público.

O Hugo e a academia de letras

“Uma vez fui convidado para entrar na Academia e o dono da vaga ainda estava vivo. Eu não aceitei por causa disso. O presidente da Academia foi me convidar com um grupo de acadêmicos, dizendo que eu era a arma que eles tinham encontrado para evitar a entrada das mulheres na Academia. Essa mulher que queria entrar na Academia e terminou entrando, era Núbia Marques. Hugo respondeu aos imortais; “Não quero concorrer. Primeiro sou a favor da entrada das mulheres. Segundo Núbia é uma grande escritora e merece entrar. Terceiro, e a vaga? “A vaga é de companheiro nosso, porém já está desenganado, ele morrerá dentro de poucos meses. Hugo Costa ficou indignado com o fato. “Achei um mau caratismo sem limites, alguém me convidar para ocupa a vaga de uma pessoa que ainda estava viva”.

O Hugo e as comendas

“Vou dizer o seguinte: tem um vereador, vou até dar o nome: Marcélio Bomfim. Há dois anos luta comigo, para me dar o título, pela Câmara de Vereadores, de cidadão de Aracaju. Me garante que o título sairia com unanimidade, só faltando os dados biográficos de minha vida. Eu acho muito esquisito para mim, receber títulos festivos. Uma coisa que não combina muito comigo”.

Como o Hugo enfrenta as pedradas

Não levo muito em consideração este assunto, porque eu não costumo cortejar a popularidade. Toda popularidade me parece artificial e fútil, além de passageira. Hoje você vê Maradona levando pedradas por todos os lados, só porque fez gols. Na minha área, eu sempre fiz gols, por isso é natural que receba pedradas. Como sempre fui uma pessoa que agitei e continuo agitando muitas coisas, esse tipo de pessoa causa descontentamento a algumas pessoas, e causa inveja a outras. Eu nunca na minha vida, amigo de políticos como eu sou, eu nunca ocupei um cargo, que não fosse por concurso. Para mim, nunca pedi nada. Não devo um centavo a bando nenhum, a cidadão nenhum. Não compro fiado a ninguém, tudo meu é de primeira. Só bebo whisky importado. Ballantines, só ando no luxo, pois eu gosto mesmo. Já contei que nasci na pobreza extrema. Hoje eu vivo às custas do meu trabalho. Não ganhei na loteria, não casei com moça rica, nunca recebi um centavo de nada que não possa comprovar. Nunca ocupei nenhum cargo público que eu tivesse verba na minha mão para desviar. Todo o meu dinheiro é resultado do trabalho. Eu sou aquele cara que sabe ganhar e sabe gastar. Como vivo bem, devo causar grandes transtornos e muita gente que quer e não pode.

Hugo fala do movimento cultural de Aracaju

“Vai muito mal. Sem dinheiro, nenhum movimento cultural vai pra frente. Não há verbas para isso. Estou sabendo que a RTA que é a emissora cultural do governo do Estado, não tem condições de fazer uma reportagem na rua sequer. Como é que o governo tem um programa cultural e não cuida de dotar a sua emissora de condições técnicas para acompanhar esse movimento cultural? Para documentar, instrumentalizar essa cultura, para tornar essa cultura accessível às pessoas através do maior recurso que existe modernamente no mundo, que é a televisão.

Hugo nunca pensou em epitáfio

Nunca pensei em epitáfio. Acho uma coisa muito drástica sabe? Nesse sentido, vou dizer uma coisa: sou uma pessoa que não penso em morte, pois penso que viverei eternamente...

Hugo, a solidão e os amores

Amor de número um é o que tenho pelos meus filhos. Nunca fui um solitário. Solitário é quem vive só. Eu moro só, que é diferente. Amor sempre existiu no mundo. Quando a pessoa perde a capacidade de amar, morreu também. Quanto ao problema de amor no sentido que se trata da relação homem/mulher, no meu entender sempre é uma coisa que requer reserva, requer discrição e requer uma proteção para que ele continue existindo.

Hugo e religião

Religião, não tenho. Eu fiz tudo para ser religioso. Fui criado no terrorismo da Igreja Católica. Quando fiz a primeira comunhão, a professora em Propriá, dona Rosinha dizia que se a gente tocasse com a língua na hóstia no céu da boca, a gente ia para o inferno. Para mim, o dia da minha primeira comunhão foi um dia de terror, pois fui para a Igreja com aquele medo e tudo que eu temia aconteceu. A hóstia grudou no céu da boca e eu tive de tirar ela com a língua.

Sou uma pessoa bíblica, tenho a Bíblia, leio a Bíblia. Acho o livro mais belo que se escreveu no mundo. Para mim o meu modelo, minha filosofia de vida, são os salmos, as conceituações bíblicas, pois até hoje, mais de 200 anos depois ninguém conseguiu escrever nada mais belo que o texto bíblico.

Hugo e o seu humor

Acho que sou um humorista nato. Se não tivesse seguido essas profissões que tenho, poderia ser humorista. Tenho uma capacidade de ver humor em tudo, até na tragédia.

Hugo compositor

Não existe, porque a composição musical requer uma elaboração. Não é só você de repente dizer que fez uma música, tem que burilar, de cuidar e uma consequência que é gravar, ser executada. Tem de ter uma dedicação total. Devo ter composto uma média de 200 músicas e hoje não me lembro de 20 e não tenho saudades. Nós vivemos numa região onde o compositor faz as músicas e elas se perdem e não acontece nada.

Hugo e seu projeto de vida

“Meu grande projeto, até hoje não consegui realizar. Eu acho que nasci para ser escritor e até hoje não consegui, mesmo porque, nesta altura dos acontecimentos, também não poderia fazer um projeto de escritor. Eu não poderia ser, pois no Brasil o escritor normalmente não consegue viver dos seus escritos. No Brasil só temos um escritor que vive de escrever que é Jorge Amado. Assim mesmo não é do direito autoral do livro. É da novela, do filme.

Hugo, o final da reportagem e a história do general

“Eu queria dizer, que gosto muito de repórteres inteligentes, como você. Gosto de coisas assim, informais como essa reportagem que está fazendo agora. Para mim, respondo a qualquer pergunta que me for feita. Só gosto de fazer entrevistas assim.

Para mim a entrevista mais importante, foi a que fiz com o general Djenal Tavares de Queiroz. Todos os outros políticos quando eu ia entrevistar em rádio, televisão, eles queriam combinar antes as perguntas. Queriam evitar que falássemos deste assunto, daquele e daquele outro. Eu entendia, pois afinal de contas a gente tem de ser cordato com o entrevistado. No dia que fui entrevistá-lo, eu disse a ele: General, quais os assunto que o senhor não responde? “Respondo a qualquer um”. Fiz uma pergunta super drástica para ele, pois sabia que uma vez ele tinha mandado um jornalista engolir uma página de um jornal, por ter feito uma crítica a ele. Perguntei no ar. O jornalista era um doador de sangue, ele era conhecido por Movimento, aqui em Aracaju.

Só escrevia sobre esporte. Fez um artigo esportivo sobre o time do general e parece que não agradou o general. Aí o general, que era secretário de Segurança, mandou chamá-lo. E eu perguntei: é verdade, que o senhor o fez engolir o jornal: Ele engoliu, mas, não fui eu que fiz, foram os meus amigos”.

Tem uma piada que diz que o Movimento que era uma pessoa bem humorada, na hora de engolir a página do jornal, ele disse: “general, o artigo aqui desse lado eu fiz, mas do outro lado tem uma propaganda de um trator da Casa da Lavoura. Sou obrigado a engolir o trator também.

Texto reproduzido do site: infonet.com.br/osmario

Foto de Hugo: arquivo de Jorge Lins

Foto de Hugo com Gwendolyn Thompson: reproduzida do
Facebook/MTéSERGIPE/Gwendolyn Thompson.

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