O consagrado artista sergipano Cícero Alves dos Santos, mais
conhecido como Véio,
foi premiado no Prêmio Itaú Cultural na categoria CRIAR.
Foto: Kadydja Albuquerque.
Biografia.
Cicero Alves dos Santos (1948, Nossa Senhora da Glória,
Sergipe). Escultor. O apelido vem de sua preferência desde a infância de estar
com pessoas mais velhas para ouvir suas histórias. Autodidata, se interessa
desde o início de seus trabalhos pelo universo do folclore nordestino e pela
vida dos sertanejos.
Após utilizar a cera de abelha e o barro como materiais para
as primeiras experiências com a escultura, o artista dedica-se ao uso da
madeira como matéria-prima de seus trabalhos, aproveitadas de derrubadas e
loteamentos abertos nas matas de Sergipe, que iriam ser descartadas. Além
disso, parte da renda obtida com a venda de suas obras são destinadas a
preservação da mata local.
Além de ter os costumes e a cultura sertaneja como temas
centrais de sua obra, uma característica marcante é o longo comprimento das
pernas e dos braços das esculturas.
Ao lado de sua casa, o escultor cria o Sítio Soarte (Museu
do Sertão), onde recria o modo de vida sertanejo através de obras como A Casa
de Farinha, A Casa de Profissões e Igreja. No Sítio, suas obras ficam expostas
ao ar livre, sob os efeitos do sol e da chuva, por escolha do escultor que
acredita que as peças não devem ser preservadas para a posteridade - o sítio é
um ambiente os as peças nascem e morrem, segundo Veio.
Véio tem obras em diferentes acervos como a Pinacoteca do
Estado de São Paulo (Pina), o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ)
e o Museu de Arte do Rio (MAR). Participa de exposições nacionais e
internacionais como a mostra coletiva Teimosia da Imaginação (2012), no
Instituto Tomie Ohtake e da 56ª Bienal de Veneza, na Itália (2014).
Segundo o crítico de arte Rodrigo Naves, Véio fez da
preservação da memória de seu povo a razão de sua existência, em um ambiente
tão dinâmico, proporcionado pelas famosas feiras da região, o artista é criador
de uma categoria diferente de arte, que mistura a “arte popular” com cores
fortes e industriais, distantes da natureza.
Em 2016, realiza a exposição Cícero Alves dos Santos: Véio,
organizada pelo Instituto do Imaginário do Povo Brasileiro, na Galeria Estação,
em São Paulo.
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